Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Coluna

Chorar pelo fim da USAID é chorar pelo fim da ditadura militar

A única explicação para o choro da esquerda pequeno-burguesa no caso USAID é o dinheiro vindo através das ONGs

Quando Donald Trump anunciou o fechamento da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional), logo no início de seu mandato, a esquerda pequeno-burguesa derramou muitas lágrimas.

A cena lamentável chamou muito a atenção porque desde quando comecei a militar nos movimentos populares a sigla USAID vinha sempre acoplada com outra sigla MEC (Ministério da Educação e Cultura), formando a expressão “Acordo MEC-USAID”. A expressão designava um acordo feito entre a ditadura militar brasileira e os norte-americanos para destruir o sistema educacional brasileiro.

Sem entrar em detalhes técnicos, o acordo foi o responsável pelo sucateamento da educação brasileira. O Acordo MEC-USAID foi assinado com o pretexto de “modernizar” o ensino, o que na realidade era um mecanismo para atender às demandas do mercado financeiro, em detrimento de uma formação ampla. Além disso, o acordo promovia a infiltração da ideologia reacionária do imperialismo.

Enfim, a USAID era sinônimo de golpe, de ditadura militar e de intervenção imperialista. Por isso, é tão bizarro assistir à cena lamentável de choro da esquerda pequeno-burguesa quando Trump decide acabar com esse órgão.

Isso já seria o suficiente para achar ótimo que o novo presidente norte-americano tenha tomado essa decisão, não importa quais são seus motivos.

No entanto, a interferência da USAID na educação foi apenas uma parte do que a agência fez no mundo. Nos anos 60, foi a USAID quem deu treinamento para a polícia brasileira e demais países latino-americanos. Esse treinamento estava voltado para a repressão a movimentos de subversão. Indo mais direto ao ponto, a USAID foi um dos instrumentos que ensinou as práticas de tortura que foram amplamente utilizadas pelas ditaduras militares na América Latina.

Isso é apenas um mínimo pedaço do que fez a USAID. Mas o esquerdista atual, pronto a ser enganado pela propaganda imperialista e pronto a se achar “antifascista” porque está contra tudo o que Trump faz, poderia afirmar: “mas isso foi décadas atrás, a USAID hoje é uma instituição humanitária”.

Além de explicar o óbvio que é que o imperialismo não é, nunca foi e nunca será humanitário, é preciso dizer que a USAID sempre foi “humanitária”, ou seja, isso não é novidade. Ser uma agência que presta serviços sociais e humanitários é a fachada da USAID para infiltrar a política imperialista nos países. A USAID sempre foi a fachada “humanitária” da CIA para promover golpes, influenciar oposições a regimes não alinhados ao imperialismo, promover ideologias hostis aos povos desses países.

Provavelmente, Donald Trump tem motivos escusos para decidir fechar a USAID. Mas independentemente desses motivos, a esquerda deveria abrir um champagne e estourar fogos de artifício pelo fim da USAID.

O choro de um setor da esquerda apenas prova uma coisa que já estava ficando claro. A USAID, por meio de seus financiamentos “humanitários”, conseguiu infiltrar a esquerda. O principal meio ideológico dessa infiltração é o identitarismo. O choro tem a ver com dinheiro, a esquerda está envolvida até o último fio de cabelo nos esquemas corruptos do imperialismo, das ONGs e organizações desse tipo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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