O Diário Causa Operária (DCO) chegou nesta segunda-feira (27) a mais uma importante marca. O jornal atingiu o total de 8 mil edições, uma conquista inigualável em toda a esquerda brasileira e uma vitória da luta pelo socialismo e pela revolução proletária.
Essa realização, no entanto, coloca em relevo uma completa incompreensão da esquerda pequeno-burguesa sobre as necessidades da luta revolucionária. Há um problema histórico da esquerda, particularmente a pequeno-burguesa, com a imprensa. Enquanto partidos com décadas de existência se mostraram incapazes de manter um jornal, o DCO consolida a tradição dos partidos ligados ao movimento operário de ter uma imprensa própria.
É impossível organizar um partido da classe operária que dependa da imprensa capitalista, pois ela é uma arma dos patrões contra os trabalhadores. A história recente demonstrou essa vulnerabilidade, como no golpe de 2016, quando a grande imprensa formou um cartel para derrubar o governo eleito, deixando o partido que confiava nela completamente desamparado.
O Diário teve origem em 2003, durante a cobertura da revolução boliviana, que levaria a vitória eleitoral de Evo Morales. Com o passar dos anos, acompanhando o crescimento do Partido da Causa Operária (PCO), o Diário Causa Operária foi ampliando sua cobertura e estrutura, tornando-se o único jornal diário da esquerda nacional, e um dos mais completos órgãos jornalísticos de toda a esquerda internacional. O advento da Internet resolveu o problema complexo da estrutura necessária para um jornal diário impresso, permitindo que o foco fosse mantido no esforço de produção das matérias.
O instrumento mais importante da luta revolucionária é o trabalho de agitação e propaganda, do qual um jornal é sempre o centro. Por isso, o principal consiste em organizar o trabalho de agitação e propaganda, o trabalho de imprensa. A história revolucionária, com Karl Marx fundando o jornal A Nova Gazeta Renana em 1848, no auge da revolução e enquanto o povo se armava, atesta a primazia da imprensa na intervenção política. A atitude de Marx, ao fundar um jornal como plano central de intervenção, já diz tudo sobre a importância deste instrumento.
A Terceira Internacional, já na época de Vladimir Lênin, analisou o funcionamento dos partidos comunistas, concluindo que o trabalho mais importante deles é a propaganda e a agitação revolucionárias. Isso se dá porque um partido revolucionário da classe operária deve lutar para elevar a consciência dos trabalhadores, uma vez que não haverá revolução se os trabalhadores não adquirirem um determinado grau de consciência política antes do processo. A ideia de que a ação direta, como manifestações ou atos radicais, é o centro da luta, desvia-se do problema central: a elevação da consciência política.
Dentro da esquerda nacional, os competidores do DCO são os órgãos da chamada “imprensa progressista”, como o Brasil 247 e outras iniciativas que, com mais ou menos frequência, mantêm uma atualização periódica a respeito das principais notícias do momento. No entanto, esses órgãos mais se aproximam de blogues de notícias, e não propriamente um jornal diário, que apresenta uma edição acabada, um verdadeiro conjunto que permite dar aos leitores uma perspectiva dos acontecimentos.
O Diário Causa Operária tem categorias bem definidas: editoriais, manchetes, polêmicas e destaques diários de diferentes editorias. O jornal online do PCO é o único, portanto, que verdadeiramente se aproxima dos órgãos da grande imprensa, Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, entre outros, que possuem um fluxo diário e coeso de matérias, formando uma edição definida. No mesmo sentido, o Diário Causa Operária é o único que possuí também versão PDF disponível para os leitores, tal como os principais jornais da burguesia nacional. Este feito coloca o DCO a um passo de se tornar um jornal impresso e diário.
No momento, apenas questões que envolvem a distribuição não tornam o jornal físico. Será apenas questão de tempo para ocorrer este salto. A propaganda revolucionária precisa ser aplicada diante dos acontecimentos do dia a dia, para que não se resuma a uma recitação abstrata de textos programáticos; por isso a importância da imprensa e, se possível, de uma imprensa diária. É necessário mostrar aos trabalhadores a validade do programa que se defende diante daquilo que está acontecendo a cada dia, dos acontecimentos do presente, da atualidade.
Mesmo entre os jornais burgueses, são poucos aqueles que possuem uma versão em PDF diária, que abranja todas as matérias da edição em formato de jornal para os leitores. Além disso, apenas um jornal diário é capaz de garantir que os militantes e a classe trabalhadora de conjunto possam estar bem informados e atualizados da política no seu dia a dia, com uma perspectiva revolucionária que rebata a ótica da imprensa burguesa. O objetivo imediato desse trabalho de imprensa é agrupar os setores mais conscientes da classe trabalhadora numa organização política, ou seja, num partido político. Esta é a tarefa central: desenvolver e fortalecer a consciência que é a base do partido revolucionário, que deve ser o agrupamento da vanguarda consciente da classe trabalhadora, a ferramenta fundamental para a revolução. A revolução não pode ser feita à revelia do desenvolvimento da consciência política e da construção de uma organização dirigente.
Toda esta realização só foi possível graças a um trabalho militante e, sobretudo, graças ao fato de o Partido possuir um programa político, claro e conciso para direcionar as análises dos fatos e poder, diariamente, produzir matérias dos mais variados tipos, colocando a política revolucionária e polemizando com as diversas posições apresentadas pela esquerda pequeno-burguesa e com a burguesia. Sem um programa, não seria possível ter uma análise concisa para discutir os acontecimentos do dia-a-dia com tamanha rapidez. A luta pelo programa revolucionário é fundamental, sendo necessário demonstrar a sua validade diante dos acontecimentos do dia a dia, o que é a única maneira de o programa ser assimilado. A doutrina científica do marxismo, ainda que complexa, transforma-se em um programa prático a ser aplicado no dia a dia, para que mesmo aqueles que não dominam a teoria possam compreender suas conclusões por meio do programa levado adiante cotidianamente.
Em 2022, o DCO enviou dois correspondentes para a frente da guerra no Donbas, entre Rússia e Ucrânia, visitando lugares importantes como Lugansk, e mostrando a verdade sobre a luta contra o imperialismo durante 3 meses seguidos. No mesmo ano, DCO também ficou conhecido por revelar as ligações entre Guilherme Boulos e Walfrido Warde, o caso IREE, Global Americanas e o NED, suas ligações com as ONGs e a esquerda pequeno-burguesa, denunciando a infiltração do imperialismo na esquerda.
A partir de 2023, o DCO se tornaria o principal porta-voz da defesa da Palestina no Brasil, com mais de cinco mil matérias tendo sido publicadas em seu especial sobre a questão palestina. Desde o 7 de outubro, o DCO vem defendendo de maneira incondicional a Operação Dilúvio de Al-Aqsa e as organizações que fazem parte da guerra de libertação palestina.
