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América do Norte

Canadá: Hamas e Putin derrubam mais um governo imperialista

Nota do governo canadense sobre as dificuldades econômicas do país destacam a ofensiva russa contra a OTAN na Ucrânia e "conflito mais amplo no Oriente Médio"

Em artigo publicado pelo sítio russo RT e intitulado Trudeau’s term as PM was a boon for Canada, but not the way he expected, a escritora canadense radicada em Paris Rachel Marsden traz um resumo dos últimos dias do primeiro-ministro Justin Trudeau, que no último dia 6, renunciou ao governo do país norte-americano. “Durante as férias”, narra Marsden, “ele foi para a província mais ocidental da Colúmbia Britânica para esquiar, onde foi flagrado pelas câmeras sendo recebido por uma moradora local, que disse ao cumprimentá-lo: ‘Sr. Primeiro-Ministro, por favor, saia da po*** da Colúmbia Britânica. Você é um lixo!’”, ao que a escritora acrescenta: “um coro cada vez maior de palavrões de origem nacional tem seguido Trudeau para onde quer que ele vá”. Eis o que a crise imperialista fez com um político outrora considerado progressista. Olhando os números do país, não é difícil entender o motivo.

A crise inflacionária assola a economia canadense, com os aluguéis atingindo alta de 7,7% no último balanço apresentado pelo órgão governamental de estatísticas, o Statistics Canada, que divulgou a pressão sobre o custo da moradia no último mês de novembro. Ainda segundo o órgão, os custos de alimentação subiram 2,8%. Ao contrário de países como o Brasil, alvo da pilhagem dos países desenvolvidos, o Canadá não é vampirizado por países estrangeiros, ou pelo menos não com a virulência que sofrem os países atrasados, razão pela qual a inflação canadense é bastante elevada.

Na contramão dos preços subindo, o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas de uma dada sociedade) sendo projetado para crescer abaixo da escalada dos preços: 1,25%. A conjuntura levou economistas canadenses como o professor da Universidade de Dalhousie Lars Osberg a defenderem que o país já enfrenta uma recessão. Citando-o, o sítio Financial Post declarou, em matéria intitulada Canada stuck in recession if you look past the headline numbers, say economists e publicada no último dia 6:

“A verdadeira medida da economia de um país, disse Osberg, é o PIB real per capita, a produção de uma economia por pessoa. O PIB real per capita do Canadá no terceiro trimestre diminuiu pelo sexto trimestre consecutivo, caindo 0,4%.”

Consequência do desaquecimento da atividade econômica, o desemprego já atinge 6,8% da força de trabalho canadense. Entre os jovens, a taxa de desocupação atinge 13,5%, situação que deve piorar com a tendência de alta da taxa básica de juros, que no Canadá, aumentou cinco vezes ao longo de 2024, encerrando em 3,25%. A política econômica, por sinal, foi o pontapé para a abertura da última crise antes de o governo Trudeau cair, ocorrida em dezembro, quando a então vice-primeira-ministra e ministra das Finanças Chrystia Freeland renunciou após ser demitida do cargo.

Em um comunicado oficial, o governo destacou a turbulência causada pela crise imperialista e expressa na “invasão em grande escala e sem provocação da Rússia na Ucrânia”, segundo o relatório Economic and Fiscal Overview, publicado no dia 16. “A volatilidade nos mercados acionários globais aumentou nos últimos meses em meio à crescente incerteza sobre possíveis tensões comerciais, um conflito mais amplo no Oriente Médio e um crescimento global mais fraco”, acrescenta a nota, que também destaca a “pandemia” como um fenômeno desestabilizador da economia mundial.

Comentando a situação política do país, o jornal imperialista Folha de S. Paulo destaca o peso das políticas imperialistas, sobretudo a partir da crise impulsionada pelo COVID: “há dois anos, a aprovação do premiê despencou, uma queda puxada por indignação com a inflação e escassez de moradias”, destaca o artigo intitulado Premiê do Canadá, Justin Trudeau anuncia que deixará cargo em meio a crise partidária, acrescentando ainda: “durante a pandemia da Covid-19, no início de 2022, o premiê defendeu medidas restritivas como lockdowns e obrigatoriedade de vacinas, e foi enfrentado por manifestantes que bloquearam cidades e pontes na fronteira com os EUA contra as medidas”.

Tendo mergulhado de cabeça na política imperialista também para lidar com a pandemia, na ocasião, Trudeau chegou a decretar Estado de Emergência para combater os manifestantes, que se opunham às severas restrições impostas pelo governo e que tiveram nos chamados “Comboios da Liberdade” a mais radicalizada expressão do descontentamento popular. “Apesar da polarização relativa ao tema, a popularidade do premiê, que tomou ações como a declaração de estado de emergência durante os protestos, nunca se recuperou”, conclui a matéria da Folha de S. Paulo.

Em uma conjuntura como essa, com descontentamento e crise econômica, a pretensão anunciada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de aumentar as tarifas de importação no Canadá, em um momento no qual a balança do comércio exterior do país enfrenta um déficit de 320 milhões de dólares apenas no mês de novembro. Sem o comércio com os EUA, o país norte-americano enfrenta um déficit de 8,5 bilhões de dólares canadenses. Caso o aumento das tarifas se concretize, a única tendência é uma piora no quadro geral do país, que Trudeau não conseguiu solucionar. Não apenas ele.

A conjuntura de inflação elevada, recessão econômica e profundo desgaste acentuado pela adesão à política imperialista em relação à guerra no Leste Europeu, e pelo apoio à ditadura sionista, também marca outros países imperialistas, em especial a Alemanha, onde o governo já caiu e deve realizar eleições parlamentares no dia 25 de fevereiro. Na França, o presidente Emmanuel Macron tem conseguido se manter em pé a duras penas e apenas a base de golpes, porém, seu último primeiro-ministro caiu com menos de cinco meses de governo.

No mais importante país imperialista do mundo, os EUA, a mesma crise liquidou o governo do democrata Joe Biden, levando Donald Trump de volta à Casa Branca em uma vitória que deu ao republicano maioria no Senado e na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil). Será preciso acompanhar o segundo mandato de Trump e os encaminhamentos do Reino Unido, onde o trabalhista sionista Keir Starmer já enfrenta protestos e uma grande desmoralização, com abaixo-assinado pedindo sua renúncia e levantando dezenas de milhares de apoio por hora.

Não restam dúvidas de que embora cínico e demagogo, a nota do governo canadense acerta ao creditar sua turbulência à Putin e à Resistência Palestina. Os dois principais enfrentamentos militares do imperialismo na atualidade provocam uma erosão da autoridade desses países, obrigando somas de recursos cada vez maiores para impedir a derrota total, seja da Ucrânia, seja de “Israel”, o que seria ainda mais catastrófico, mas é o que deve acontecer.

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