Os impressionantes bombardeios realizados pelo governo revolucionário iemenita nas últimas semanas demonstram, de forma incontroversa, a força do Eixo da Resistência, que não pode ser decisivamente abalada por eventos menores, como um golpe de Estado contra um governo amigo como o da Síria. Da mesma maneira, a ofensiva do Ansar Alá mostrou também quão errados estavam aqueles que começaram a alarmar um derrotismo. Sob a pressão das primeiras impressões geradas pela derrubada do governo Assad, não faltou quem se apressasse em vaticinar que “Israel” estava novamente em ofensiva.
A força com que a Resistência continua a castigar a ditadura sionista é uma evidência contundente de que não havia, de fato, razão alguma para tanto engrandecimento indevido de “Israel”. O derrotismo, enfim, foi derrotado pela realidade e também por uma atitude muito mais condizente com o espírito revolucionário necessário para que iemenitas, palestinos, libaneses, sírios e todos os povos árabes, somados com o povo iraniano, consigam lutar contra o horror sionista, o que tem despertado a simpatia, a admiração e o amor do resto da humanidade para a nobre causa a que se dedicam.
Lutar contra uma situação adversa provocada pela opressão e não se desesperar, mas colher experiências de derrotas momentâneas para, com isso, se reerguer com mais vigor e decisão, eis uma das grandes lições que os revolucionários árabes deram à humanidade nas últimas semanas. Também aqui no Brasil, a esquerda deve admirar o exemplo dos companheiros que lutam no Mundo Árabe, porém mais do que isso, replicar o método.
Observa-se no interior do campo um derrotismo similar com relação ao governo Lula. É fácil se deixar levar pelas capitulações do governo. É confortável tachá-lo de neoliberal, caracterizá-lo como um governo dos banqueiros, porém não, de maneira alguma, uma forma revolucionária de encarar a complexa situação do Brasil, especialmente porque se o que está feito não pode ser alterado e os opressores não podem ser derrotados, o presidente estaria mais do que certo em manobrar com o imperialismo cedendo cada vez mais.
A política lulista está errada, mas também está a dos setores da esquerda que não compreendem que a guinada direitista do presidente da República é fruto de uma conjuntura, marcada por uma severa pressão de um imperialismo afogado em uma crise de morte, e a absoluta falta de pressão contrária, exercida pela esquerda para os interesses populares, que mobilize operários, camponeses e estudantes, e produza um choque com os monopólios. O próprio Haddad declarou, em entrevista, que Lula continua sendo o principal obstáculo a um programa neoliberal mais radical, alinhado com os interesses dos banqueiros e que ele, Haddad, implementaria, não fosse a oposição do presidente.
E assim, levados pela impressão causada pelo derrotismo do governo, os derrotistas da esquerda agem como um comandante que em uma batalha decisiva, abandona o campo para inspecionar a formação das tropas. É uma política sectária e igualmente capituladora, que leva ao abandono da luta política real e não traz benefício algum para os trabalhadores. O oposto do que ensina a tradição marxista e do que fazem os revolucionários iemenitas.