Em editorial veiculado no dia 14 de março, o jornal O Globo, parte do monopólio das comunicações do grupo jornalístico pertencente à família Marinho, que no Brasil vocaliza os interesses do imperialismo norte-americano, veiculou matéria criticando a decisão do juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, que anulou dois leilões realizados em 2024 pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tinha por objetivo conceder à iniciativa privada a construção e a manutenção de 33 escolas.
Em sua linha de argumento para justificar a decisão contrária aos leilões, o magistrado sustenta que “as possibilidades de deliberar de modo colegiado e participativo por todos os atores envolvidos na educação não podem ser subtraídas da comunidade escolar, com a transferência a uma empresa privada”. Indo adiante, diz ainda que “não é possível dissociar o espaço físico da atividade pedagógica e afirma ser dever do Estado promover ‘gestão democrática’ envolvendo a comunidade escolar“.
Por sua vez, insurgindo-se contra os argumentos do juiz, o editorial diz que “governos precisam ter autonomia para decidir sobre políticas públicas. Para isso foram eleitos, com base nos programas apresentados na campanha eleitoral e chancelados pelo voto” (O Globo, 14/3).
Admitindo como plausível o que diz o editorial do veículo apoiador da ditadura militar de 64 – que “governos precisam ter autonomia para decidir sobre políticas públicas; para isso foram eleitos, com base nos programas apresentados na campanha eleitoral e chancelados pelo voto” – devemos perguntar então porque o jornalismo das organizações Globo faz cerrada oposição ao programa de governo do presidente Lula (legitimamente eleito pelo voto popular) atacando, em todas as oportunidades, as iniciativas da gestão petista à frente do executivo nacional. Os programas sociais do governo, ainda que limitados em relação às necessidades da população, são alvos constantes dos ataques do jornalismo golpista, reacionário e direitista da rede Globo.
O raciocínio é simples: quando se trata de defender a privatização da educação e da saúde; atacar os programas sociais, manter a “independência” do Banco Central; defender a política de juros escorchantes; a defesa da continuidade do pagamento dos juros da dívida pública; defender o pagamento de bilhões de dividendos aos acionistas sanguessugas da Petrobrás, é lícito desconhecer a legitimidade do voto popular que se opôs, em 2022, a esse programa.
Ao apoiar o programa antipopular e de ataques aos direitos da população implementado em São Paulo pelo governador neoliberal bolsonarista, Tarcísio de Freitas, o jornalismo das organizações Globo escancara seu projeto de país paras o próximo período, que não é outro senão entregar ao imperialismo o controle da economia nacional, como está fazendo o presidente golpista argentino, Javier Millei, exaltado pelo jornalismo da Globo como exemplo de “gestão eficiente”. Millei leva adiante no país vizinho uma política de guerra, ataques e repressão contra os trabalhadores, tentando impor, a ferro e fogo, o programa do imperialismo na Argentina.
Esse é, portanto, o plano de conjunto da burguesia para 2026, ou seja, viabilizar uma candidatura que tenha como programa de governo a completa liquidação do país, a exemplo do que ocorre com os “hermanos” vizinhos.