Um deslizamento de terra na região de Darfur, no oeste do Sudão, matou mais de 1.000 pessoas e destruiu uma vila inteira, de acordo com um grupo rebelde que controla a área. O Movimento/Exército de Libertação do Sudão (SLM/A) emitiu um comunicado na noite da terça-feira (2) relatando o desastre na área das Montanhas Marra em Darfur.
O SLM/A afirmou que o deslizamento ocorreu no domingo, após dias de chuvas intensas na área, e a vila de Tarasin foi “completamente arrasada”, deixando apenas um sobrevivente.
“A informação inicial indica a morte de todos os residentes da vila, estimados em mais de mil indivíduos, com apenas um sobrevivente”, disse o grupo em um comunicado.
O SLM/A também apelou à Organização das Nações Unidas (ONU) e a agências de ajuda internacional por assistência para recuperar os corpos das vítimas, incluindo crianças.
O Conselho Soberano, órgão governante do Sudão, lamentou “a morte de centenas de moradores inocentes” no deslizamento de terra nas Montanhas Marra. Em um comunicado, disse que “todas as capacidades possíveis” foram mobilizadas para apoiar a área.
Mohamed Vall, correspondente da emissora catariana Al Jazeera, disse que fontes o contaram sobre a dificuldade em conseguir ajuda para recuperar os corpos das pessoas que foram soterradas após o deslizamento de terra e dá-las um enterro adequado.
“Isso vai levar muito tempo e talvez nem mesmo aconteça se não houver equipes internacionais especializadas nesse tipo de atividade”, disse ele.
A área afetada não pode ser alcançada de carro ou qualquer outro meio de transporte terrestre, e é por isso que as pessoas muitas vezes procuram abrigo nesta região montanhosa em tempos de guerra, acrescentou Vall.
“Essas vilas são na verdade numerosas e estão cheias de gente. Algumas delas são deslocados de outras partes de Darfur.”
“Eu estive lá e vi a miséria, o isolamento, a pobreza extrema das pessoas vivendo com o mínimo, embora a terra seja fértil, com plantas cítricas e água abundante, mas eles não têm relação com a civilização e isso torna a agricultura muito difícil”, disse Vall, acrescentando que “outros meios de sobrevivência são basicamente impossíveis, não há escolas, não há vestígios de governo nessa área”.
A notícia do desastre surge no momento em que a guerra civil em curso no Sudão, agora em seu terceiro ano, mergulha o país ainda mais em uma das piores crises humanitárias do mundo, com a fome já declarada em partes de Darfur.
Pessoas que fugiam dos confrontos entre o exército sudanês e a Força de Apoio Rápido (Rapid Support Forces – RSF), um grupo paramilitar, no estado do Norte de Darfur, procuraram abrigo nas Montanhas Marra, e a comida e medicamentos estavam em falta, relatou a agência de notícias Reuters.





