As manchetes diárias estão ocupadas com o tema ambiental em virtude da “COP 30”. Esse evento não passa de uma farsa, assim como boa parte do atual movimento supostamente em defesa do meio-ambiente.
É preciso dizer logo de cara que não há como reverter a devastação ambiental enquanto estivermos no capitalismo. As principais atividades que prejudicam o planeta, como a mineração e a exploração de combustíveis fósseis, são motores indispensáveis ao funcionamento do sistema. Ou alguém consegue imaginar as grandes petroleiras, que movimentam trilhões de dólares, abrindo mão de suas atividades de bom grado? É preciso ser muito otário para acreditar nisso. Até o índio do PSDB que trabalhou para o governo de Aécio Neves em Minas Gerais, Ailton Krenak, fez críticas à fraudulenta COP.
A questão central hoje é que boa parte do ambientalismo virou instrumento de perpetuação do subdesenvolvimento. Há, sim, pessoas genuinamente preocupadas com o planeta. Todavia, pela falta de compreensão da cadeia produtiva mundial, acabam desempenhando o papel de idiotas úteis. Muitos se engajam em causas que, na prática, bloqueiam o desenvolvimento industrial e tecnológico dos países periféricos, enquanto as potências centrais seguem explorando recursos sem restrições em seus territórios ou colônias econômicas.
Ao apoiar indiscriminadamente campanhas financiadas por grandes ONGs internacionais, essa massa de manobra ajuda a manter o Brasil e outros países subdesenvolvidos presos à condição de exportadores de matéria-prima e importadores de tecnologia. Por exemplo, quase todo o movimento ambientalista brasileiro se posicionou contra a exploração do petróleo na Margem Equatorial. Estimativas indicam que essa exploração poderia acrescentar até 175 bilhões de dólares ao PIB nacional, ajudando a sairmos da lama econômica na qual estamos. As estimativas são bem factíveis se olharmos o caso concreto da Guiana, que após iniciar a exploração de petróleo na mesma região, tornou-se o país que mais cresce no mundo, saltando de um PIB de 4,2 bilhões em 2015 para 24 bilhões em 2024.
Os idiotas úteis também não percebem que, mesmo que façamos uma revolução socialista no Brasil hoje, será preciso usar combustível fóssil ainda por um tempo, pois atualmente não é possível desenvolver as forças produtivas sem combustíveis fósseis. E sem desenvolvimento de forças produtivas, não existe socialismo. Portanto, os grupos que se opõem de forma cega à exploração de petróleo ou à mineração estratégica não estão defendendo o meio-ambiente. Estão, na prática, defendendo a manutenção do subdesenvolvimento e garantindo que o Brasil continue subordinado às potências centrais do capitalismo.
O que precisamos fazer é analisar casos concretos, entender quais os erros cometidos, e superá-los. Por exemplo, o erro da Guiana não foi explorar o petróleo, foi deixá-lo na mão de empresas estrangeiras sem cláusulas de transferência de tecnologia. Não podemos incorrer no mesmo erro, pois isso vai exaurir o país no médio prazo. Temos de nacionalizar o petróleo, estabelecer o monopólio estatal da exploração petrolífera, e usar os recursos para desenvolvimento tecnológico e investimento social. Vale lembrar que Hugo Chavez, na Venezuela, fez algo similar em 2001 com a Lei Orgânica de Hidrocarbonetos, e conseguiu elevar o salário mínimo venezuelano paulatinamente até chegar a 476 dólares em 2012 – o maior da América Latina à época. Esse é o caminho que devemos seguir. Após esse longo processo, aí sim poderemos de fato começar a reverter a devastação ambiental no planeta.




