Formação política

Começa hoje a 52ª Universidade de Férias do PCO

Curso acontecerá entre os dias 25 de janeiro e 2 de fevereiro, na cidade de Araçoiaba da Serra

A partir deste sábado (25), inicia-se a 52ª edição da Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO). O curso, que se estenderá até 2 de fevereiro, será integralmente ministrado por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, terá como tema a crise do capitalismo. Todo o evento acontecerá na cidade de Araçoiaba da Serra, a duas horas da cidade de São Paulo.

O curso A crise do imperialismo – elementos fundamentais da crise mundial discutirá as principais questões que marcam a luta de classes nos dias de hoje. Entre os tópicos que serão abordados por Rui Costa Pimenta estão as crises econômicas globais, a decadência do imperialismo e as vitórias dos povos contra a dominação imperialista.

Ao longo do curso, os participantes terão a oportunidade de aprender com um dos mais experientes militantes do movimento operário brasileiro – Rui Costa Pimenta, com mais de 40 anos de militância. Além das aulas, os participantes poderão aproveitar a estrutura do local, incluindo áreas de lazer e descanso. Durante o evento, os participantes também se envolverão em atividades coletivas, como a preparação das refeições, campeonato de futebol e debates.

Conheça o local onde ocorrerá a 52ª Universidade de Férias do PCO

Como o Irã se tornou uma potência

Entre os pontos que serão discutidos no curso, está a Revolução Iraniana, que foi o resultado de uma mobilização popular que, entre 1978 e 1979, derrotou o imperialismo e levou à abolição da monarquia. A ditadura do xá Mohammad Reza Pahlavi foi derrubada em 1º de abril, após anos de submissão do país aos interesses norte-americanos e britânicos, especialmente por meio de medidas associadas à chamada “Revolução Branca”, uma série de reformas no campo dos costumes e repressão política, amplamente rejeitado pela população iraniana, em especial as massas operárias, na qual predominavam os religiosos xiitas.

Sob a influência dos Estados Unidos, o xá implementou a temida SAVAK, uma organização que funcionava como polícia secreta e serviço de inteligência. Estabelecida com apoio da CIA, a SAVAK atuou de 1957 até a queda do regime, em 1979, e se destacou pela brutalidade, com relatos frequentes de tortura e execuções. Em sua fase de maior expansão, estima-se que tenha contado com 60 mil agentes.

A crise social no país era agravada pela pobreza generalizada e pela alta inflação, enquanto as camadas mais desfavorecidas associavam sua precariedade à crescente influência da cultura norte-americana e europeia no Irã. Muitos viam o retorno às tradições islâmicas como uma alternativa para superar a miséria. A repressão política, por sua vez, aumentava o descontentamento, com censura e prisões arbitrárias atingindo opositores do regime.

Nesse ambiente de crescente insatisfação, o aiatolá Ruhollah Khomeini emergiu como o principal líder da oposição, com sua política ganhando força entre os setores mais oprimidos da população. O movimento liderado por Khomeini foi subestimado pelos imperialistas, que consideravam a ameaça comunista mais significativa. Essa avaliação equivocada permitiu que o movimento islâmico avançasse quase sem resistência inicial.

Entre os anos 1960 e 1970, a economia iraniana teve um crescimento impulsionado pela exportação de petróleo e aço. No entanto, a inflação corroeu o poder de compra da maioria da população, enquanto os ganhos se concentravam nas mãos de poucos. Paralelamente, o governo gastava grandes somas na aquisição de armas modernas, especialmente dos Estados Unidos, gerando mais insatisfação entre os trabalhadores e a classe média.

As reformas do xá, conhecidas como revolução branca, incluíam mudanças que buscavam reduzir a influência do islamismo, como a redistribuição de terras de líderes religiosos e a proibição de certas publicações religiosas. Outras medidas, como o direito de voto às mulheres, foram vistas como provocativas por setores conservadores. Em vez de pacificar o país, essas mudanças aprofundaram as divisões e aumentaram a resistência organizada nas mesquitas.

O descontentamento tomou forma por meio de pregações em locais religiosos, onde o imperialismo e seus valores eram criticados. Em 1977, a pressão do governo de Jimmy Carter, exigindo concessões do regime do xá, resultou na liberação de presos políticos e no afrouxamento de medidas de censura. No entanto, essas ações, longe de aliviar a tensão, intensificaram os protestos e fortaleceram os opositores.

A oposição religiosa, especialmente afetada pela reforma agrária e outras mudanças, começou a organizar uma resposta mais direta. O aiatolá Khomeini tornou-se o rosto da insurreição, e ataques contra ele, realizados pela imprensa burguesa em 1978, provocaram uma reação em massa. A repressão violenta do governo, culminando no massacre de 8 de setembro de 1978, conhecido como sexta-feira negra, marcou um ponto de ruptura. Na ocasião, cerca de 90 manifestantes foram assassinados pelo exército, aumentando ainda mais o repúdio ao regime.

Com a deserção de soldados e a recusa do exército em reprimir a população, o regime de Pahlavi perdeu sustentação. Em 12 de dezembro de 1978, milhões de pessoas tomaram as ruas de Teerã para exigir mudanças. Sem apoio militar e isolado politicamente, o xá fugiu do país em 16 de janeiro de 1979. A Revolução Iraniana encerrou a era monárquica e abriu caminho para a criação de um Estado islâmico liderado por Khomeini.

