Palestina

Colonos atacam palestinos horas antes do cessar-fogo

Mahmoud Abbas diz que Autoridade Palestina está pronta para governar Gaza, no mesmo momento em que em seu território, a extrema direita sionista continua atacando a população árabe

Os confrontos entre os fascistas colonos israelenses e palestinos na Cisjordânia intensificaram-se na noite do último domingo (19), em meio a um clima de tensão crescente após a trégua acordada entre o Hamas e “Israel”. Segundo informações da agência de notícias da Autoridade Palestina (AP) WAFA, acompanhadas por vídeos nas redes sociais, os ataques de colonos, acompanhados pelas forças de ocupação israelenses, se concentraram em diversas localidades, como Turmus Ayya, ‘Atara, Ein Siniya, Ein Ayoub, Qalqilya e Jaba. Na vila de Sinjil, duas casas palestinas e pelo menos quatro veículos foram incendiados, e relatos apontam para o uso de coquetéis molotov e pedras contra os moradores locais.

Esses eventos ocorreram poucas horas antes da liberação de 69 mulheres e 21 crianças palestinas detidas por “Israel”, parte de um acordo de trégua que também envolveu a devolução de três cativos israelenses. Essa troca de prisioneiros, uma derrota humilhante para a ditadura sionista, gerou revolta em setores da extrema direita israelense.

Um exemplo é a liberação, por ordem do ministro da Segurança israelense Israel Katz, de 16 colonos anteriormente presos por ataques contra palestinos, sob o pretexto de “fortalecer e encorajar os assentamentos”.

A organização Yesh Din criticou duramente a impunidade generalizada que marca os atos de violência dos colonos. Segundo um porta-voz, a falta de reação das autoridades israelenses apenas reforça a permissividade em relação à ocupação e aos ataques contra palestinos. Enquanto isso, colonos continuam ocupando terras palestinas em um esforço de expandir os assentamentos ilegais. Em al-Naqura, noroeste de Nablus, colonos começaram a instalar bases para um novo posto avançado, ameaçando agricultores locais e destruindo infraestruturas agrícolas. O plano israelense de aumentar a população de colonos na Cisjordânia para um milhão até 2050 reflete uma estratégia deliberada de anexar a região, segundo Murad Ishtiwi, da Comissão de Resistência à Colonização e ao Muro.

Enquanto a violência se intensifica, o presidente da AP Mahmoud Abbas permanece inerte diante dos ataques. Pior, tenta capitalizar politicamente sobre os eventos recentes. Em um comunicado oficial, Abbas declarou que a AP está “pronta para assumir toda a responsabilidade em Gaza”, incluindo reconstrução, gestão de serviços básicos e controle das passagens fronteiriças.

Desde a vitória do Hamas nas eleições de 2006, Abbas e sua organização corrupta tem se dedicado a deslegitimar o grupo e fortalecer o próprio controle, em total alinhamento com a política sionista. Não é surpresa que os EUA pressionem para que a AP assuma o controle de Gaza, enquanto a ditadura sionista rejeita qualquer papel tanto da AP quanto do Hamas, deixando clara a intenção de perpetuar a fragmentação do povo palestino. O apoio do imperialismo a Abbas é apenas mais uma peça na política de desmantelar qualquer liderança que represente um desafio real à ocupação.

No entanto, a Resistência Palestina segue firme, como demonstrado pela recente troca de prisioneiros. Segundo o canal oficial do Hamas no Telegram, no sétimo dia do acordo, está prevista a liberação de quatro mulheres israelenses em troca de 120 prisioneiros palestinos. A fonte destacou que os dois primeiros dias do acordo transcorreram sem problemas, com a troca bem-sucedida de prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Apesar disso, violações do cessar-fogo por parte de “Israel” foram relatadas, incluindo voos de reconhecimento e disparos contra civis.

O menino palestino Zakariya Barbakh foi martirizado após um atirador de elite das forças de ocupação israelenses alvejar civis perto da Rotatória Al-Awda, em Rafá. Outros quatro palestinos ficaram feridos pelos disparos das forças de ocupação na mesma região. Ainda em Rafá, Nader Ajlan e Zakaria Hameed Barbakh foram mortos pelos tiros israelenses. No centro de Gaza, próximo ao campo de Al-Nuseirat, mais duas pessoas ficaram feridas pelos disparos israelenses.

Ahmed Radwan, responsável pela comunicação da Defesa Civil em Rafá, informou que, somente ontem, os restos mortais de 79 mártires foram recuperados em Rafá e transferidos para hospitais em Khan Younis. Segundo ele, a maioria dos corpos encontrados estavam fragmentados ou reduzidos a estruturas ósseas, dificultando a identificação. As famílias dos mártires recorrem a marcas distintivas, pertences pessoais ou relatos de testemunhas para identificá-los.

No último dia 20, mais de 38 restos mortais foram recuperados, e as equipes continuam trabalhando. Em uma cena devastadora divulgada pelo portal libanês Al Mayadeen, uma mãe que retornou ao que restou de sua casa destruída encontrou os ossos e o crânio de seu filho. Ela os abraçou e beijou, lamentando: “por Deus, meu amor, meu único filho, eu vim por você. Ninguém te procurou além de mim. Por Deus, meu filho, eu não tenho medo de você.”

A Defesa Civil de Gaza revelou ainda que, após as forças de ocupação terem forçado suas equipes e os serviços médicos a evacuarem o norte de Gaza para o sul, em maio, todos os veículos confiscados perto do cemitério de Beit Lahia foram deliberadamente destruídos, transformados em pilhas de sucata. Essa destruição visava privar o norte de Gaza de serviços essenciais de defesa civil e atendimento médico.

A situação catastrófica fez com que a ONG Monitor de Direitos Humanos Euro-Med lançasse um apelo urgente por acesso imediato de equipes de resgate e forenses, bem como equipamentos essenciais para recuperar corpos presos sob os escombros. Estimativas apontam que mais de 11 mil pessoas estão desaparecidas em Gaza, incluindo mártires sob os destroços e indivíduos forçadamente desaparecidos em prisões de ocupação. Segundo a Defesa Civil de Gaza, o número de mártires cujos corpos foram completamente destruídos pelos bombardeios sionistas chega a 2.842.

O Euro-Med enfatizou a necessidade de documentar os restos mortais como evidências legais para processar os responsáveis em tribunais internacionais. Ainda, a ONG instou o Tribunal Penal Internacional a enviar equipes a Gaza para investigações e apelou para que especialistas internacionais supervisionem a identificação de possíveis locais de valas comuns, a fim de proteger as provas.

O jornalista Anas Al-Sharif, após visitar o campo de Jabalia e outras áreas no norte de Gaza, relatou a urgência de fornecer imediatamente tendas e abrigos temporários. “A situação é indescritivelmente trágica, com pessoas sofrendo uma destruição total e condições humanitárias terríveis que exigem intervenção urgente”, afirmou. Os ataques ao povo palestino ainda hoje demonstram que a vitória histórica conquistada pela Resistência, liderada pelo Hamas, muito em breve, terá de ser defendida com a extinção completa do Estado de “Israel” e a devida responsabilização de Mahmoud Abbas.

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