No artigo Política é a arte do possível, Roberto Livianu exalta o mecanismo da “revolução colorida”. O autor constrói uma caricatura de “Hortelino”, senador que teria idealizado a chamada “PEC da Blindagem”, e afirma que sua trajetória política estaria marcada por “interesses do agro” e por manobras clientelistas. Isto é, para não entrar no mérito do que seria a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Prerrogativas, Livianu recorre a um expediente cretino, que é o de apresentar o seu autor como um político fisiológico. Trata-se de uma manobra para desmoralizar não apenas um parlamentar, mas a própria proposta, reduzindo-a a uma caricatura moral.
Outro trecho é ainda mais revelador: “a Proposta de Emenda Constitucional foi aprovada na Câmara na calada da noite, mas a sociedade e a imprensa reagiram muito negativamente”. Aqui está a essência do problema. O autor toma como “sociedade” a campanha orquestrada pela rede Globo, Folha de S.Paulo, e artistas milionários pagos por ONGs internacionais. Não se tratou de uma reação popular espontânea, mas de uma operação de propaganda dirigida contra um mecanismo democrático: a proteção dos parlamentares contra a arbitrariedade do Judiciário.
O artigo celebra que “as ruas foram ocupadas de forma significativa pela sociedade civil, com a presença de artistas e celebridades”. Ora, todos sabem que esses atos foram convocados por Caetano Veloso e Paula Lavigne, a serviço da Globo. Não havia movimento popular algum, mas sim uma encenação típica das chamadas “revoluções coloridas”, já vistas em diversos países onde o imperialismo pretende derrubar governos ou impor uma determinada política.
O autor conclui que o arquivamento da PEC foi fruto da “arte do possível”. Mas o que de fato ocorreu foi a demonstração da submissão total do Senado à pressão estrangeira e da imprensa. A “arte do possível” aqui nada mais foi do que a arte do golpe de Estado, que mostrou ser possível que uma força sem base social, nem nenhum voto, derrubasse uma medida aprovada pelo Congresso Nacional.
Enquanto Livianu descreve a proposta como uma “blasfêmia política”, evita discutir o essencial: a imunidade parlamentar não é privilégio, mas uma garantia democrática. Foi conquistada em 1988 justamente para impedir que o Judiciário, braço do regime militar e do imperialismo, perseguisse parlamentares eleitos pelo povo.




