Um estudo do economista da FGV André Braz, divulgado pelo jornal O Globo, mostra que os alimentos já consomem 22,61% do orçamento das famílias de menor renda, aquelas que recebem entre 1 e 1,5 salário mínimo, ou até R$2.277,00. Esse cenário é resultado de uma alta acumulada de 55,87% desde 2020, enquanto a inflação oficial para o mesmo período foi de 33,46%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE.
Segundo Braz, “como é um consumo de itens básicos, você pode até substituir itens da alimentação, mas não deixa de comprar. A despesa vai comprometendo parte cada vez maior do orçamento.”
Essa afirmação, no entanto, precisa de uma ressalva: na realidade, o que está acontecendo é uma redução no consumo dos itens essenciais para as famílias de baixa renda, uma vez que o orçamento já não comporta a compra do mínimo necessário.
Muita explicação, pouca ação
Os economistas, inclusive os ligados ao governo, atribuem a explosão da inflação dos alimentos a diversos fatores: pandemia, guerra na Ucrânia, alta do dólar, fenômenos climáticos, entre outros. Na prática, porém, o que realmente impede o enfrentamento desse problema é a fragilidade do governo Lula, refém dos banqueiros, latifundiários e demais sanguessugas do povo brasileiro.
Entre outros impactos, o aumento no preço dos alimentos tem sido o principal fator para a queda vertiginosa da popularidade do governo, inclusive entre seu próprio eleitorado.
O que fazer?
Segundo o DIEESE, o salário mínimo necessário para janeiro de 2025 deveria ser de R$7.156,15. A realidade, no entanto, está muito distante desse valor.
O governo poderia adotar diversas medidas para reduzir o custo dos alimentos, como a utilização de estoques reguladores, a importação massiva de alimentos e o subsídio ao pequeno produtor, em vez de continuar beneficiando o latifúndio — setor que, além de conspirar contra o governo, tem fortes indícios de esconder ou até mesmo descartar alimentos para forçar a alta dos preços.
Diante desse cenário, cabe às organizações que se reivindicam representantes dos trabalhadores impulsionar uma campanha imediata pelo aumento emergencial do salário mínimo em 100%, assim como pela elevação do Bolsa Família, do BPC e de outros programas sociais na mesma proporção.