Desde de janeiro de 2025, protestos artificiais vêm sendo impulsionados pelo imperialismo na Eslováquia, com o objetivo de derrubar o governo de Robert Fico, primeiro-ministro, governo que vem expressando um apoio cada vez maior à Rússia, na medida em que se aprofunda a crise econômica na Europa Ocidental, crise esta decorrente do fracasso na guerra da Ucrânia, uma guerra de agressão contra a Federação Russa.
Segundo denúncia do chefe de governo, o imperialismo, através de organizações como o USAID e NED (fachadas da Agência Central de Inteligência – CIA), e outras ONGs financiadas por George Soros (membro da burguesia imperialista, especulador do mercado financeiro), vem despejando milhões de dólares para impulsionar as manifestações, com a finalidade de substituir o governo eslováco por um que seja pró-imperialista. Os recursos são fornecidos a organizações locais da “sociedade civil” (ONGs locais, basicamente), que atuam pela “promoção da democracia”.
Trata-se do mesmo modo de operação que o imperialismo se utiliza em demais revoluções coloridas, com destaque para o Euromaidan (Ucrânia – 2014) e, mais recentemente, nas revoluções coloridas na Geórgia (2023 e 2024) e Venezuela (2024).
Além disto, as embaixadas dos EUA e dos países imperialistas europeus estão coordenando os protestos golpistas, junto às ONGs e aos partidos da oposição pró-imperialista. Nunca é demais relembrar o golpe de 2014 na Ucrânia: à época, os líderes golpistas eram habituais frequentadores da embaixada dos EUA e, além de os protestos terem contado com a presença de pessoas de confiança do imperialismo, como John McCain e Victoria Nuland, o papel golpista desta última foi exposto quando conversa telefônica sua com Geoffrey Pyatt (então embaixador dos EUA na Ucrânia) foi vazada. Na conversa Nuland afirma que já havia escolhido o novo chefe de governo da Ucrânia, à revelia inclusive do imperialismo europeu.
Em relação à atual tentativa de golpe contra a Eslováquia, Robert Fico igualmente denunciou que o regime ditatorial pró-imperialista da Ucrânia, liderado pelo presidente ilegítimo Vladrimir Zelensqui, também está atuando para derrubar o governo eslovaco. Fico destacou que nas manifestações golpistas que estão sendo promovidas, até um terço dos manifestantes são ucranianos e outros estrangeiros.
Em outra evidência de que a Ucrânia está participando do golpe, a grande imprensa ucraniana está abertamente apoiando a revolução colorida contra o povo da Eslováquia. Não bastante, em relatório o Serviço de Informação Eslovaco (SIS) expôs que mercenários da Legião Georgiana (grupo paramilitar que luta na Ucrânia, e é vinculado à inteligência militar ucraniana – GUR), estão presentes nas manifestações golpistas, sendo elementos ativos na incitação das massas e em possível tentativa de golpe. Conforme denunciado por Matúš Šutaj Eštok, ministro do Interior da Eslováquia, o comandante da legião, Mamuka Mamulashvili, possui um envolvimento direto na tentativa de golpe.
Ainda sobre a participação da Ucrânia na revolução colorida, na última quinta-feira (30), as autoridades eslovacas prenderam um homem ucraniano, sob acusação de envolvimento direto na tentativa golpista. No dia, as autoridades declararam que “atualmente, uma pessoa está no escritório da polícia de estrangeiros da fronteira, onde a expulsão administrativa está sendo realizada”.
A participação ucraniana no golpe não é inverossímil. Afinal, ao menos desde 2014 (ano do Maidan) o imperialismo, especialmente o norte-americano, vem transformando a Ucrânia em uma ponta de lança de sua ditadura mundial. Desde 2022, esse papel da Ucrânia vem se intensificando, e não se restringe mais à ação do imperialismo contra a Rússia, mas se espalhou para países do oriente médio (Síria, por exemplo), e vários países africanos que possuem governos nacionalistas.
No caso da Eslováquia, seu governo está sendo alvo do imperialismo, com a ajuda da Ucrânia, em razão da oposição à agressão contra a Rússia, como já afirmado. A oposição de Robert Fico à guerra ocorre, entre outros fatores, em razão da crise energética que vem assolando a Europa desde que o imperialismo decidiu sancionar o gás e o petróleo russo, que era a principal fonte de energia de inúmeros países europeus, a Eslováquia inclusive. Em 31 de dezembro de 2024, chegou ao fim contrato que ainda permitia o fornecimento de gás russo através do gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod, que fornecia gás para a Eslováquia (e outros países) a partir da cidade russa de Sudzha e através do território ucraniano.
A Ucrânia decidiu não renovar o contrato, prejudicando a situação energética da Eslováquia. Após isto, a oposição de Robert Fico à guerra de agressão contra a Rússia aumentou, assim como suas iniciativas perante a União Europeia defendendo o fim das sanções contra a Rússia.
Muito embora os protestos golpistas contra Fitso tenham se iniciado no final de 2024, por ocasião da reunião do primeiro-ministro a Vladimir Putin, presidente da Rússia, em Moscou, foi no final de janeiro de 2024 que as manifestações se intensificaram.
Não é a primeira vez que Fitso é alvo do imperialismo. Em maio de 2024, também em razão de sua oposição à guerra de agressão contra a Rússia, o premiê eslovaco sofreu uma tentativa de assassinato, por atirador de posição política antirrussa e que já havia participados de protestos contra o governo de Robert Fico.
Diante da revolução colorida em andamento, o primeiro-ministro vem tomando medidas para debelar a tentativa golpista, tais como investigações sobre o financiamento de ONGs, restringindo a atuação das organizações estrangeiras; expulsão de instrutores que estariam trabalhando para desestabilizar o país; introdução de leis para expor e desmantelar as operações golpista do imperialismo, conforme informado pelo portal de notícias DD Geopolitics.
Correlato a essa situação, nesta segunda-feira (03), Elon Musk, que preside o Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (DOGE), órgão do governo Donald Trump, anunciou que pretende fechar a USAID, com ações já sendo tomadas contra a organização, que atua há mais de meio século em golpes perpetrados pelos EUA. Apesar de Elon Musk também fazer parte da burguesia imperialista, e já ter demonstrado em ocasiões anteriores sua possível participação em golpes contra países oprimidos (Bolívia), a ação contra a USAID, assim como as intenções declaradas de Trump em acabar com a guerra na Ucrânia, pode prejudicar o golpe na Eslováquia.