Julgamento de Bolsonaro

Chico Alencar e a ditadura da toga

Ao repetir as palavras de Moraes e ao tratar o julgamento como uma “vitória da democracia”, Alencar se coloca no campo da defesa aberta do Estado e de seu braço mais reacionário

No artigo Sem anistia!, publicado em 4 de setembro de 2025, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) expõe, de maneira cristalina, a política de submissão da esquerda pequeno-burguesa ao Judiciário e ao imperialismo. Logo no início, escreve:

“O julgamento da trama golpista está na metade do caminho. Saberemos o resultado na semana que vem. Pelo andar da carruagem, tudo leva a crer que Bolsonaro e seus asseclas – mentor e articuladores da tentativa de golpe de estado –, serão condenados.”

O deputado repete, sem questionar, a versão oficial da imprensa burguesa e do STF: a de que uma manifestação desorganizada, que resultou em ocupação de prédios públicos, seria uma “tentativa de golpe de Estado”. A aceitação dessa tese é a base de todo o seu texto. Mas é preciso perguntar: que golpe de Estado é esse, realizado por pessoas desarmadas, que não controlavam nenhuma instituição do Estado e que foram facilmente dispersadas no mesmo dia?

A caracterização de “golpe” é um recurso político. Ela serve para justificar a política do STF, que se apresenta como “salvador da democracia” e que, por meio dessa propaganda, ganha o aval de setores da esquerda para ampliar ainda mais seu poder ditatorial.

Chico Alencar ainda escreve:

“Graças à democracia, é bom não esquecer, os golpistas têm os direitos que a Constituição lhes garante: o amplo direito de defesa e do contraditório.”

Essa afirmação beira a piada. Desde o início, os processos contra os manifestantes de 8 de janeiro foram conduzidos em tempo recorde, com penas altíssimas e provas frágeis. Centenas de pessoas estão presas por estarem em frente à Praça dos Três Poderes, sem qualquer participação comprovada nos atos de vandalismo. Onde está o “amplo direito de defesa” quando o próprio STF é vítima, investigador e juiz? A Constituição, tão exaltada pelo deputado, está sendo usada como tapete para a perseguição política.

“Essa manobra [a anistia] é para fustigar o Judiciário e tentar confrontar um poder autônomo. Uma tentativa de novo golpe, dessa vez de terno e gravata.”

Chico Alencar transforma um projeto parlamentar, que poderia ser discutido no Congresso, em um novo “golpe”. Atribui aos deputados de direita uma intenção de “derrubar a Justiça”. Mas o que ele chama de “poder autônomo” é, na verdade, o poder mais profundamente atrelado ao imperialismo: o Judiciário brasileiro. O mesmo Judiciário que deu aval ao golpe de 2016, que manteve Lula preso sem provas e que hoje atua abertamente contra qualquer organização em defesa da Palestina.

“A história nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação. A pacificação do país depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições. Está certo o ministro.”

O mesmo Alexandre de Moraes que, por meio de inquéritos secretos, prendeu sem provas, bloqueou veículos de comunicação e impôs censura? Aplaudir esse tipo de declaração é chancelar a ditadura da toga. O STF não pacifica nada: ao contrário, aprofunda a crise política ao perseguir seletivamente os inimigos do regime, preparando o terreno para atacar também a esquerda.

Ao repetir as palavras de Moraes e ao tratar o julgamento como uma “vitória da democracia”, Chico Alencar se coloca no campo da defesa aberta do Estado capitalista e de seu braço mais reacionário. Sua política não combate a extrema direita: a fortalece, porque reforça a ilusão de que os trabalhadores devem confiar no mesmo regime que foi responsável por todos os golpes recentes contra o povo brasileiro.

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