Depois de anos exercendo seu papel de xerife autoritário contra a direita bolsonarista, usando e abusando de medidas repressivas ilegais — como prisões arbitrárias, censura e punições absurdas —, Alexandre de Moraes foi obrigado a recuar e não decretou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Moraes impôs o uso de tornozeleira eletrônica e proibiu o uso das redes sociais, mas, na hora de determinar sua prisão preventiva — como vem acontecendo com bolsonaristas muito menos relevantes —, Moraes preferiu pedir explicações. Algo inédito vindo de quem age, normalmente, como um monarca absolutista, determinando bloqueios de redes sociais, censuras à imprensa e mandados de prisão sem qualquer trâmite legal ou constitucional.
A mudança de postura não é casual. Os apoiadores ficaram perplexos com a hesitação do “herói da democracia”. Alguns chegaram a especular que se tratava de uma “estratégia para uma prisão em grande estilo”. Nada mais falso. O que se vê é uma clara demonstração de fraqueza.
A burguesia sabe que prender Bolsonaro é um passo extremamente arriscado. O ex-presidente conta com apoio expressivo: foi votado por quase metade do eleitorado em 2022, tem a maior bancada no Congresso Nacional, apoio de governadores, de parte significativa dos militares e da base evangélica. A esquerda pequeno-burguesa pode fingir que ele é um “cachorro morto”, mas quem comanda a operação judicial sabe que a realidade é bem diferente.
Prender Bolsonaro não é como perseguir idosas com trombose. É uma bomba prestes a explodir. A situação social no Brasil é gravíssima, apesar das manipulações estatísticas do governo Lula. A política econômica de Fernando Haddad é impopular, o governo é fraco e incapaz de oferecer qualquer resposta real à crise. O STF, por sua vez, é altamente impopular e visto pela população como um instrumento de repressão. A prisão do líder da extrema direita acabe servindo como estopim para uma convulsão política de grandes proporções.





