Política nacional

Não dá para defender a soberania nacional e o STF ao mesmo tempo

Pedir medidas efetivas em defesa da nossa soberania ao mesmo tempo em que apoia a ditadura de uma corte que é um verdadeiro partido do imperialismo é uma contradição em termos

No último dia 10, o sítio oficial do CST publicou um artigo intitulado Protestar contra o tarifaço de Trump! Barrar a extrema direita imperialista! defendendo nada menos que o STF, como fica explícito logo no primeiro parágrafo, no qual acusa o governo norte-americano de agir “tentando interferir no julgamento dos golpistas no STF”. Uma organização que se reivindica trotskista defendendo um instrumento do terror imperialista contra o povo já seria algo muito inovador, mas o CST não se contém e escreve mais:

“Trump se comporta como rei dos EUA e imperador do mundo, tratando a América Latina como ‘quintal’. Apoia o genocídio em Gaza, bombardeou o Irã e tenta controlar o canal do Panamá, buscando impor uma ‘nova ordem mundial’. Algo que gera mais desordem global.”

Em primeiro lugar, chama a atenção o fato do CST criticar Trump por gerar mais desordem global. Ao mesmo tempo que se reivindica organização revolucionária trotskista, o CST defende a estabilidade global, ou, em outras palavras, a estabilidade da ditadura imperialista. Já é uma coisa em si que depõe, contra qualquer tentativa do CST, de se apresentar como uma organização revolucionária, mas a coisa é pior.

“Agora [o governo Lula] investiu em negociações infrutíferas sobre as tarifas com a Casa Branca. Apostou num ‘multilateralismo’ capitalista, vinculado a potências imperialistas como a China e Rússia, que não deu certo. Rússia e China nada fizeram para defender o Irã, que integra os BRICS, dos bombardeiros estadunidenses e seguem negociando com Trump, apesar dos discursos críticos.”

Não contentes, o CST retoma aqui a caracterização de que a Rússia e a China seriam potências imperialistas, exatamente o que o imperialismo e sua máquina de propaganda tentam difundir nos revolucionários mundo afora. Justamente para coibir qualquer apoio do movimento operário, dos estudantes e da vanguarda revolucionária do mundo, impedir qualquer apoio desse setor aos principais países atrasados do planeta, aqueles com quem o imperialismo já não consegue mais conviver e se organiza agora para travar uma guerra de grandes proporções.

Não existe imperialismo russo e imperialismo chinês. Isso é uma forma envergonhada de se negar apoio aos países atrasados no momento em que eles estão em choque com o imperialismo. É uma forma de negar, portanto, a própria essência da luta de classes existente no conflito entre os países desenvolvidos e os países atrasados.

“É preciso repudiar nas ruas esse ataque econômico, comercial e político dos EUA contra o Brasil. Protestar contra esse movimento imperialista que viola nossa soberania nacional e ataca o nosso país, prejudicando a classe trabalhadora e os setores populares. Rechaçar o apoio de Trump ao projeto bolsonarista e a intentona golpista de 8J.”

Por fim, a contradição maior: o CST pede medidas efetivas em defesa da nossa soberania ao mesmo tempo em que pede punição a todos os supostos golpistas do 8 de janeiro. Pode não ter ocorrido para o CST, mas os órgãos de imprensa do imperialismo no Brasil também curiosamente defendem a mesma coisa, punição para todos os manifestantes do 8 de janeiro.

Eles inclusive estão nessa campanha desde 2023, no dia seguinte ao protesto bolsonarista, tendo sido os primeiros a levantar a lebre de que o que estava acontecendo não era uma manifestação, mas um golpe de Estado. Um dos protagonistas dessa campanha é o Judiciário, que, desde 2012, deixou claro que preparava um golpe de Estado no Brasil. Em 2013, o STF já havia apoiado a criação da Lava Jato sobre a orientação inteira do imperialismo norte-americano.

O mesmo STF, depois, apoiou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, apoiou a prisão ilegítima seguida da proscrição golpista de Lula nas eleições de 2018 e agora estão na política de não deixar nem Lula e nem Bolsonaro participarem das eleições de 2026. Com Lula, estão manobrando politicamente, ao passo que, com Bolsonaro, os ataques se dão através da perseguição judicial, que em grande medida é praticamente igual à empreendida contra o PT.

Aqui é onde se revela a total falta de programa dos morenistas do CST. Não é possível estar contra o imperialismo e a favor da política imperialista, isso é uma contradição em termos, mas é exatamente o que eles defendem: uma soberania farsesca, defendendo aqueles que mais atacam a soberania brasileira, que é o Judiciário brasileiro e o STF.

O que o texto revela é que o CST se orienta pelo imperialismo, apesar de falar em “protestar contra a extrema direita imperialista”. É a política do imperialismo que eles estão defendendo, que eles estão seguindo e isso mostra que eles não podem orientar os trabalhadores.

As posições do CST nesse sentido devem ser muito criticadas e demonstradas como que realmente são: uma infiltração do imperialismo no interior da esquerda, o que só levará a mais retrocessos contra os direitos democráticos da população brasileira, algo que, por sinal, é exatamente o que a ditadura mundial quer.

É preciso lutar pela reformulação completa do nosso judiciário, pelo fim do STF, que se constitui um dos principais inimigos do povo brasileiro, um dos principais partidos do imperialismo no País. Isso, sim, é defender a soberania brasileira, é lutar contra o imperialismo fora e seus agentes aqui dentro. Não é essa demagogia eleitoreira barata que o CST se dedica a apoiar.

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