Polêmica

Brasil vai bem?

Atual mandato de Lula, longe de ser um sucesso retumbante, é um governo fraco e acuado, pressionado por todos os lados pelo Congresso Nacional, pelo Judiciário e pela imprensa

O artigo O Brasil vai bem, obrigado, de autoria do sociólogo Emir Sader, publicado recentemente pelo Brasil 247, é mais uma peça de propaganda do folclore petista. No texto, o autor entoa loas ao que chama de “sucesso” do governo Lula e do PT, afirmando que o país vive sua “melhor situação de todos os pontos de vista”. No entanto, o que Sader apresenta como uma análise de conjuntura é, na verdade, uma peça de propaganda anestésica que tenta substituir o prato de comida por estatísticas de Produto Interno Bruto (PIB) e a mobilização popular por um ufanismo eleitoral que ignora as profundas carências da classe trabalhadora.

A tese de que o “Brasil vai bem” esbarra no fato elementar de que o povo brasileiro não come propaganda. Não adianta alardear o crescimento econômico se o salário mínimo continua sendo um dos mais desvalorizados da América do Sul, insuficiente para cobrir as necessidades básicas de uma família. A realidade material é que 54 milhões de brasileiros — uma parcela gigantesca da população — continuam dependendo do Bolsa Família para não sucumbir à fome absoluta. O sucesso proclamado por Sader ignora a ausência de medidas de impacto real, como grandes obras de infraestrutura que poderiam gerar emprego em massa e transformar a vida cotidiana. O governo limita-se a gerir a escassez dentro das travas do capital financeiro, enquanto a burocracia celebra números que não se traduzem em melhoria definitiva para quem vive do próprio suor.

No plano internacional, o autor celebra um fortalecimento dos BRICS que, na prática, tem sido sabotado pela própria diplomacia brasileira. Embora seja positivo que o Brasil ocupe espaço no bloco, o governo Lula tem atuado para pressionar os BRICS à direita, agindo como um freio às tendências mais combativas ao imperialismo. O veto à entrada da Venezuela no bloco foi um dos episódios mais vergonhosos da história recente do país, uma capitulação direta que enfraquece o bloco e reduz sua capacidade de enfrentar a ditadura do dólar. Falar em “consolidação do papel do Brasil” enquanto o governo se submete ao imperialismo para mascarar a falta de uma política externa de fato independente e soberana.

A afirmação de que “o PT deu certo” é o ponto máximo do cinismo analítico. Para Sader, “dar certo” resume-se à capacidade de ganhar eleições e manter o aparato partidário vivo. No entanto, o parâmetro de sucesso deveria ser a mudança estrutural na vida do povo, algo que não ocorreu. Prova disso é que o que foi construído em 14 anos de governos petistas foi quase inteiramente desmantelado no golpe de 2016. O atual mandato de Lula, longe de ser um sucesso retumbante, é um governo fraco e acuado, pressionado por todos os lados pelo Congresso Nacional, pelo Judiciário e pela imprensa. O governo não governa; ele negocia a própria sobrevivência a cada votação, entregando nacos do orçamento e da soberania em troca de uma estabilidade precária.

A mitologia lulista propagada por artigos como o de Emir Sader paralisa o povo. Ao dizer que “está tudo bem”, a intelectualidade pequeno-burguesa desestimula a mobilização e a luta independente dos trabalhadores. O Brasil não vai bem para os milhões que enfrentam a inflação dos alimentos e o desemprego disfarçado; ele vai bem apenas para a burocracia que acha que foi acolhida pela burguesia, mas que, em breve, verá se repetir o que aconteceu em 2016.

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