Caso Banco Master

Como supor que contrato com mulher de Moraes não existe?

Colunista argumenta que contrato entre Viviane de Moraes e Banco Master não foi apresentado como prova, no entanto, ministro nunca negou sua existência

No dia 28 de dezembro, foi publicada uma matéria no sítio Brasil 247 intitulada Contrato de R$129 milhões da mulher de Moraes não existe, assinada por Eduardo Guimarães, em que o jornalista defende o ministro do STF envolvido em um escândalo com o Banco Master.

Segundo o jornalista, o contrato entre o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, e o Banco Master não existiria e o silêncio do ministro seria apenas o tempo para uma resposta “muito dura”.

A coluna se inicia com o seguinte:

“A polêmica sobre contrato de ‘R$ 129 milhões’ que teria sido firmado pelo escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e o Banco Master tem sido marcado por acusações irresponsáveis, memes, vídeos manipulados por IA e instrumentalização da farsa pelo bolsonarismo.

No entanto, análise séria dos fatos verificáveis sobre essa denúncia mostra que o que predomina não são provas concretas, mas, sim, uma narrativa repetitiva e assentada miseravelmente sobre indícios e fontes anônimas, absolutamente sem nenhuma prova que permita afirmar a existência de tal contrato.

Não há contrato, escritura pública, instrumento jurídico original ou cópia autenticada com assinaturas reconhecidas das partes (Viviane Barci de Moraes ou sócios do escritório vs. Daniel Vorcaro / Banco Master). Só o que se tem é o disse-me-disse relatado pela jornalista Malu Gaspar e emendada pela jornalista Mônica Bergamo.”

A defesa da inexistência do contrato, no entanto, não faz sentido, já que o próprio ministro não nega a existência de tal documento ou dos pagamentos do Banco Master para o escritório de sua esposa. A hipótese de que Moraes está ganhando tempo para uma resposta tampouco faz sentido, já que bastaria uma declaração simples negando as acusações. A própria coluna aponta, inclusive, que Moraes negou em notas ter se encontrado com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, como no trecho abaixo:

“O próprio ministro Moraes negou em notas oficiais qualquer pressão indevida ou atuação do escritório em órgãos como o BC, e respostas via LAI reforçam a inexistência de traços concretos.”

Por que a negação do contrato não está presente nas notas oficiais? Não faz sentido, a não ser que Moraes não negue, pois o contrato pode ser apresentado na imprensa a qualquer momento.

O jornalista também argumenta, em vários pontos de sua coluna, que caberia ao ministro Alexandre de Moraes o benefício da dúvida, o que é correto. No entanto, por se tratar de uma figura pública, qualquer denúncia deve ser investigada.

O caso é completamente diferente do que o que aconteceu com Alison Mascaro, um professor de direito da USP que vem sendo perseguido por acusações sem provas. Moraes é um ministro do STF, uma figura pública com grande poder sobre uma parte significativa do Estado, enquanto Mascaro é apenas uma pessoa privada acusada de crimes imaginários.

Fora isso, o caso todo segue em segredo de justiça, algo completamente antidemocrático, já que não há motivos para tal, fazendo com que seja difícil para a população no geral conseguir saber exatamente o que acontece em relação ao caso. Mais um motivo, inclusive, para se levantar suspeitas em relação a Moraes.

Continuando com o texto de Eduardo Guimarães:

“Mesmo que fosse encontrado algum contrato assinado pela esposa de Moraes, Honorários não se confundem com valores de processos. As cifras altas frequentemente citadas são confundidas com supostos honorários advocatícios. O valor econômico de uma causa ou operação não equivale ao pagamento ao advogado.

O que se fez foi multiplicar os honorários que consta no contrato que seriam pagos, mas sem qualquer aceite desde 2024, quando Viviane Barci de Moraes atuou em um único caso ligado a Vorcaro, em um processo de empresa “falida” na qual ele investiu, a Gafisa.

A única atuação documentada do escritório é uma queixa-crime isolada contra Vladimir Timmerman (por calúnia em litígio envolvendo Gafisa), assinada por Viviane e filhos, mas que não se vincula diretamente ao escopo alegado do contrato (defesa regulatória ampla junto a BC, Receita, Cade etc.).

Essa confusão serve para inflar a narrativa, mas ignora a distinção essencial: sem provas de contraprestação proporcional ou registros em órgãos públicos, os valores mencionados permanecem especulativos. A cifra surge sem lastro documental.”

O problema é que se trata não simplesmente de um trabalho de um escritório de advocacia, mas sim, de um trabalho de lobista. Sendo assim, os valores não seriam necessariamente relacionados a honorários, mas sim, tratariam do pagamento pela compra de influência de um ministro do STF em favor do Banco Master.

Finalmente, a coluna serve para defender Alexandre de Moraes justamente por conta de sua conduta completamente antidemocrática e danosa para a população brasileira. O próprio ministro agora pede por direitos negados a inúmeros cidadãos, principalmente aqueles condenados no âmbito das manifestações de 8 de janeiro, como o direito à defesa e ao contraditório.

Os supostos serviços de Moraes em benefício da democracia nada mais são do que a interferência nas eleições de 2026, perseguindo a figura de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores.

Essa defesa do ministro se baseia em tecnicalidades jurídicas que o próprio ministro nega aos demais cidadãos brasileiros, sendo que, em seu caso, Moraes deve ser responsabilizado por se tratar de uma figura pública.

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