'Israel'

Demissão de chefe da Shin Bet revela crise no Estado sionista

Suprema Corte suspendeu decisão que demitiu Ronen Bar, aumentando a crise

Na última quinta-feira (20), o gabinete do governo do primeiro-ministro sionista Benjamin Netaniahu esteve reunido para votar pela demissão de Ronen Bar, diretor do Shin Bet, o Serviço de Inteligência de “Israel”. Esta é a primeira vez na história que o governo demite um líder desta agência, algo que ocorre, inclusive, num momento em que o Estado sionista rompeu o acordo de cessar-fogo com o Hamas e voltou com a ofensiva genocida contra o povo palestino.

Em carta pública, Bar afirmou que o processo que estava sendo conduzido não estava de acordo com as disposições e regras legais, que as acusações eram vagas, que não teve o direito de se defender e que a demissão não possui fundamentação alguma.

De acordo com a imprensa israelense, durante a reunião, Netaniahu teria dito que não confia em Bar depois da vitoriosa Operação Dilúvio de al-Aqsa ocorrida em 7 de outubro de 2023, e que o diretor seria fraco para estar adiante do Shin Bet.

A desconfiança do primeiro-ministro israelense, no entanto, é colocada em dúvida por Ronen. Na mesma carta, pontuou que o recente acordo de libertação de prisioneiros se concretizou devido a uma operação conduzida pessoalmente por ele, com o conhecimento e aprovação de Netaniahu. Ele conclui dizendo que a “desconfiança não tem fundamento – a menos que a verdadeira intenção, que aparentemente não compreendi, fosse a de conduzir negociações sem chegar a um acordo efetivo”, e aponta que o afastamento dele e do diretor do Mossad das mesas de negociação do acordo de cessar-fogo impediu o avanço da troca de prisioneiros, o que segundo ele, a Shin Bet mantinha o interesse de continuar.

Na carta, Bar também aborda a grande crise que o regime sionista vive, o que é escondido pela imprensa imperialista que apoia o genocídio. Ele cita que a sua demissão ocorre num momento que ainda há 59 prisioneiros que estão em Gaza, que o Hamas não foi derrotado e que o Irã ainda pode entrar profundamente em “Israel”.  Ele finaliza afirmando que é desconcertante que, diante dessas circunstâncias, o governo acabe se enfraquecendo internamente.

Em nota, o Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas, comentou a nota de Ronen Bar, ressaltando que ela expõe que Netaniahu é o maior obstáculo para o acordo de cessar-fogo alcançado em janeiro deste ano, pois, através de suas manipulações, criou negociações formais apenas para ganhar tempo sem nenhum interesse de que houvesse algum resultado de fato.

A organização palestina pede para que os membros do governo norte-americano deixem de culpar o Hamas por não cumprir o acordo de cessar-fogo e da troca de prisioneiros e apontem o dedo para o primeiro-ministro do Estado sionista, que é, de fato, o responsável. O partido palestino concluiu reafirmando o interesse da organização de libertar os prisioneiros, mas que o caminho para isso é o fim das agressões sionistas e o retorno das negociações.

Confira, abaixo, a nota do Hamas na íntegra:

“As declarações do chefe do Shin Bet revelam a manipulação deliberada do criminoso Netaniahu nas negociações, seus esforços para sabotar qualquer acordo e, em seguida, para interrompê-lo uma vez alcançado, visando seus próprios objetivos políticos.

Essas confissões vindas da liderança da ocupação confirmam que Netaniahu foi e continua sendo o verdadeiro obstáculo para qualquer acordo de troca.

As tentativas de Netaniahu de excluir figuras influentes da segurança das negociações refletem sua crise interna e o crescente déficit de confiança entre ele e seu aparato de segurança, revelando sua falta de seriedade em alcançar um acordo genuíno.

As declarações do chefe do Shin Bet confirmaram que Netaniahu procurou conduzir negociações formais apenas para ganhar tempo, sem alcançar resultados concretos.

Os funcionários dos EUA devem parar de culpar o Hamas por interromper os acordos e apontar o dedo para Netaniahu, que é diretamente responsável pelo sofrimento contínuo dos prisioneiros e de suas famílias.

Responsabilizamos o criminoso Netaniahu e seu governo extremista por prolongar o sofrimento de seus prisioneiros e de suas famílias. Enfatizamos que a única maneira de libertar os prisioneiros é interromper a agressão, retomar as negociações e implementar o acordo, livre de manobras políticas fracassadas.

Movimento de Resistência Islâmica (Hamas)

Sexta-feira: 21 de Ramadã de 1446 AH

Correspondente a: 21 de março de 2025

A demissão de Bar fez com que aumentasse uma nova onda de protestos de israelenses que são contrários à continuidade do genocídio, aumentando a crise interna que vive o regime sionista. O ponto alto da crise é que, na última sexta-feira (21), o Tribunal Superior de Justiça, a suprema corte israelense, emitiu uma liminar impedindo a demissão de Ronen Bar e impedindo que o governo entrevistasse novos candidatos para o cargo. A decisão se manterá vigente até a Corte analisar as petições contrárias ao afastamento, com prazo em 8 de abril. A Corte justificou sua decisão apontando que a demissão se dá por um conflito de interesses do primeiro-ministro com a agência, além do procedimento irregular que foi levado para a demissão.

O episódio expõe a grave crise do Estado sionista e expressa, também, a crise do imperialismo com a extrema direita sionista na questão do genocídio israelense. A Suprema Corte israelense não é, é claro, nenhuma defensora do fim do genocídio, pois, assim como toda Suprema Corte que existe ao redor do mundo, nada mais é que um braço do imperialismo.  A sentença que reverteu a demissão é uma medida do imperialismo de tentar voltar a ter o controle da situação e evitar que a crise política em “Israel” aumente e abra ainda mais o caminho para a vitória definitiva do Hamas.

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