O imperialismo é derrotado e, desde então, o Irã continua sendo o principal centro de luta contra a ditadura imperialista no Oriente Médio, organizador do Eixo da Resistência em torno do qual uma rede de organizações dedicadas à luta revolucionária no Mundo Árabe contra a invasão sionista emerge. Após a vitória da Revolução Islâmica, nunca mais a região conhecerá qualquer sombra de estabilidade política.

O papel da China na luta de classes atual

Outro ponto que vem criando muita expectativa entre os inscritos no curso é o debate acerca do papel da China na política internacional. Em artigo publicado na revista Foreing Affairs em janeiro do ano passado e intitulado Spycraft and Statecraft, o chefe da agência do serviço secreto norte-americano, a CIA, William J. Burns, foi enfático ao apontar a “maior” ameaça enfrentada pelos EUA: “embora a Rússia possa representar o desafio mais imediato, a China é a maior ameaça a longo prazo, e, nos últimos dois anos, a CIA tem se reorganizado para refletir essa prioridade”. Todas as medidas tomadas pelo imperialismo desde, pelo menos, a era Obama até hoje, não deixam dúvidas de que a colocação do chefe da CIA reflete exatamente a consideração feita pelos monopólios.

A política nacionalista da China, representada principalmente pela Iniciativa Cinturão e Rota, é um marco inédito na história mundial, que desafia diretamente os interesses do imperialismo. Lançado há mais de uma década, o projeto já reúne a adesão de mais de 150 países, com investimentos totais que ultrapassaram US$1 trilhão na Ásia, Europa e África, com projeções de alcançar até US$7 trilhões anuais até 2040.

O nome, uma referência à histórica Rota da Seda, reflete um esforço estratégico da China em acessar o mercado global por meio de parcerias econômicas mutuamente benéficas, especialmente com países atrasados. Ao oferecer capital e infraestrutura, algo escasso nesses países, o governo chinês estabelece uma política de “ganha-ganha”, contrastando com as práticas predatórias das potências imperialistas.

Diferentemente dos países ricos, que historicamente recorrem a privatizações, exploração intensiva de recursos e empobrecimento de populações locais, a China foca em acordos econômicos com juros baixos, investimentos em infraestrutura e, em casos de dificuldade financeira, até no perdão de dívidas. Um exemplo recente foi o anúncio em 2022 do cancelamento de 23 empréstimos para 17 países africanos, além da destinação de US$10 bilhões de suas reservas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para apoiar economias do continente. Medidas assim são centrais à estratégia chinesa de ampliação de sua influência política e econômica, em oposição direta à política imperialista de dominação e saque.

No entanto, o imperialismo norte-americano reage com hostilidade crescente. A aprovação de 25 leis anti-China, durante a chamada “Semana da China” no Congresso dos EUA, reflete o esforço para conter o gigante asiático, um consenso entre os dois principais partidos do país imperialista. As medidas incluem financiamento de campanhas de propaganda, restrições comerciais e fortalecimento de alianças com rivais regionais contra o gigante asiático. Esse ataque político e econômico revela o temor dos EUA diante do avanço chinês.

Essa política de contenção também se manifesta em interferências na América Latina, como os golpes recentes no Brasil, que interromperam acordos estratégicos sino-brasileiros, incluindo projetos como a ferrovia transcontinental, projetada para integrar economicamente o Brasil e o Peru ao mercado chinês. As calúnias contra a China nos órgãos de comunicação imperialistas fazem parte de uma campanha mais ampla para justificar ataques do imperialismo contra o país.

O contraste entre as duas políticas salta aos olhos. Enquanto o imperialismo saúda a destruição de economias nacionais para se apoderar de seus recursos, como no caso da privatização da Eletrobrás no Brasil, a China constrói infraestrutura, como as 20 mil casas construídas em Joanesburgo em apenas 72 horas.

A independência econômica e política da China é a chave para sua capacidade de desenvolver projetos de tamanha envergadura. Ao mesmo tempo, a incapacidade dos EUA e de seus aliados de oferecerem alternativas reais a países atrasados torna evidente a fragilidade dos países ricos. Essa crise do imperialismo é intensificada pela própria natureza de sua economia, que depende da destruição e exploração para manter a lucratividade dos monopólios, enquanto a China apresenta uma alternativa que, apesar de seus próprios interesses, oferece condições mais favoráveis para o desenvolvimento dos países envolvidos.

O Brasil é um exemplo claro da tensão entre esses dois modelos. A resistência do governo Lula em aderir à Iniciativa Cinturão e Rota expressa a pressão do imperialismo sobre o País, que busca manter o controle sobre economias estratégicas da América Latina.

Ainda dá tempo de se inscrever!

Com a presença de militantes de várias partes do Brasil, o evento representa uma oportunidade única de fortalecer a luta política e estreitar laços entre os militantes e simpatizantes do PCO e da Aliança da Juventude Revolucionária, além de ser uma etapa fundamental na formação teórica e prática.

Para quem deseja compreender os desafios políticos do nosso tempo, o papel do Brasil no cenário internacional e se preparar para atuar de forma decisiva na luta revolucionária, a Universidade de Férias é uma oportunidade única. Ainda é possível se inscrever no evento junto aos militantes do PCO ou então neste link, direto com o sítio da Universidade de Férias. O curso também estará disponível de forma virtual para quem não puder comparecer presencialmente, por meio da plataforma Universidade Marxista. Para mais informações, entre em contato com o número (11) 99741-0436.

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