Política internacional

China contra-ataca e impõe 15% de tarifas contra os EUA

A ofensiva do imperialismo contra a China pode ter sido mais radical em relação a outras do tipo, mas o gigante asiático deixou claro que não aceitará passivamente a agressão

A China anunciou, na última terça-feira (4), a imposição de tarifas de até 15% sobre produtos importados dos Estados Unidos em resposta direta às novas taxações aplicadas pelo governo de Donald Trump. As medidas chinesas, que entrarão em vigor a partir de 10 de fevereiro, abrangem tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL), além de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas, carros de grande cilindrada e caminhões elétricos, incluindo o Cybertruck da Tesla.

Essa resposta do governo chinês ocorre após os EUA implementarem tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas, com a desculpa de conter o fluxo de fentanil para o território norte-americano. A decisão do governo Trump, anunciada no último domingo (2), também afetou o México e o Canadá, que conseguiram adiar as tarifas de 25% por 30 dias mediante concessões em políticas de fronteira. No entanto, a China não recebeu qualquer alívio semelhante, o que provocou a rápida resposta.

No último dia 3, Trump declarou que “a China, esperançosamente, vai parar de nos enviar fentanil, e se não o fizerem, as tarifas vão aumentar substancialmente”, disse. “Como presidente, é minha responsabilidade garantir a segurança de todos os americanos, e estou fazendo exatamente isso. Estou muito satisfeito com este resultado inicial”, comentou o mandatário norte-americano nas redes sociais.

Na defensiva após a resposta chinesa, o governo dos EUA reforçou que não estava em uma “guerra comercial”, mas em uma guerra contra as drogas. “Estamos estudando os danos causados pelo déficit comercial de US$1 trilhão”, disse o assessor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro. À jornalistas, o assessor confirmou também que Trump teria uma conversa telefônica Xi Jinping na mesma terça-feira (4), após declarar que não iria conversar com o líder chinês, porém Navarro não confirmou se a batalha comercial seria discutida.

O Ministério do Comércio da China declarou que “o aumento unilateral de tarifas dos EUA viola seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), prejudicando a cooperação econômica e comercial normal entre a China e os EUA”. Além das tarifas, o governo chinês anunciou a abertura de uma investigação antimonopólio contra o Google, pertencente à Alphabet, por suspeita de violação das leis locais, além da inclusão da PVH Corp (proprietária das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger) e da empresa de biotecnologia Illumina em uma lista de entidades não confiáveis.

As medidas chinesas incluem ainda o controle da exportação de metais estratégicos, como tungstênio, telúrio, rutênio e molibdênio, afetando diretamente indústrias norte-americanas dependentes desses insumos. Embora a China seja a maior importadora de energia do mundo, suas compras dos EUA são modestas, o que limita o impacto imediato das tarifas. No entanto, as importações chinesas de GNL dos EUA cresceram significativamente, totalizando 4,16 milhões de toneladas em 2024, no valor de US$2,41 bilhões.

A resposta da China ocorre em um momento de crescente tensão econômica global. A consultoria Oxford Economics já prevê um impacto negativo no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global até 2025, com aumento da inflação e dos juros, principalmente nos EUA. O Canadá e o México, fortemente afetados pelas tarifas de Trump, enfrentam previsões de aumento do desemprego e da inflação. No Canadá, espera-se que a taxa de desemprego suba de 6,7% para 7,8% ao longo do ano.

Trump, em sua retórica habitual, ameaçou aumentar ainda mais as tarifas caso a China não controle o fluxo de fentanil para os EUA, um pretexto cínico, uma vez que o problema do controle do fármaco dentro do território do país imperialista é do próprio governo norte-americano. Em resposta, Pequim afirmou que contestará as tarifas na OMC e adotará novas contramedidas para proteger seus interesses.

Desde o início da guerra comercial com o gigante asiático em 2018, Trump tem usado tarifas como ferramenta de pressão econômica, desestabilizando cadeias de suprimentos globais e afetando o comércio internacional. O acordo firmado em 2020 para que a China comprasse US$200 bilhões adicionais em produtos dos EUA foi prejudicado pela pandemia e resultou em um déficit comercial anual de US$361 bilhões, segundo dados chineses.

A ofensiva do imperialismo contra a China pode ter sido mais radical em relação a outras do tipo, mas o gigante asiático deixou claro que não aceitará passivamente a agressão. O resto do mundo, por outro lado, acompanhará certamente o desenvolvimento dessa resposta, para ver se Trump tem realmente a força necessária para um enfrentamento de grande magnitude contra os chineses ou está fazendo bravatas para animar sua base.

De qualquer forma, é um avanço agressivo que se choca com a forma como o imperialismo vinha conduzindo o problema representado pela China. Serão os monopólios os maiores derrotados pela política trumpista.

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