Em artigo publicado nessa semana, articulistas da Folha de S.Paulo afirmam que os partidos do chamado “Centrão” e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), buscam um acordo para anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A iniciativa, que visa libertar Bolsonaro após uma eventual condenação e prisão, tem como principal objetivo pavimentar o caminho para a candidatura de Tarcísio ao Palácio do Planalto.
A estratégia envolve um acordo político complexo que vai além do Congresso. A proposta, ainda em fase de elaboração, prevê a aprovação de um projeto de lei de anistia pela Câmara dos Deputados e um compromisso para que o Supremo Tribunal Federal (STF) não derrube a medida. A Folha destaca que, mesmo com a anistia, Bolsonaro permaneceria inelegível, abrindo espaço para que Tarcísio se torne o sucessor político do ex-presidente, uma demanda crescente da base bolsonarista.
A reportagem da Folha aponta ainda que as negociações ganharam força com o desenvolvimento do julgamento de Bolsonaro no STF. A pressão para que o ex-presidente apoie Tarcísio em 2026, conforme noticiado pela Folha, tem sido um dos principais motores da articulação. Inicialmente, Tarcísio resistia em se envolver diretamente na questão, mas condicionou sua participação ao apoio explícito de Bolsonaro e seus filhos.
Após uma visita a Bolsonaro na prisão domiciliar, Tarcísio teria intensificado suas conversas com lideranças políticas. A Folha afirma que que essa ofensiva pró-anistia é a principal demanda do bolsonarismo, e o acordo poderia ajudar a consolidar o apoio das alas mais radicais do grupo à candidatura do governador. O jornal também menciona que o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, Lindbergh Farias, atribuiu o avanço da anistia à articulação de Tarcísio, que “matou no peito” a responsabilidade para viabilizar sua candidatura.
A suposta ofensiva de Tarcísio de Freitas é um complemento à perseguição judicial protagonizada pelo STF. O objetivo do julgamento é exatamente este: coagir Bolsonaro a entrar em um acordo com o regime político. O governador de São Paulo, neste sentido, muito longe de querer “salvar” o ex-presidente, está cavando sua cova, empurrando-o para um acordo que, na prática, levará à sua exclusão do próximo governo.
A burguesia não quer nem Bolsonaro, nem Lula como presidentes. Tarcísio, no entanto, só poderá ser eleito com apoio de Bolsonaro. E Bolsonaro, por sua vez, só poderia apoiar Tarcísio — o que seria um erro em qualquer cenário — se houver garantias de que ele não fique preso.
Durante participação em entrevista realizada na TV 247, Rui Costa Pimenta comentou essa situação:
“O plano A do Bolsonaro é o próprio Bolsonaro. O Tarcísio será o plano B, e é com isso que a burguesia está contando, acelerando para ver se condenam logo o Bolsonaro e lançam a campanha eleitoral do Tarcísio. Afinal, vai ter que convencer o bolsonarismo de que o Tarcísio é um bom candidato. Eles falam abertamente isso, que o Bolsonaro estaria ‘empatando’, na verdade, ‘atravancando’. Então, tem que tirar logo o Bolsonaro da pista para acelerar o processo. O Bolsonaro é o melhor amigo do Lula, porque ele está impedindo a candidatura do Tarcísio de progredir.”





