Nessa segunda-feira (7), demonstrando uma vez mais ser um cão de estimação do sionismo, a Autoridade Palestina (AP) reprimiu brutalmente manifestações de solidariedade à Faixa de Gaza ocorridas na Cisjordânia. Enquanto isso, “Israel” segue massacrando mais de 1.450 palestinos desde 18 de março, segundo o Ministério da Saúde local. Desde o 7 de Outubro, quando começou a atual etapa do genocídio sionista contra o povo árabe, a AP nada fez em defesa dos palestinos, atuando, porém, abertamente contra eles e em defesa de “Israel” em diversos momentos, como no cerco a Jenin, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.
Em Ramalá, perto da rotatória Al-Manara, forças de segurança agrediram e prenderam manifestantes, incluindo uma mulher, durante a greve geral contra o genocídio em Gaza. Em Beita, o ativista Dr. Abdulsalam Mualla foi detido após discurso inflamado, somando-se a uma garota presa por escrever “Gaza está queimando” em um muro, conforme o canal no Telegram RNN Prisoners. A repressão escancara a submissão da Autoridade ao país artificial “Israel”, em plena carnificina apoiada pelos EUA.
Na segunda-feira (7), a Cisjordânia parou em uma greve geral convocada pela Resistência Palestina contra a “guerra de extermínio” em Gaza e os ataques contínuos nas cidades da região. Lojas, escolas e repartições fecharam, mas a solidariedade foi sufocada. Em Ramalá, relatos da emissora catarense Al Jazeera confirmam que as forças da AP agrediram participantes e efetuaram prisões.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) denunciou a nova traição em nota publicada na última terça-feira (8): “a campanha de prisões da Autoridade contra nosso povo após atividades de apoio a Gaza é um sinal perigoso, um comportamento que serve aos objetivos da ocupação e uma facada nas costas dos palestinos”. Segundo maior partido da Resistência, a Jiade Islâmica declarou: “essa fase exige união para impedir o deslocamento em Gaza e na Cisjordânia”. Ismail Sandawi, da Jiade Islâmica, disse à Al Jazeera: “a forte adesão à greve mundial contra o genocídio e os assassinatos de socorristas contrasta com a repressão [da AP]; essas ações não são patrióticas”.
Preso em Beita, o Dr. Abdulsalam Mualla já havia criticado os cães de guarda de “Israel” antes, dizendo: “Gaza recusou seguir o rebanho e o caminho ditado pela ocupação, insistiu em ser um ator político fora das condições impostas por todos os regimes árabes e islâmicos, subordinados ao sistema criminoso que plantou a ocupação na Palestina”.
Intimado pela repressão da AP, recusou: “esse procedimento é ilegal, não vou responder; quem me chama deve primeiro me proteger da ocupação, que invadiu minha casa várias vezes, atirou em mim e prendeu meu filho há um ano e meio sem ajuda alguma”. A Comissão de Famílias de Detidos Políticos na Cisjordânia defendeu a posição de Mualla: “a dignidade do povo palestino e seu direito de resistir são linhas vermelhas; essas políticas só aumentam nossa determinação pela libertação”.
A Faixa de Gaza é um campo de extermínio desde que “Israel” rompeu a trégua em 18 de março, retomando bombardeios que mataram 50.752 desde outubro de 2023, majoritariamente mulheres e crianças, e feriram 115.475, segundo dados oficiais. Só nas últimas 24 horas até terça-feira (8), 58 mártires foram registrados. Hospitais como Al-Shifa sofreram 12 ataques desde março, matando 30 profissionais de saúde, conforme a OMS.
Escolas da UNRWA, como em Jabalia, foram bombardeadas, com 22 mortos, conforme pericia feita pela ONG Human Rights Watch. Jornalistas, como Wael Dahdouh da rede Al Jazeera, foram assassinados aos montes e paramédicos do Crescente Vermelho estão entre as vítimas de um massacre sem resposta bélica por parte da AP.
Na Cisjordânia, a repressão da força árabe de apoio ao sionismo acompanha a violência dos invasores da Palestina. Em Jenin e Tulcarém, suas forças atuam com o exército de “Israel”, que matou 945 palestinos e feriu 7 mil desde 2023, segundo dados oficiais.
600 casas foram destruídas na cidade e 3.250 estão inabitáveis, com 21 mil deslocados, diz o Ministério da Imprensa local. Em resposta, a AP informou que pretende construir três centros de abrigo para deslocados, porém o anúncio foi amplamente criticado.
Jovem ouvido pelo sítio Al Quds, Fakhri Jaradat criticou os “centros de abrigo” da AP: “é vergonhoso, desvaloriza os moradores; o correto é obrigar a ocupação [‘Israel’] a deixá-los”, criticou. No mesmo sítio, o morador de Tulcarém Alaa Jiousi, acusou: “falar em abrigos é estar em sintonia com a ocupação para humilhar e expulsar os refugiados”. O porta-voz Nabil Abu Rudeineh disse em 3 de fevereiro que “Israel” faz “guerra total na Cisjordânia”, e a AP esmaga quem resiste.
A Autoridade Palestina sabotou até investigações internacionais. Segundo denúncia do órgão Middle East Eye, sob pressão dos EUA, a entidade adulterou uma resolução da ONU para apurar crimes de “Israel”, reduzindo-a a “considerar a criação” de um mecanismo, após ameaças norte-americanas em 31 de março. Um oficial dos EUA admitiu: “convencemos a Autoridade a amenizar o texto”.
Em plena matança, porém, o alvo do presidente da AP, Mohammed Abbas, continua sendo o Hamas. Na terça-feira (8), sua presidência declarou: “solicitamos que o Hamas não continue oferecendo pretextos à ocupação para que ela prossiga com sua guerra de extermínio; convocamos o grupo islâmico a assumir suas responsabilidades, alinhar-se à posição oficial palestina e às iniciativas árabes, e parar de tomar decisões irresponsáveis”.
Para o governo ilegítimo de Abbas, “Israel” estaria se aproveitando da reação dos palestinos contra mais de cem anos de humilhação para piorar a situação dos árabes.
O governo norte-americano despeja US$3,8 bilhões anuais em armas para “Israel”, segundo o Pentágono. A ONU e os governos do mundo inteiro assistem inertes enquanto a principal potência imperialista do planeta, os EUA, mantém a máquina de guerra sionista massacrando os palestinos com a máxima crueldade. É nessas condições que a AP reforça sua política de atacar os palestinos, o Hamas e a Resistência, que lutam praticamente sozinhos.
Enquanto isso, a entidade prende seu povo e culpa o Hamas por um massacre que não enfrenta. São cães de guarda do sionismo, vendidos ao imperialismo, que, mesmo sendo familiares e vizinhos do povo martirizado e, aceitam as migalhas dos EUA para defenderem “Israel” contra seus próprios pares. Uma corja de ratos a quem a pior das punições que for aplicada quando os palestinos derrotarem o imperialismo, nem por acaso, será equivalente à perfídia que cometem.