O deputado Mohammad Raad, líder do bloco parlamentar Lealdade à Resistência do Hesbolá, afirmou à TV Al-Manar que a pressão dos Estados Unidos e de “Israel” para estabelecer um cronograma que imponha exigências ao governo libanês ocorre porque “o tempo não está a favor deles”. Segundo ele, “a presença da resistência é o que realmente os incomoda” e a decisão de desarmá-la expõe o país à instabilidade interna e à interferência israelense.
Raad declarou que, na última terça-feira (6), diplomatas, sob pressão dos Estados Unidos, entraram em contato com figuras políticas para telefonar e parabenizar o presidente. Disse que o Estado pode, com suas próprias capacidades, garantir autoridade, mas não pode enfrentar o inimigo. Segundo ele, as armas da resistência protegeram o Líbano entre 1982 e 2025, libertaram o país, criaram equilíbrio de dissuasão e impediram o avanço do projeto expansionista inimigo.
O parlamentar classificou a decisão como “apressada e perigosa”, afirmando que ela expõe a soberania e abre caminho para a instabilidade interna. “Entregar as armas é entregar a nossa honra. Entregar nossas armas é suicídio, e não pretendemos cometer suicídio”, disse, acrescentando que pediu garantias para implementar as cláusulas do documento apresentado pelos EUA, mas nenhuma foi dada. Ele afirmou apoiar que as armas fiquem sob controle do Estado quando este tiver capacidade de forçar a retirada da ocupação e proteger o país.
Raad relatou ter questionado autoridades sobre a possibilidade de novas exigências israelenses após o desarmamento. A resposta, segundo ele, foi: “Quando chegar a hora, veremos”. Alertou que, sem garantias, a responsabilidade pelas consequências recai sobre quem tomou a decisão. Para ele, a medida foi acelerada por pressões externas e contou com intervenção de um enviado norte-americano e de outros com influência na autoridade libanesa. “Os que contribuíram para aprovar o desarmamento ou são tolos, ou agiram de forma irresponsável, ou cometeram um erro que nos empurra para escolhas difíceis”, disse.
Sobre a permanência do Hesbolá no governo, afirmou que ainda não há decisão e que a medida ameaça a paz civil. Criticou a dependência das Forças Armadas de recursos estrangeiros e explicou que o cessar-fogo aceito pelo grupo ocorreu após impedir avanços israelenses no campo de batalha, visando preservar a parceria nacional. Lamentou que o debate sobre as armas não tenha sido adiado até a definição de uma estratégia de defesa.
Em comunicado, o bloco Lealdade à Resistência classificou o momento como um dos mais perigosos da história recente do Líbano, citando ameaças à soberania, ao território e à economia.





