O editorial da Folha de S.Paulo sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), intitulado Julgamento de Bolsonaro deve atestar solidez institucional, é mais uma peça de propaganda do regime golpista. Sob a capa de “atestar a solidez institucional”, o jornal da burguesia festeja a ditadura judicial que se impõe no Brasil.
Segundo a Folha, o processo contra Bolsonaro e generais seria um “marco histórico da redemocratização”. O jornal chega a afirmar que o STF cumpre o papel de garantir o Estado de Direito e que as Forças Armadas estariam finalmente se conformando ao seu “papel constitucional”. Em suas próprias palavras: “Cabe o regozijo, isso sim, com o fato de a conspirata não ter prosperado e de seus personagens terem sido alcançados pela Justiça — pela primeira vez em um país com triste passado de quarteladas.”
O que o jornal esconde é que o mesmo Supremo exaltado hoje foi o responsável por rasgar a Constituição em 2016, ao validar o golpe contra Dilma Rousseff, e por prender Lula em 2018 para garantir a vitória eleitoral da direita. A “conquista democrática” exaltada pela Folha é, na realidade, a consolidação da ditadura do Judiciário, que governa o país por meio de inquéritos secretos, arbitrariedades e sob a pressão aberta do imperialismo norte-americano — citado com naturalidade no editorial como ator legítimo do julgamento.
A farsa é completa quando a Folha apresenta a prisão de Bolsonaro como instrumento para conter “novas aventuras golpistas”. A extrema direita não se combate reforçando o poder dos próprios golpistas de toga e de farda, mas sim com a mobilização independente da classe trabalhadora. Transformar Bolsonaro em bode expiatório serve apenas para dar uma aura democrática ao regime podre que governa contra o povo.
Não há “solidez institucional” alguma. O que existe é a decomposição de um regime que depende do arbítrio do STF e do aval dos quartéis para se sustentar. Falar em “redemocratização” sob a batuta de Alexandre de Moraes e sob a chantagem do governo Biden é uma fraude grotesca.




