O velho urubu da política brasileira, Ciro Gomes, confirmou seu retorno ao PSDB, sendo um prelúdio de uma possível candidatura ao governo do Ceará em 2026, em meio a um bloco político direitista que já inclui o União Brasil, do bolsonarista Capitão Wagner, e o PL, partido ligado à família Bolsonaro. A articulação, revelada pela imprensa burguesa e não desmentida pelo partido, contou com a participação direta do ex-senador Tasso Jereissati e do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, que telefonou para Ciro para validar o movimento. Esse cenário marca o fim de uma década de Ciro no PDT, partido pelo qual se travestiu de trabalhista e disputou as eleições presidenciais de 2018 e 2022, e o início da oitava filiação partidária em sua carreira marcada por muitas mudanças de legenda.
Este retorno ao PSDB consolida a trajetória de Ciro como um político que transita entre diferentes espectros da burguesia e que atua sobretudo baseado em interesses pessoais, sempre alinhados ao jogo da burguesia mesmo quando, até parte da esquerda, chegou a acreditar em uma suposta defesa dos trabalhadores. Ciro é, na verdade, como um “Benjamin Button” da política brasileira — referência ao personagem que envelhece ao contrário, significando que, paradoxalmente, quanto mais tempo passa, mais regride politicamente, abandonando discursos supostamente trabalhistas para se aproximar da direita neoliberal e conservadora.
Sua extensa trajetória, que inclui passagens por sete partidos antes deste retorno ao PSDB, nos mostra um padrão claro de oportunismo e busca por espaços no aparelho de Estado burguês, sempre em conversa com bancos e nunca indo diametralmente contra seus interesses. Neste ponto, Ciro já ocupou cargos importantes na estrutura do Estado, incluindo o Ministério da Fazenda no governo do vampiro privatizador Fernando Henrique Cardoso, quando participou da implementação de políticas entreguistas que abriram caminho para a retirada de direitos e a extensão do poder do capital financeiro no Brasil. Sua atuação política não expressa nenhuma ruptura com esse modelo, pelo contrário, serve para reforçá-lo.
A participação de Ciro no bloco que tenta reunir, em torno do seu nome, legendas como PSDB, União Brasil e PL, indica a formação de uma frente que obviamente não visa aos interesses da classe trabalhadora ou da maioria da população, sendo exatamente o contrário. Ciro é a direita tragável para o engravatado, ao contrário do Bolsonaro, sendo ainda mais nocivo. É o direitista formado em Harvard que possui a cartilha do imperialismo decorada.
O retorno de Ciro ao PSDB é mais do que uma simples mudança partidária: é sintomático dos tempos atuais para compreender a conjuntura política. Para o imperialismo, a esquerda fisiológica e o próprio PT, mesmo com suas contradições, são indesejáveis. Mesmo com concessões, não são o suficiente. É preciso, para o imperialismo, ressuscitar figuras como Ciro Gomes e Tasso Jereissati, que estejam atrelados ao imperialismo por meio do cordão umbilical.
Para a classe trabalhadora e os setores populares, não há expectativa de mudanças positivas decorrentes dessa rearticulação: os projetos defendidos por essas lideranças são o pior que pode acontecer para o País, que é a entrega direta dos recursos nacionais e a briga direta e declarada aos direitos democráticos.





