O coronel da reserva Jack Neriya, ex-chefe da inteligência israelense na Síria e no Líbano, alertou contra o que chamou de “ilusão de que o Hesbolá está enfraquecido”, enfatizando que “o grupo reconstruiu suas capacidades militares e não tem intenção de entregar suas armas”.
Em uma entrevista televisiva, Neriya disse: “desde novembro, o Hesbolá reorganizou suas fileiras, retomou a fabricação de VANTs [veículos aéreos não tripulados] e outras armas e reafirmou seu compromisso decisivo com seu arsenal”.
Ele observou que a rara aparição pública do Secretário-Geral do Hesbolá, Xeque Naim Qassem, em traje militar, sinaliza um curso de escalada, que, segundo o coronel israelense, ocorre em meio ao aumento das tensões entre o Líbano e os Estados Unidos.
Essas tensões se manifestaram recentemente quando o enviado dos EUA, Tom Barrack, cancelou uma visita a Tiro e al-Khiam após protestos populares furiosos contra a cumplicidade dos EUA na guerra.
Em relação à Síria, Neriya destacou a confirmação de autoridades israelenses sobre negociações em andamento com o objetivo de alcançar um acordo de segurança antes do final de setembro. Ele explicou que “Damasco busca um retorno às fronteiras de 1974 e garantias de calma ao longo da frente sul”.
Ele acrescentou que “Israel” busca estabilizar a frente síria, dada a presença de “inimigos comuns: Irã e Hesbolá”, ecoando uma declaração do chefe de transição da Síria, Ahmad al-Sharaa, que uma vez disse que “a Síria e Israel têm inimigos comuns, e podemos desempenhar um papel fundamental na segurança regional”.
Nesse cenário, Neriya pediu para “aproveitar a oportunidade política para alcançar entendimentos de segurança ao longo da fronteira síria”.
Isso ocorre no momento em que a delegação dos Estados Unidos, chefiada pelo enviado Tom Barrack, continuou a avançar com o plano de desarmar o Hesbolá em uma reunião com o presidente libanês Joseph Aoun.
Em declarações após a reunião, Barrack disse em 26 de agosto que o governo libanês apresentaria um plano para desarmar o Hesbolá até 31 de agosto, enquanto “Israel” deveria responder passo a passo, e que “ninguém quer uma luta interna no Líbano”, acrescentando: “estamos tentando garantir que o partido anti-Israel seja desarmado”.
A enviada dos Estados Unidos, Ortagus, acrescentou: “estamos agora no processo de implementar a decisão do governo libanês de desarmar o Hesbolá”, e a parlamentar Shaheen ecoou isso, dizendo: “continuaremos a apoiar o Líbano por meio de legislação e a instar os líderes libaneses a permanecerem em seu caminho atual”.
Por sua parte, o senador Lindsey Graham enfatizou: “queremos um Hesbolá desarmado, e depois disso, falaremos com Israel”, enquanto se recusou a comentar sobre futuras ações israelenses antes que o desarmamento ocorra.
Enquanto isso, em um discurso em 25 de agosto, o Secretário-Geral do Hesbolá, Xeque Naim Qassem, afirmou que a decisão do governo libanês carece de base legal e alertou que, se continuar nesse caminho, não estará agindo com fidelidade à soberania do Líbano.
O líder do Hesbolá também reafirmou que a Resistência continua sendo um pilar vital da defesa nacional e da dignidade no Líbano, enfatizando que seu papel se tornou mais decisivo do que nunca à luz do aumento da agressão e da interferência estrangeira.





