Fortalecida com a vitória sobre a Síria e a queda do regime Assad em dezembro, a contra ofensiva do imperialismo deve marcar a conjuntura política mundial em 2025. Ao longo de 2024, o imperialismo tem promovido ataques incisivos, como a eliminação parcial da liderança do Hamas e a tentativa de desarticular o Hesbolá. Apesar dessas ações, a resistência permanece atuante, mesmo enfrentando reveses significativos.
A liderança do Hesbolá, por exemplo, foi alvo de um golpe duro, mas a organização mantém-se como uma força combativa relevante, tendo forçado um cessar-fogo que foi uma derrota para “Israel”. Essa conjuntura revela a intensificação de um movimento das forças imperialistas que será determinante no próximo ano, que será levada em várias frentes, incluindo pressões políticas, econômicas e militares.
No Brasil, é esperado um recrudescimento da influência sionista, refletindo um movimento coordenado que se estende a diversas partes do mundo. Essa ofensiva, embora robusta, encontrará também uma resistência significativa, como já observado em episódios anteriores, onde iniciativas imperialistas enfrentaram obstáculos, levando também à radicalização da resistência.
O Impacto da Guerra na Síria
Uma das vitórias mais expressivas do imperialismo desde a derrota no Afeganistão foi na Síria. A intervenção consolidou um golpe devastador contra forças que lutavam contra a dominação estrangeira. Embora setores da esquerda tenham interpretado os acontecimentos na Síria como uma vitória dos explorados, a realidade aponta para o contrário.
A derrubada de Assad, que liderava um movimento de resistência ao imperialismo, resultou em um regime alinhado aos interesses dos Estados Unidos e de “Israel”. Esse episódio destaca como a propaganda democrática pode ser instrumentalizada para justificar mudanças de regime que favorecem potências estrangeiras. A derrota na Síria representa um golpe profundo na luta anti-imperialista, mas também revela as contradições internas das forças imperialistas.
Apesar da vitória contra o regime nacionalista, a situação na Síria permanece extremamente volátil. Conflitos internos e a resistência de setores populares continuam a desafiar o domínio estrangeiro.
Essa instabilidade demonstra que, mesmo diante de aparentes vitórias, o imperialismo enfrenta dificuldades em consolidar seu poder. O exemplo sírio também ilustra a necessidade de compreender a luta contra o imperialismo como uma prioridade superior à defesa de abstrações como a “democracia”.
Apresentado como “inclusivo” e “democrático”, novo regime já destacou que eleições só deverão ocorrer em quatro anos, deixando claro que o país árabe será governado por uma ditadura, no mínimo, igual à anterior na forma, porém inimiga do Eixo da Resistência e consequentemente, dos palestinos. Que os setores da esquerda entusiastas da queda de Assad expliquem agora, como a ditadura dos mercenários é melhor do que o regime anterior.
Ação e reação
O ano de 2025 será marcado pela intensificação dessa ofensiva imperialista em várias regiões críticas. A China e a Rússia permanecem como os dois principais alvos dessa mobilização.
O gigante asiático, em particular, desafia a ditadura imperialista ao disputar espaço no mercado internacional, enquanto a Rússia representa um polo de resistência militar e política. Em resposta, os países desenvolvidos têm intensificado sanções, campanhas de intriga e esforços para desestabilizar esses países.
Além disso, há indícios de que o Oriente Médio continuará sendo palco de conflitos intensos. Países como Jordânia, Egito e Arábia Saudita podem enfrentar levantes populares que desestabilizem regimes alinhados ao imperialismo.
A Palestina, por sua vez, permanece como um exemplo de resistência extraordinária. Mesmo diante de ataques genocidas promovidos pela ditadura sionista, a luta empreendida pela Resistência Palestina continua sendo uma referência de determinação e coragem. A operação Dilúvio de Al-Aqsa, que já se estende por 15 meses, demonstrou de maneira inequívoca a incapacidade de “Israel” em derrotar o povo palestino, mesmo nas condições totalmente díspares em que a luta se dá.
O Papel da América Latina
Na América Latina, a Venezuela, a Nicarágua e Cuba também enfrentarão desafios significativos em 2025, com parte desse movimento geral de aumento da pressão imperialista, que naturalmente, se refletirá em um recrudescimento da ditadura dos monopólios na região, o quintal do imperialismo norte-americano e por isso mesmo, a primeira região a ser centralizada.
A posse de Nicolás Maduro na Venezuela e as políticas adotadas por governos progressistas na região estarão sob escrutínio, enquanto o imperialismo buscará minar qualquer tentativa de fortalecimento de blocos regionais independentes. A resistência nesses países será crucial para conter o avanço imperialista e abrir espaço para novas formas de organização política e econômica.
Contradições
Embora o imperialismo demonstre força em sua capacidade de intervenção, ele enfrenta desafios que limitam sua expansão. O fracasso no Afeganistão, a instabilidade na África e as divisões internas nos Estados Unidos, exemplificadas pela derrota acachapante de Joe Biden e dos democratas nas eleições gerais, dificultam a capacidade de uma contra ofensiva tal como os monopólios gostariam. Esses fatores apontam para a possibilidade de retrocessos na ofensiva imperialista, especialmente se forem enfrentados por movimentos de resistência bem organizados.
No entanto, é fundamental compreender que a luta contra o imperialismo será longa e árdua. Sacrifícios serão inevitáveis, como demonstra a situação na Palestina. O imperialismo não hesita em cometer atrocidades para alcançar seus objetivos e as forças da resistência anti-imperialistas no mundo inteiro devem estar preparadas para enfrentar essa realidade, com determinação e solidariedade.
Preparação para uma nova etapa
O prognóstico para 2025 é de intensificação dos conflitos globais, mas seguindo as leis da dialética, também de fortalecimento da resistência anti-imperialista. A luta será marcada por contradições e desafios, mas o sucesso da Resistência Palestina, para ficar em apenas um exemplo mais recente, demonstra que a determinação dos povos oprimidos pode reverter cenários aparentemente irreversíveis.
Derrotar essa contra ofensiva do imperialismo será crucial para as forças populares e revolucionárias inaugurarem uma nova etapa de sua ofensiva. A atenção ao desenvolvimento desse embate em regiões como o Oriente Médio, a América Latina e a Ásia será essencial.