Tocantins

Cota para negros assassinarem negros

A política identitária produz verdadeiras aberrações como a prevista no edital para o concurso a polícia militar do Tocantins.

A Polícia Militar do estado do Tocantins acaba de abrir um concurso público para mais de 600 vagas de soldados da polícia com a inclusão de cotas para negros, índios e quilombolas.

Trata-se de um verdadeiro recrutamento para capitães do mato, com base na política identitária, uma vez que negros, índios e quilombolas são as principais vítimas da polícia militar de todos os estados brasileiros.

No estado do Tocantins, em particular, os assassinatos de camponeses pela PM, em conluio com os capangas de latifundiários da região, vêm aumentando exponencialmente, com acréscimo de pelo menos 22% apenas no ano de 2024, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e atualmente é um dos principais focos de violência contra a população rural no País.

Segundo o coordenador estadual do Movimento Sem Terra (MST) no Tocantins Marcos Antônio, o estado negligencia as questões fundiárias favorecendo grandes fazendeiros:

“O Estado brasileiro, em vez de avançar em medidas de resolver essa questão fundiária, essa questão estrutural e esteja do lado do enfrentamento à grilagem, à pistolagem, à violência do campo, o estado prefere se colocar do lado do agronegócio, dos grandes fazendeiros que são responsáveis por altos índices de desmatamento do cerrado, inclusive no Tocantins. Isso é público, e o aumento do número de desmatamentos. Então, é preciso respeitar esses povos, suas existências, suas formas de organização e de lutas.”

Inúmeros relatos de violência contra a população do campo ocorridos no Tocantins dão conta de que a polícia do estado, tanto militar quanto civil, não apenas não age para proteger essa população como também a sua entrada no conflito o agrava ainda mais.

É, portanto, um verdadeiro escárnio que as populações mais afetadas pela letalidade policial no país estejam sendo chamadas a integrar a organização dos seus algozes.

Isto é o retrato mais fiel possível daquilo que é a política identitária, uma política que propõe a inserção de alguns elementos das camadas mais oprimidas da sociedade no aparato institucional da burguesia, o qual funciona justamente para esmagar o conjunto da população desses mesmos indivíduos. 

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