Após mais de 500 dias governando o Equador sob estado de sítio, o presidente Daniel Noboa sofre uma grande derrota com a rejeição popular no referendo de 16 de novembro de 2025, que reafirmou o voto de “não” em todas as quatro perguntas submetidas à consulta popular.
No referendo, às propostas mais duramente rejeitadas foram a permissão para instalação de bases militares estrangeiras no território equatoriano (60,64% contra) e a convocação de uma Assembleia Constituinte para reformar a Constituição (61,65% contra). Também foram derrotadas as propostas para eliminar o financiamento público aos partidos políticos (58% contra) e reduzir o número de integrantes da Assembleia Nacional (53,47% contra).
O resultado revela o descontentamento generalizado da população com as medidas do governo que atentam contra a soberania nacional e os direitos conquistados. O governo Noboa, que mantém estado de sítio há mais de 500 dias, controlando os direitos democráticos da população sob o pretexto de combater a violência e o crime organizado, encontra-se mais isolado diante da população. Uma demonstração, inclusive, de que sua atuação repressiva expressa uma ditadura, uma política anti-popular. Trata-se, afinal, de uma política para sufocar opositores e manter sua aliança com interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos, interessados em instalar bases militares no país.
Para a maior organização de índios do Equador, a Conaie, a vitória do “não” é uma demonstração de que o povo está unido contra os abusos e ameaças aos seus direitos fundamentais e ao país, que rejeita fechar os olhos para as tentativas de entrega da soberania a ingerência estrangeira potências externas e para a destruição dos direitos dos índios e ambientais.
Nesse sentido, o referendo expressa uma crise do regime apoiado pelo imperialismo que, ao perder o respaldo popular, deve recorrer a uma repressão ainda mais dura para preservar o regime.





