'Israel'

Crise: Netaniahu acusa Shin Bet de o investigar

Primeiro-ministro sionista está em um embate com o chefe da organização, que teve seu cargo restituído por decisão da Suprema Corte

O primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, acusou o chefe do serviço de segurança interna Shin Bet, Ronen Bar, de conduzir investigações secretas contra o ministro da Polícia Itamar Ben-Gvir, sem a sua autorização. A denúncia ocorre em meio a uma intensa disputa de poder que aprofunda a crise no governo sionista.

Na madrugada de sexta-feira (21), o gabinete de Netaniahu decidiu, por unanimidade, demitir Ronen Bar, marcando a primeira vez que um chefe da agência de segurança interna é destituído durante o mandato. No entanto, a decisão foi bloqueada pela Suprema Corte, gerando protestos da comunidade de colonos sionistas.

Netaniahu respondeu a um relatório que apontava que o Shin Bet, sob a direção de Bar, investigou amplamente a infiltração da extrema direita na polícia e suas ligações com Ben-Gvir. Em comunicado, Netaniahu afirmou que “a alegação de que o primeiro-ministro autorizou o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, a reunir provas contra o ministro Ben-Gvir é mais uma mentira exposta”.

Ainda segundo o primeiro-ministro, o documento publicado, que contém uma diretriz explícita de Bar para coletar provas contra lideranças políticas, “lembra regimes sombrios, mina a democracia e visa derrubar um governo de direita”.

Em resposta às acusações, Ben-Gvir se pronunciou na plataforma X, chamando Bar de “criminoso” e “mentiroso” e o acusando de tentar encobrir sua suposta conspiração contra autoridades eleitas da entidade ocupante, mesmo após os documentos terem sido publicamente revelados.

A decisão de demitir Bar provocou uma forte reação popular, com milhares de manifestantes se reunindo diante do escritório de Netaniahu, entoando “Nós nunca desistiremos”. Os protestos se intensificaram com confrontos entre a polícia e os manifestantes, que foram reprimidos com jatos d’água e dispersos à força.

Uma pesquisa realizada pelo canal de TV israelense Channel 12 mostrou que 51% dos colonos sionistas se opõem à demissão de Bar, enquanto 46% afirmam confiar mais nele do que no próprio Netaniahu. Figuras da oposição criticaram duramente a medida, como Benny Gantz, que a classificou como uma “marca de Caim” sobre os ministros que a apoiaram, e Yair Lapid, que alegou ser uma manobra para obstruir a investigação sobre o “Qatargate”.

A polêmica em torno do “Qatargate” ganhou novos contornos com a investigação policial sobre a transferência de fundos entre várias entidades desde maio de 2022, incluindo possíveis envolvimentos de ex-assessores de Netaniahu, como Israel Einhorn, que reside fora da Palestina ocupada.

No entanto, Netaniahu alegou que a procuradora-geral Gali Baharav-Miara e Ronen Bar iniciaram a investigação sobre os laços financeiros de seus assessores com o Catar para impedir a demissão do chefe do Shin Bet. Em mensagem em vídeo, o primeiro-ministro apresentou documentos que alegava serem “chocantes”, mas que não correspondiam aos fatos e à cronologia conhecida.

“Os fatos provam inequivocamente que a demissão não teve como objetivo impedir a investigação — a investigação teve como objetivo impedir a demissão”, afirmou Netaniahu, sem apresentar provas concretas para sustentar sua versão.

A crise evidencia o aprofundamento das contradições internas no regime sionista, que enfrenta resistência tanto das alas governistas quanto da população, que demonstra crescente insatisfação com as manobras políticas e repressivas do governo de extrema direita.

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