No primeiro ano após a Suprema Corte dos EUA derrubar Roe v. Wade, estabelecimento que definia a legalização do aborto, estima-se que 1 em cada 10 abortos tenha sido realizado por clínicas exclusivamente online, de acordo com novos dados divulgados na quinta-feira (27) pelo Instituto Guttmacher.
Os pesquisadores descobriram que, na maioria dos estados sem proibições totais ao aborto, a maioria das pessoas está interrompendo a gravidez com pílulas abortivas. Os dados expandem uma descoberta anterior de que 63% de todos os abortos realizados por profissionais de saúde nos EUA em 2023 foram por meio de medicação.
“Estamos publicando esses dados em um momento em que o aborto medicamentoso está sob ameaça de vários ângulos, especialmente sua realização via telemedicina, e estamos descobrindo que esse é um caminho essencial para o acesso ao aborto para pessoas em todo o país”, disse Isabel DoCampo, pesquisadora sênior do Instituto Guttmacher e coautora da análise dos dados.
Apesar de seu uso generalizado, o aborto medicamentoso pode se tornar muito mais difícil de acessar caso o governo Trump — seguindo o plano do Partido Republicano, chamado Projeto 2025 — tente proibir o aborto por telemedicina ou impedir o envio de pílulas abortivas pelo correio, que também são usadas para tratar abortos espontâneos e outras condições de saúde.
O Guttmacher excluiu de seu estudo abortos autogerenciados ou realizados por telemedicina em estados com proibições totais ao aborto, embora o aborto medicamentoso online esteja disponível para pessoas que vivem nesses estados. Os estados excluídos foram: Alabama, Arkansas, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Idaho, Kentucky, Louisiana, Mississippi, Oklahoma, Tennessee, Texas e Virgínia Ocidental. Dados sobre clínicas exclusivamente online não estavam disponíveis para estados que restringiram a telemedicina em 2023.
O Wyoming teve a maior proporção estimada de abortos por medicação (95% de todos os abortos) e de abortos realizados em clínicas exclusivamente online (60%), enquanto o Distrito de Colúmbia teve a menor proporção de abortos por medicação, com 44%, e também em clínicas exclusivamente online (7%).
Outros estados com altas proporções de abortos por medicação incluem: Montana (84%), Geórgia (83%), Nebraska (83%), Vermont (81%) e Delaware (77%), com proporções menores em Ohio (46%), Flórida (55%), Massachusetts (57%), Michigan (58%) e Nova York (58%).
Iowa teve a segunda maior proporção de abortos em clínicas exclusivamente online (29%), seguido por Delaware (28%), Nevada (24%), Colorado (22%) e Minnesota (21%).