Economia

Brasil sofre maior fuga de capitais da história

Mesmo submisso, governo não consegue atrair apoio de especuladores

O Banco Central divulgou na última quinta-feira (10) os dados da maior fuga de dólares da história do Brasil. Somente no primeiro trimestre de 2025, o País registrou uma saída líquida de US$15,8 bilhões – superando inclusive os piores momentos da pandemia de COVID-19, em 2020. Os números revelam um aprofundamento da crise econômica e escancaram o fracasso da política do governo Lula, que se esforça em agradar os capitalistas, mas, mesmo assim, não consegue o seu apoio.

A debandada de capitais representa uma verdadeira sangria da economia nacional. Em março, a retirada de recursos somou US$8,3 bilhões, também o maior valor mensal desde o início da série histórica, em 1982.

Esse montante veio principalmente da mobilização financeira, que abrange principalmente as remessas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras e demais investimentos: um total de US$12,8 bilhões. Ou seja, os capitalistas internacionais estão retirando seus lucros do Brasil em ritmo acelerado, indicando perda de confiança no governo.

A entrada líquida na conta comercial (exportações e importações) foi de apenas US$4,5 bilhões, insuficiente para compensar o rombo deixado pela fuga do capital especulativo. Em outras palavras: o capital que entra para gerar produção é mínimo, enquanto o capital que sai — que nada produz — é massivo. Isso demonstra que a economia brasileira continua sendo profundamente dependente dos humores do mercado financeiro internacional, e que o governo não tem conseguido — nem tenta — romper com essa dependência.

Eleito com o apoio de amplos setores populares e com a promessa de reconstruir o País após o golpe de 2016, o governo Lula está fracassando devido a sua política de frente ampla. A presença de figuras como Fernando Haddad no Ministério da Fazenda e Gabriel Galípolo no Banco Central têm como objetivo sinalizar coisas como “responsabilidade fiscal”, “credibilidade internacional” e confiança aos “investidores”. O resultado, porém, é o oposto.

Apesar de ter se comprometido com o novo arcabouço fiscal e de repetir promessas de ajuste e equilíbrio orçamentário, o governo vê os dólares saírem em volumes recordes. A especulação está vencendo. Mesmo com uma postura dócil, que busca preservar os interesses do capital, os especuladores não retribuem com confiança, mas com debandada.

A política de conciliação com o grande capital não garante estabilidade nem crescimento, apenas enfraquece o governo diante de seus inimigos. O mercado financeiro internacional exige sangue, cortes, privatizações, destruição de direitos.

Não se contenta com uma adaptação parcial — exige submissão completa. Mesmo quando consegue concessões continua punindo o governo com a fuga de capitais e o ataque ao real. Na atual etapa de crise, o grande capital exige um governo como o do argentino Javier Milei, o que jamais terá de um governo de base popular como o do Partido dos Trabalhadores (PT).

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