Brasil

Diferença salarial entre homens e mulheres aumentou desde 2022

Números expõem a incapacidade dos identitários de resolver os problemas reais das mulheres no mercado de trabalho

Na última segunda-feira (7), um relatório divulgado pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE) revelou que as mulheres brasileiras receberam, em média, 20,9% a menos que os homens em 2024, com base em dados de mais de 53 mil empresas com 100 ou mais empregados. O número marca um aumento na disparidade salarial em relação a 2022, quando a diferença era de 19,4%, e uma leve alta frente a 2023, com 20,7%.

A pesquisa analisou 19 milhões de empregos, um milhão a mais que no ano anterior, e apontou que os homens têm remuneração média de R$4.745,53, enquanto as mulheres recebem R$3.755,01. Para mulheres negras, o valor cai a R$2.864,39, uma diferença de 52,5% em relação aos homens não negros, ante 49,7% em 2023.

Entre profissionais com ensino superior, a disparidade chega a 31,5% para mulheres com diplomas, comparadas a homens com o mesmo nível de escolaridade. Apesar disso, a participação feminina no mercado de trabalho cresceu, passando de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024, um aumento de 6 milhões de vagas ocupadas por mulheres.

Entre os homens, o crescimento foi de 5,5 milhões, alcançando 53,5 milhões em 2024. O relatório estima que, se houvesse igualdade salarial nas mesmas funções, R$95 bilhões teriam sido injetados na economia no último ano.

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, declarou: “desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho do cuidado à mentalidade de cada empresa, que precisa entender que ela só irá ganhar tendo mais mulheres compondo sua força de trabalho, e com salários maiores”. Subsecretária de Estatísticas do Trabalho do MTE, Paula Montagner, afirmou: “essa relativa estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, uma vez que o número delas no mercado de trabalho é crescente”. Os dados mostram que a proporção dos rendimentos das mulheres na massa salarial total subiu de 35,7% em 2015 para 37,4% em 2024, mas a desigualdade persiste.

O levantamento destacou avanços, como a redução de empresas com menos de 10% de mulheres negras contratadas, de 21,6 mil em 2023 para 20,4 mil em 2024. O número de mulheres negras empregadas saltou de 3,2 milhões para 3,8 milhões no período. Além disso, cresceu o número de estabelecimentos onde a diferença salarial entre homens e mulheres é de até 5%.

Os estados com menores disparidades foram Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e o Distrito Federal. Segundo o IBGE, em 2024, a taxa de ocupação feminina atingiu 47,2%, contra 65,1% dos homens, evidenciando maior presença feminina, mas com remuneração inferior.

Os números expõem a incapacidade das políticas identitárias de resolver os problemas reais das mulheres no mercado de trabalho. A luta por salários iguais para funções iguais exige mobilização direta das trabalhadoras, superando promessas vazias e medidas paliativas que não alteram a situação de opressão da mulher.

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