52ª Universidade de Férias

China: um dos pontos centrais da crise do imperialismo

Tratada pelo chefe da CIA como "a principal ameaça" ao imperialismo, a questão chinesa será mais detalhadamente estudada na 52ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária

Em artigo publicado na revista Foreing Affairs em janeiro do ano passado e intitulado Spycraft and Statecraft, o chefe da agência do serviço secreto norte-americano, a CIA, William J. Burns foi enfático ao apontar a “maior” ameaça enfrentada pelos EUA: “embora a Rússia possa representar o desafio mais imediato, a China é a maior ameaça a longo prazo, e, nos últimos dois anos, a CIA tem se reorganizado para refletir essa prioridade”, escreveu Burns, na ocasião. Todas as medidas tomadas pelo imperialismo desde, pelo menos, a era Obama até hoje, não deixam dúvidas de que a colocação do chefe da CIA reflete exatamente a consideração feita pelos monopólios.

A política nacionalista da China, representada principalmente pela Iniciativa Cinturão e Rota, é um marco inédito na história mundial, que desafia diretamente os interesses do imperialismo. Lançado há mais de uma década, o projeto já reúne a adesão de mais de 150 países, com investimentos totais que ultrapassaram US$1 trilhão na Ásia, Europa e África, com projeções de alcançar até US$7 trilhões anuais até 2040.

O nome, uma referência à histórica Rota da Seda, reflete um esforço estratégico da China em acessar o mercado global por meio de parcerias econômicas mutuamente benéficas, especialmente com países atrasados. Ao oferecer capital e infraestrutura, algo escasso nesses países, o governo chinês estabelece uma política de “ganha-ganha”, contrastando com as práticas predatórias das potências imperialistas.

Diferentemente das nações desenvolvidas, que historicamente recorrem a privatizações, exploração intensiva de recursos e empobrecimento de populações locais, a China foca em acordos econômicos com juros baixos, investimentos em infraestrutura e, em casos de dificuldade financeira, até no perdão de dívidas. Um exemplo recente foi o anúncio de 2022 do cancelamento de 23 empréstimos para 17 países africanos, além da destinação de US$10 bilhões de suas reservas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para apoiar economias do continente. Medidas assim são centrais à estratégia chinesa de ampliação de sua influência política e econômica, em oposição direta à política imperialista de dominação e saque.

No entanto, o imperialismo norte-americano reage com hostilidade crescente. A aprovação de 25 leis anti-China, durante a chamada “Semana da China” no Congresso dos EUA, reflete o esforço para conter o gigante asiático, um consenso entre os dois principais partidos do país imperialista. As medidas incluem financiamento de campanhas de propaganda, restrições comerciais e fortalecimento de alianças com rivais regionais contra o gigante asiático. Esse ataque político e econômico revela o temor dos EUA diante do avanço chinês em mercados estratégicos, considerado “desproporcional” ao seu poderio militar.

Essa política de contenção também se manifesta em interferências na América Latina, como os golpes recentes no Brasil, que interromperam acordos estratégicos sino-brasileiros, incluindo projetos como a ferrovia transcontinental, projetada para integrar economicamente o Brasil e o Peru ao mercado chinês. A demonização da China nos órgãos de comunicação imperialistas faz parte de uma campanha mais ampla para justificar ações imperialistas contra o país. O modelo chinês não só desafia o domínio dos monopólios, mas também expõe a hipocrisia do imperialismo, que, enquanto critica a “influência maligna” da China, promove guerras, golpes e sanções para manter sua hegemonia.

O contraste entre as duas políticas salta aos olhos. Enquanto o imperialismo saúda a destruição de economias nacionais para se apoderar de seus recursos, como no caso da privatização da Eletrobrás no Brasil, a China constrói infraestrutura, como as 20 mil casas construídas em Joanesburgo em apenas 72 horas.

A independência econômica e política da China é a chave para sua capacidade de desenvolver projetos de tamanha envergadura. Ao mesmo tempo, a incapacidade dos EUA e de seus aliados de oferecerem alternativas reais a países atrasados torna evidente a fragilidade dos países desenvolvidos. Essa crise do imperialismo é intensificada pela própria natureza de sua economia, que depende da destruição e exploração para manter a lucratividade dos monopólios, enquanto a China apresenta uma alternativa que, apesar de seus próprios interesses, oferece condições mais favoráveis para o desenvolvimento dos países envolvidos.

O Brasil é um exemplo claro da tensão entre esses dois modelos. A resistência do governo Lula em aderir à Iniciativa Cinturão e Rota reflete a pressão do imperialismo sobre o País, que busca manter o controle sobre economias estratégicas da América Latina.

A política norte-americana de sabotagem e golpes visa exatamente impedir que países como o Brasil se alinhem à China, fortalecendo assim um bloco de resistência ao imperialismo. Enquanto isso, os ataques contra a China e a Rússia, classificados como “ditaduras” por órgãos como o NED, reforçam a estratégia imperialista de justificar intervenções sob o pretexto de “promover a democracia”.

Ao desafiar a ditadura mundial com investimentos reais e parcerias que respeitam a soberania dos países, a China se torna um catalisador do aprofundamento da crise do imperialismo, que se vê cada vez mais incapaz de manter sua posição sem recorrer à força bruta e à manipulação política. Por essa razão, a questão chinesa será mais detalhadamente estudada na 52ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária, que começa no próximo dia 25 e tem como tema a “A crise do imperialismo”. Inscrições podem ser feitas com os militantes do PCO ou no sítio da plataforma, nesse link. Inscreva-se já!

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