Durante a Plenária Estadual do Partido da Causa Operária (PCO), realizada neste sábado, o dirigente João Caproni Pimenta fez uma fala denunciou o processo de cassação do partido como parte de uma escalada ditatorial. Segundo ele, o ataque ao registro do PCO integra uma tentativa mais ampla de repressão à oposição política, diante da crise do regime instaurado desde o golpe de 2016.
Pimenta destacou que a perseguição ao Partido não começou agora. “O Partido tem sido sistematicamente perseguido pelo STF. Tivemos as redes sociais bloqueadas no começo de 2022. Durante a eleição, o partido foi sabotado de forma descarada, com o atraso na liberação do financiamento eleitoral”. Em 2024 a liberação do fundo foi feita a apenas nove dias do pleito, o que inviabilizou a campanha.
Para o dirigente, a tentativa de cassar o partido não é apenas uma retaliação pontual. “Isso não é uma birra pessoal conosco, é um problema de proporções muito maiores”, afirmou. Ele citou reportagem da revista Veja que cobrava o avanço do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como prova de que setores da direita pressionam pela extinção do partido.
João Pimenta apontou que o Brasil vive um processo de aprofundamento do regime ditatorial implantado após o golpe contra Dilma Rousseff em 2016. “Estamos vendo uma escalada muito sensível da ditadura da burguesia no Brasil”, afirmou, lembrando que hoje “contar piada dá cadeia, fazer entrevista dá cadeia, publicar reportagem dá multa escandalosa”.
Ele também denunciou que a prisão provisória se transformou em instrumento arbitrário e permanente de repressão: “se der na telha de um determinado juiz, ele vai decretar a prisão da pessoa sem condenação, sem nada, e o cidadão vai ficar lá amargando a pena de prisão sem ser condenado”.
Segundo Pimenta, o cerco ao PCO ocorre porque o partido se tornou uma força política real em meio a uma crise explosiva do regime. “Um partido capaz de atuar com independência, fazer propaganda com alcance, com política acertada, é um material muito explosivo numa situação que já é por si só explosiva”. Ele também afirmou que o regime teme o crescimento do partido entre setores amplos da população, inclusive os que hoje se alinham à extrema direita por revolta e falta de alternativa.
Ao comparar a atual tentativa de cassação à extinção do Partido Comunista Brasileiro em 1947, Pimenta ressaltou o caráter político disfarçado da ofensiva jurídica. “Assim como no caso do PCB, as acusações são administrativas, burocráticas. No nosso caso, apontam supostos problemas em prestações de contas que jamais foram provados ou comparáveis aos de partidos como MDB ou DEM”, afirmou.
Pimenta sublinhou o crescimento da influência do Partido na luta em defesa da liberdade de expressão, na solidariedade ao povo palestino e na denúncia do imperialismo. Segundo ele, impedir a cassação do PCO é tarefa fundamental que deve se transformar em uma campanha nacional em defesa dos direitos democráticos e da construção de um partido revolucionário de massas.
O dirigente afirmou ainda que o Brasil ocupa uma posição estratégica na conjuntura mundial e pode desempenhar papel central na luta contra o imperialismo. “Guardadas as devidas proporções, o Brasil é um dos países chave para a situação mundial hoje”, afirmou. Para ele, dentro dos BRICS, apenas Rússia e China já consolidaram regimes mais estáveis e orientados contra o imperialismo.
“O Brasil é a economia mais importante que pode ir para qualquer lado. Pode tanto ter um movimento de características revolucionárias […] como ele pode ser escravizado e transformado numa Argentina.”





