O texto A Terra está farta de nós, publicado em 10 de novembro de 2025, no Brasil 247, e escrito pelo professor e psicanalista Washington Araújo, utiliza uma alegoria na qual a Terra rompe o silêncio e atua como um tribunal onde a “humanidade” é a única ré acusada de uma devastação premeditada. O artigo aproveita a ocorrência da COP 30 para fazer uma crítica moralista à humanidade, escondendo, assim, o inimigo real da vida humana.
Araújo afirma categoricamente: “o que ecoa em Belém é um julgamento: o réu somos nós” e que a humanidade “destruiu mais do que pôde reparar”.
Esta é a mentira central. A alegação de que a “humanidade” é a ré é uma cortina de fumaça idealista que apaga a luta de classes. O moralismo do “somos nós” esconde que a ameaça mais grave à humanidade não é a abstração do clima, mas a ação concreta e criminosa do imperialismo.
A urgência imposta à população pobre hoje não é a febre do planeta, mas os crimes patrocinados pelos monopólios e pelas potências imperialistas. Enquanto o autor discute o “arrependimento” da humanidade, o imperialismo:
- Executa genocídios (como em Gaza) e promove guerras em todo o mundo;
- Condena bilhões de pessoas à fome
- Mantém e prolifera um arsenal de armas nucleares capaz de aniquilar o planeta em minutos.
Estes são os crimes que estão assassinando a classe trabalhadora em escala industrial e global, e eles são cometidos por um sistema de dominação, não por um defeito moral da nossa espécie. A humanidade está ameaçada é pelos monopólios.
O texto de Araújo, após o diagnóstico alegórico, encerra com uma esperança moral: “se houver arrependimento que se transforme em ação, talvez eu ainda aceite o acordo”. Ele propõe, em essência, que a solução passa por um acordo ético e por uma mudança de consciência.
É preciso refutar essa proposta com a materialidade da luta de classes. A miséria e a devastação não serão resolvidas por um acordo moral. A Terra não precisa de arrependimento da “humanidade”, mas sim da destruição do imperialismo que a viola.




