No último sábado (26), o jornal porta-voz do imperialismo no Brasil, O Globo, publicou matéria intitulada É urgente cassar o mandato de Eduardo Bolsonaro, assinada por Beatriz Rey, articulista de uma fundação sediada nos Estados Unidos. Como de costume, a opinião trazida não tem nada de democrática: é apenas mais uma campanha de ataque à soberania popular, disfarçada de preocupação com o interesse público.
Para a autora, o deputado federal por São Paulo “tem atuado ativamente contra os interesses nacionais” e estaria sujeito à perda do mandato por ausência injustificada e quebra de decoro. Em tom dramático, afirma que Eduardo teria “colocado os interesses de sua família e de um governo estrangeiro acima dos interesses do país que jurou representar”. Mas quem seriam os defensores dos “interesses nacionais”? A colunista? O Supremo Tribunal Federal? Ou a família Marinho, que sempre atuou exatamente no sentido oposto?
O único poder legítimo para retirar um mandato popular é o próprio povo. Nem o Judiciário, nem o Parlamento — instituições completamente desmoralizadas perante a população — podem se colocar acima do voto popular. Cassar um mandato popular é dar um passo definitivo rumo à ditadura institucionalizada, que já domina o país desde a Ação Penal 470 (o “Mensalão”), quando o STF assumiu o comando político do Estado brasileiro.
Desde então, uma série de líderes políticos eleitos foram cassados, presos ou destituídos arbitrariamente: Dilma Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos, foi derrubada por um impeachment fraudulento, em 2016; Lula foi preso sem provas, com o objetivo de impedir sua chegada à presidência em 2018. Agora, tentam fazer o mesmo com Eduardo Bolsonaro e seu pai. A linha política é clara: trata-se de suprimir a soberania do povo.
Rey chega ao cúmulo de dizer que Eduardo “beira o crime de lesa-pátria” por ter reivindicado o tarifaço de Trump contra o Brasil. O argumento é tão ridículo e não se sustenta. A política tarifária dos Estados Unidos contra países do BRICS é parte da estratégia imperialista de defesa da hegemonia econômica norte-americana — não é resultado de um “lobby” bolsonarista. Se esta lógica estivesse correta, a guerra comercial entre EUA e China seria culpa de um “Bolsonaro chinês”. Uma acusação que beira o delírio.
A colunista ainda critica o fato de Eduardo Bolsonaro estar fora do país e não ter renunciado ao mandato. Mas é legítimo que uma liderança política se ausente diante de um regime de perseguição, sobretudo quando não há garantias mínimas de defesa. O que existe hoje no Brasil não é Estado de Direito — é um tribunal de exceção, onde o réu, ou melhor, a vítima, é condenado antes mesmo de ser acusado.
O STF, liderado por Alexandre de Moraes, atua como delegado, promotor, juiz e executor, como num regime nazista. Não há julgamento justo, apenas rituais farsescos de condenação. Dessa forma, a ausência de Eduardo pode ser compreendida como uma forma de exílio político — algo comum em regimes ditatoriais.
Mais grave ainda é a tentativa de transformar Alexandre de Moraes em símbolo da democracia. O mesmo que foi ministro do governo golpista de Michel Temer, que apoiou a derrubada de Dilma, que validou a prisão de Lula — agora é retratado como herói nacional. Por que a imprensa imperialista não se mobilizou contra esses golpes? Por que só agora a “democracia” virou motivo de alerta na cobertura internacional?
A hipocrisia se torna ainda mais evidente quando O Globo afirma que o Parlamento vive “níveis alarmantes de desconfiança pública”. E o STF? E o próprio O Globo? Diversas pesquisas demonstraram que essas instituições são as mais rejeitadas pela população. Se a cassação deve se basear em desconfiança popular, Alexandre de Moraes e a família Marinho deveriam ser os primeiros a serem banidos da política.
O ataque a Bolsonaro é só mais um capítulo da velha novela golpista da imprensa brasileira. É curioso ver O Globo, o jornal que apoiou o golpe de 1964, que defendeu a ditadura, que conspirou pela derrubada de Dilma e pela prisão de Lula, acusar alguém de “traição nacional”. Nenhuma instituição colaborou tanto com a destruição dos direitos democráticos no Brasil quanto a Rede Globo. Não há crime de lesa-pátria maior do que ela própria cometeu e continua cometendo. Neste sentido, democrático de verdade seria cassar a concessão desta máfia.
A tentativa de cassar Eduardo Bolsonaro não tem nada a ver com moralidade, decoro ou interesse público. É um ataque à soberania do voto popular e uma tentativa de consolidar o domínio absoluto do Judiciário sobre a política nacional. Hoje é Eduardo Bolsonaro — amanhã será qualquer um que ouse se opor ao regime da toga. É preciso rejeitar essa farsa e defender com firmeza um princípio democrático inegociável: mandato popular só se revoga pelos próprios eleitores.




