Nesta quarta-feira (17), o Brasil consolidou sua posição como a nação com a segunda maior taxa de juros real do mundo, uma realidade que se manteve após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% ao ano. A determinação criminosa do Copom reforça a política monetária imposta pelo grande capital ao país e a coloca em um patamar não visto desde julho de 2006, há quase duas décadas.
A taxa de juros real é calculada a partir da taxa de juros nominal (a Selic, no caso brasileiro) menos a inflação esperada para os próximos 12 meses. De acordo com um levantamento detalhado da consultoria MoneYou, o juro real do Brasil ficou em 9,51%. Este número coloca o país apenas atrás da Turquia, que lidera a lista mundial com um juro real de 12,34%. Em terceiro lugar, a Rússia completa o pódio com 4,79%, um patamar significativamente mais baixo que o brasileiro.
A decisão do Copom não surpreendeu o mercado financeiro, que já esperava a manutenção da Selic. O Banco Central justificou a medida apontando para uma combinação de fatores internos e externos que ainda geram incerteza inflacionária. No comunicado oficial, o Copom destacou que a inflação e suas medidas subjacentes ainda estão acima da meta estabelecida. Trata-se da mesma mentira que vinha sendo ditada pelo presidente anterior do Banco Central, o banqueiro Roberto Campos Neto. O atual presidente, Gabriel Galípolo, embora tenha sido indicado por Lula, é um continuador da política criminosa de Campos Neto.
Em relação aos fatores externos, o Copom mencionou a política econômica dos Estados Unidos e a volatilidade nos mercados financeiros globais, agravada pelas tensões internacionais e pelos “tarifaços” de Donald Trump. O comunicado ressaltou que esse cenário externo exige “particular cautela por parte de países emergentes”.
O patamar elevado da Selic tem consequências diretas para a economia. O Ministério da Fazenda já revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 de 2,5% para 2,3%. A pasta atribui essa desaceleração aos “efeitos cumulativos mais intensos da política monetária contracionista no crédito e na atividade”. Em termos práticos, juros altos encarecem o crédito para empresas e consumidores, desestimulando investimentos e o consumo, o que impacta diretamente o crescimento.
A taxa de juros nas alturas desmascara a política do Ministério da Fazenda, que vem promovendo uma série de cortes sociais sob pretexto de “equilibrar as contas”. Graças ao mecanismo criminoso da dívida pública, a taxa de juros a 15% faz com que os gastos do governo aumentem extraordinariamente, anulando o que a Fazenda supostamente teria economizado com os cortes sociais.
Apesar de as taxas altas contrastarem com os objetivos desenvolvimentistas do presidente Lula, o Copom tem sinalizado que a taxa será mantida neste nível por um “período bastante prolongado”. A próxima reunião do Copom para definir o futuro da Selic está marcada para novembro.





