Estados Unidos

China reage a ‘tarifaço’ de Trump e intensifica guerra comercial

País asiático anunciou taxa de 34% contra Estados Unidos

Nessa quarta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um conjunto de taxas sobre importações de produtos contra mais de 180 países e territórios, despertando reações em todo o mundo. Ainda que as taxas impostas por uma ordem executiva tenham sido contestadas por toda a imprensa imperialista, Trump considera que elas permitirão corrigir desequilíbrios comerciais e proteger os empregos e a indústria norte-americana.

De acordo com a nova medida, todos os países enfrentarão uma taxa básica de 10% de exportação para os Estados Unidos. Essas taxas entrarão em vigor neste sábado (5). No entanto, a maioria dos países também serão obrigados a lidar com uma taxa de valor superior. Os principais países e blocos deste grupo são:

  • União Europeia: 20%
  • China: 54%
  • Vietnã: 46%
  • Tailândia: 36%
  • Japão: 24%
  • Camboja: 49%
  • África do Sul: 30%
  • Taiuã: 32%

De acordo com levantamento da Trade Partnership Worldwide, uma empresa de pesquisa econômica em Washington, a importação anual de sapatos, televisores e outros produtos para os Estados Unidos custará US$714 bilhões adicionais. Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump impôs um número crescente de impostos sobre importações de produtos provenientes do Canadá, México, China e outros países, além de uma gama de bens de qualquer parte do mundo.

Se as novas tarifas fossem aplicadas a tudo o que os Estados Unidos importaram no ano passado, o custo combinado de impostos sobre a importação seria aproximadamente 10 vezes o que as empresas pagaram em 2024.

Na prática, os padrões comerciais provavelmente mudarão como resultado dessas políticas, e os países podem receber isenções à medida que negociam com o governo Trump. Mas a magnitude do aumento nas taxas provavelmente permanecerá alta para a maioria das nações.

Devido à sua natureza acumulativa, as taxas de importação variam drasticamente para diferentes países. A China, que já estava sujeita a tarifas mais altas durante o primeiro mandato de Trump, saltou para quase 63% de 11%. Alguns países foram ainda mais poupados. A Irlanda, por exemplo, foi atingida com uma tarifa de 20% dada a todos os membros da União Europeia, mas as exceções na ordem executiva de Trump para produtos farmacêuticos — principal exportação da Irlanda para os Estados Unidos — significaram que a taxa média de tarifa do país aumentou minimamente.

Muitos países retaliaram com taxas próprias sobre produtos norte-americanos, com ameaças de mais medidas a seguir.

É o caso da China, um dos grandes alvos do imperialismo norte-americano. O país asiático anunciou nessa sexta-feira (4) que vai impor tarifas de 34% sobre todos os produtos importados dos Estados Unidos. A nova taxa passará a valer a partir da próxima quinta-feira (10). O governo chinês também anunciou que vai impor controles sobre a exportação de terras raras, que servem de base para a produção de muitos produtos tecnológicos, para os Estados Unidos.

Enquanto a guerra comercial se desenvolve, algumas empresas têm corrido para importar seus produtos antes que os novos impostos entrem em vigor. Outras estão correndo para garantir isenções.

As bolsas de valores em todo o mundo despencaram com o anúncio do “tarifaço”. Com as medidas anunciadas pela China, as bolsas entraram em uma queda ainda mais intensa, com o S&P 500 despencando 6%, o Dow Jones caindo 5,5% e o Nasdaq perdendo 5,8%.

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, alertou que essas tarifas podem levar a uma alta temporária da inflação e a um crescimento econômico mais lento. A incerteza sobre o futuro das relações comerciais dos Estados Unidos com seus principais parceiros comerciais continua a ser uma preocupação para os especuladores, especialmente com a possibilidade de novas retaliações por parte de outros países.

Como as empresas e os consumidores serão, em grande parte, os responsáveis pelo custo mais alto de importar bens, as políticas comerciais de Trump podem acarretar um grande impacto econômico. O próprio Trump sugeriu que suas políticas poderiam causar uma recessão.

Uma eventual subida na inflação norte-americana poderá levar a grandes consequências na América Latina. Primeiramente, um aumento nos custos de importação nos Estados Unidos pode reduzir a demanda por produtos latino-americanos.

Se a inflação subir nos Estados Unidos, as empresas norte-americanas podem ser forçadas a cortar custos, o que pode resultar em uma diminuição das compras de produtos como commodities, alimentos e manufaturados da América Latina. Isso afetaria diretamente os países da região, que dependem fortemente dessas exportações para impulsionar seu crescimento econômico.

Além disso, com o dólar mais forte devido à inflação nos EUA, os países latino-americanos podem enfrentar uma desvalorização de suas próprias moedas. Isso tornaria as importações mais caras para os países da região, exacerbando o problema da inflação local. A valorização do dólar também dificultaria o pagamento das dívidas externas, muitas das quais são denominadas em dólares, colocando pressão adicional sobre as finanças de países da América Latina.

A alta inflação nos Estados Unidos poderia afetar ainda mais os preços globais de bens essenciais, como alimentos e combustíveis, impactando diretamente o custo de vida na América Latina. Os consumidores latino-americanos, já lidando com preços elevados em muitos países da região, verão um aumento substancial no custo dos produtos importados, agravando as desigualdades sociais e a pobreza.

A diminuição da exportação poderia ser uma oportunidade para que os países latino-americanos se desenvolvessem. No entanto, uma vez que a esmagadora maioria desses governos se encontram dominados pelo imperialismo, o efeito pode ser o oposto, criando as condições para governos ultraneoliberais como de Javier Milei.

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