Governo Lula

Boulos defende que seu amigo Datena seja contratado para EBC

Criador do bordão "bandido bom é bandido morto" foi anunciado como novo contratado de emissora estatal

Nesta quarta-feira (03), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, realizou uma defesa pela contratação de José Luiz Datena ao cargo de apresentador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A EBC é uma empresa pública federal que presta serviços de radiodifusão pública e gere as emissoras de rádio e televisão públicas federais, possuindo um conglomerado de imprensa no Brasil.

Boulos foi recentemente nomeado ao ministério pelo presidente Lula, supostamente para contribuir com a mobilização favorável ao governo. Tarefa cuja realização não foi constatada em nenhum momento.

A divulgação da concessão do espaço para um talk show na emissora e um programa diário na Rádio Nacional para Datena ocasionou repercussão, sendo condenada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelos sindicatos dos jornalistas do Distrito Federal, do município do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Estas entidades denunciaram em nota pública que Datena: “consolidou um tipo de jornalismo marcado pelo desrespeito sistemático aos direitos humanos e pelo proselitismo político”.

Rapidamente Boulos apontou em defesa do postulante da EBC, evocando um suposto Datena do passado. Ele “já se dedicou a pautas progressistas e chegou a ganhar o prêmio Vladimir Herzog [de Anistia e Direitos Humanos]”.

Na defesa do amigo, Boulos alega que há um passado progressista e “seria equivocado não reconhecer isso”.

Nosso ministro continua apontando seu aliado não somente como progressista, mas como um igual: “é preciso levar em consideração a história do Datena. Ele foi filiado ao PT durante a maior parte da vida”. Tenhamos como certo: se a rejeição dos profissionais do setor se intensificar, veremos a canonização de Datena por Boulos.

Essa parece a única realização do ministro: defender incondicionalmente elementos da extrema direita — neste caso, o cidadão do bordão “bandido bom é bandido morto”.

Há certa altura da defesa de Datena, Boulos nos diz: “ele me apoiou [nas eleições municipais de 2024] contra o Ricardo Nunes [MDB] no segundo turno”.

Datena realmente prestou serviços a Boulos, apoiando sua candidatura em mais de uma oportunidade. Sem cerimônia, além de declarar apoio, o entrevistou nos espaços possíveis, contribuindo assim para a construção de sua figura política e impulsionamento de sua candidatura.

Há uma relação antiga destes, uma relação pessoal que atende somente aos interesses carreiristas de Boulos, daí o esforço para introduzir Datena em algum órgão do governo.

Uma das queixas dos profissionais do setor é a “ausência de um projeto consistente para a comunicação pública federal”. Com a pujança do interesse particular, como demonstrado anteriormente, é compreensível a carência de um projeto público sentida pelos profissionais.

Neste tópico, Boulos afirmou haver mudanças na EBC: “é preciso ver o conjunto. A atual gestão da EBC tem feito uma reestruturação importante. Contratou neste ano jornalistas como Cristina Serra, Yan Boechat e agora Jamil Chade”.

Insistiu, concluindo que: “Datena vai fazer um programa de entrevistas. Vai convidar pessoas de todos os campos políticos para entrevistar. Inclusive pessoas ligadas aos direitos humanos”. Aparentemente, para Boulos, a EBC deveria tender mais à direita.

Recebido pelo presidente Lula no Palácio do Planalto na segunda-feira (1º), Datena foi claro e direto à imprensa, sustentando que mesmo com a EBC sendo vinculada ao governo federal, manterá sua orientação política.

“Eu sempre fui independente. E inclusive enfrentei problemas por causa disso. Não iriam agora me convidar para ser tendencioso. O meu papel será sempre o de jornalista, e todos sabem disso”, afirmou Datena.

Segundo Datena, sua orientação política não será alterada, significando um distanciamento maior entre o governo Lula e o programa para o qual foi eleito em seu terceiro mandato.

É burlesco esse acontecimento na situação atual, uma verdadeira troça do governo Lula que amarga uma série de derrotas. Essa coleção de vários dissabores num espectro amplo do governo expõe sua fragilidade.

Mesmo não considerando o PL Anti facção, a Legislação Ambiental ou a COP como iniciativas minimamente progressistas, estas eram ações da gestão. Acampadas pelo governo, o desfecho de todas representa uma derrota a este.

A nomeação do ministro Boulos foi apresentada por parte da esquerda quase como uma epifania do governo. Ele mobilizaria as bases, contribuindo para o resgate das forças de mobilização decadentes deste governo do PT.

Ocorre que a ideia caducou antes de se materializasse. O que deveria ser um acréscimo ao vigor da esquerda tornou-se em abatimento. Nenhum dos esforços de Boulos vão no sentido de mobilizar as bases em favor do governo, da esquerda ou dos trabalhadores.

O único papel significativo desenvolvido por Boulos no governo até o momento é similar aos desenvolvidos por elementos como Tebet, Alckmin e toda a ala direita da frente ampla: a função de pressionar o governo para a direita.

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