No artigo Queime fósseis, o planeta a gente vê depois, publicado pela Folha de S.Paulo, o jornalista Nicola Pamplona dá uma grande demonstração de como o imperialismo faz de trouxa aqueles que se dizem ativistas em prol do meio ambiente. Decepcionado com a monarquia da Noruega (isso mesmo, a heroína dos ecologistas é uma monarquia), o autor diz:
“A petroleira norueguesa Equinor anunciou na semana passada corte de 50% em seus investimentos em energias renováveis, o que reforça a expectativa de uma nova onda de recuos do setor em relação a planos de transição energética.”
Continuando o seu lamento, Pamplona acusa os britânicos do mesmo “crime”:
“No fim de 2024, a britânica BP já havia feito anúncio parecido e no início do ano, a Shell paralisou projetos de hidrogênio verde e eólicas offshore. Em geral, elevados custos das novas tecnologias e maior foco em retorno aos acionistas são citados como justificativas.”
Pamplona descobriu agora que as grandes petroleiras amam mais o dinheiro que o meio ambiente. Antes, Pamplona acreditava que, mesmo que elas tenham sido responsáveis pela destruição de um país inteiro – o Iraque -, as petroleiras se importavam com a preservação dos ursos polares. Ora, faça-nos o favor…
Nisso, o autor está certo: Shell, a monarquia norueguesa e BP não estão preocupados com o meio ambiente. No entanto, cabe a pergunta: por que, então, essas mesmas empresas estavam fomentando a ladainha da transição energética? Isso, o autor não é capaz de explicar.
O motivo, no entanto, é muito simples. Os grandes monopólios do petróleo – e os governos controlados por ele – estavam em campanha contra os combustíveis fósseis porque as maiores reservas de petróleo do mundo não estão sob o seu controle. Isto é, o petróleo continuar sendo explorado em todo o planeta, isso levará ao enriquecimento de países e e de empresas que não fazem parte do circuito imperialista.
A Noruega, o Reino Unido e a França nunca estiveram interessados no fim da exploração do petróleo. Apenas estão tentando impedir que países como a Venezuela, a Rússia e o Irã façam do petróleo um meio para se desenvolver e, assim, ameaçar a dominação econômica dos monopólios.
Como Nicola Pamplona é incapaz de fazer esse balanço, ele é também incapaz de abandonar a mesma política idiota que vinha seguindo. Os países imperialistas estão explorando o petróleo e até outras formas mais poluentes, como o carvão, porque há uma crise política mundial. Não há tempo a perder com demagogia. O imperialismo é plenamente consciente de que está sendo travada uma luta pela dominação do planeta, e essa luta é muito mais decisiva do que as especulações, até hoje nunca comprovadas, acerca da relação entre a queima do petróleo e o aquecimento do planeta.
Da luta entre o imperialismo e os países atrasados, que lutam para se desenvolver, pode resultar um saldo de dezenas de milhões de mortos. O genocídio na Palestina é apenas uma demonstração do que o imperialismo está disposto a fazer.
Que Nicola Pamplona vá nos desculpar, mas a humanidade tem problemas muito mais urgentes para lidar.