“Eu testemunhei o Exército israelense atirando contra a multidão de palestinos”. Essa frase impactante é parte de um vídeo denunciando o cerco criminoso do nazissionismo sobre a população de Gaza.
O mesmo vídeo exibe imagens de filas intermináveis de palestinos em busca de comida, e flagra o momento em que as tropas sionistas disparam rajadas de tiros contra essa população.
Poderia muito que bem ser um documentário da Al Jazeera, a emissora catariana assistida diariamente por quase meio bilhão de pessoas e que vem denunciando sistematicamente o processo de limpeza étnica da palestina. Mas, por incrível que pareça, o vídeo foi produzido pela emissora britânica BBC, órgão sabidamente controlado a mão de ferro pelos serviços de inteligência do Reino Unido.
O objetivo do vídeo fica claro durante a narração dele. Em determinado momento, o locutor diz que “Israel”, apoiado pelos Estados Unidos, afirma que não há fome em Gaza, e que se há alguma crise, ela se deve ao furto de comida por parte do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas). As imagens mostradas no vídeo, obviamente, mostram que o narrador discorda da posição de “Israel”.
O mesmo narrador, no entanto, afirma que “outros países, incluindo o Reino Unido e a França, dizem que as restrições de Israel criaram uma catástrofe humanitária — as pessoas não estão apenas com fome, estão morrendo de fome”.
O vídeo da BBC é, portanto, uma forma de apresentar os crimes de guerra do sionismo como algo praticado exclusivamente pelo governo israelense de Benjamin Netaniahu e pelo governo norte-americano de Donald Trump. Os países imperialistas, que a todo momento apoiaram as operações criminosas de “Israel” aparecem, no vídeo, como críticos da crise humanitária.
É de um cinismo sem fim. Os mesmos países citados são conhecidos por reprimirem duramente o ativismo pró-Palestina em seus países. No Reino Unido, organizações inteiras estão sendo colocadas na ilegalidade.
O vídeo, por seu turno, é muito mais que uma peça de demagogia. É parte de uma operação política evidente. Ele ocorre ao mesmo tempo em que o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que iria reconhecer o Estado da Palestina.
Ao que tudo indica, para o imperialismo, a crise na Faixa de Gaza se tornou insustentável. Os crimes de guerra de “Israel” — aliado ao fato de que as tropas sionistas estão sendo derrotadas militarmente pela Resistência — estão causando uma crise política de enormes proporções no mundo inteiro.
Quando o próprio imperialismo se volta contra seus aliados desta maneira, tratando Netaniahu como um criminoso, é porque chegamos ao fim da linha. O governo israelense será obrigado a mudar de política.





