Banco Master

Diante da fraude, é preciso estatizar o sistema financeiro

O problema reside na própria natureza especulativa do sistema

A crise no Banco Master, cuja intervenção foi decretada na semana passada pelo Banco Central, supera todas as anteriores, incluindo as famosas do Bamerindus, Nacional e Econômico nos anos 90, em volume de recursos. É, portanto, um sintoma claro da crise do próprio sistema financeiro, o setor mais parasitário e lucrativo da economia nacional.

O conglomerado Master possuía R$86,396 bilhões em ativos e R$62,2 bilhões em depósitos passíveis de cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Este volume de depósitos sob risco é inédito e impõe um desafio sem precedentes ao FGC, que atua como “seguro” do sistema. 

A intervenção ocorreu como resultado da investigação que apontou fortes indícios de gestão fraudulenta, levando à prisão do dono do banco, Daniel Vorcaro.

O esquema de fraude bilionária envolveu a emissão de títulos da ordem de R$50 bilhões em certificados de depósito bancário(CDBs), com o banco prometendo juros acima do mercado, sem comprovar liquidez futura.

O Master abusou da criação de ativos inexistentes: para simular liquidez e inflar seu patrimônio, comprou da empresa Tirreno, carteiras de créditos, cuja existência não foi confirmada, e o Master não efetuou pagamento.

Em seguida, o banco revendeu esses créditos inexistentes ao Banco de Brasília(BRB). O BRB pagou R$12,2 bilhões para “socorrer” o caixa do Master, em uma transação sem documentação. O valor incluía R$6,7 bilhões pelas carteiras e R$5,5 bilhões como “prêmio”. No total, as operações entre julho de 2024 e outubro de 2025 resultaram na transferência de R$16,7 bilhões do BRB para o Master.

Essas operações evidenciaram os vínculos do Master, assim como ocorre com os demais, com as máfias políticas. 

A atuação dos dirigentes do BRB, um banco público, é um ponto crucial da crise. Com o apoio do governador Ibaneis Rocha(MDB), o BRB tentou comprar o Master, mas foi barrado pelo BC. O Ministério Público Federal (MPF) apontou “indícios de participação consciente dos dirigentes do BRB no suposto esquema fraudulento“.

O MPF apura as razões pelas quais o BRB desconsiderou irregularidades graves, reforçando a suspeita de que buscou “amparar o Banco Master em sua crise de liquidez“. Os gestores do BRB são investigados pelo crime de “gerir fraudulentamente instituição financeira”, previsto na Lei 7.492/86. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do comando da instituição.

A menos de um ano das eleições, é devido suspeitar, e muito, que as denúncias tenham o propósito de favorecer setores poderosos na briga de máfias da política burguesa e, mais ainda, dos poderosos conglomerados financeiros que, diante da crise, vêm buscando atacar setores mais débeis, como as fintechs, com denúncias de sua suposta vinculação com setores do crime organizado.

Esses monopólios, entre outros roubos, levam cerca de metade do orçamento público, a título de juros, serviços e amortização da fraudulenta dívida pública, com taxas extorsivas que também paralisam a economia nacional (leia mais na pág. 4), estão expondo, ainda que de forma inicial, a crise do setor, provocada pela ladroagem, com a multiplicação de golpes e pela inadimplência que atinge mais de 70% das famílias, empresas etc. Toda sociedade está asfixiada pela rapinagem dos bancos.

Não se trata de uma crise local, mas do esgotamento do próprio capitalismo, cada vez mais parasitário.

Diante da crise, lançam mão do dinheiro da população garantido por “seguros” como o FGC, que resultam em fraudes bilionárias e risco sistêmico.

O problema reside na própria natureza especulativa do sistema.

Como em outras grandes crises bancárias, é o povo quem paga a conta, seja por meio da mobilização de recursos do FGC, seja pela exposição de bancos públicos como o BRB a operações fraudulentas. Para dar fim à “roubalheira” e à instabilidade inerente a esse modelo, a única solução é a estatização de todo o sistema financeiro, sob o controle dos trabalhadores e da sociedade. Somente assim os recursos financeiros serão direcionados para o desenvolvimento do país e o bem-estar da população, em vez de servirem à especulação e ao lucro de uma minoria.

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