Supremo Tribunal Federal

Barroso vai à Suíça defender a ‘democracia’ dos banqueiros

Ministro do Supremo participou de evento organizado pelo ex-governador de SP João Doria (PSDB) em Zurique, onde falou sobre 'honestidade', entre outros temas

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, participou do encontro Brazil Economic Forum, realizado no último dia 23 pela empresa brasileira Lide em parceria com a revista golpista Veja, em Zurique, Suíça. A empresa organizadora pertence ao tucano e ex-governador de São Paulo João Doria Jr., escancarando o alinhamento do ministro com os interesses do imperialismo. Longe de estar ali para debater os desafios do Brasil, Barroso mais uma vez se comportou como um porta-voz das políticas ditadas pelos patrões internacionais No encontro, o ministro do STF disse:

“Civilidade significa tratar todas as pessoas com respeito e consideração. Perdemos isso no Brasil pela compulsão de desqualificar quem pensa diferente. Recuperar a civilidade é muito importante.”

Uma pessoa mais impressionável e desinformada poderia achar lindo colocações como “tratar todas as pessoas com respeito e consideração”, porém Barroso e seus pares deveriam ser os últimos a criticar o que identificou como “compulsão de desqualificar quem pensa diferente” por parte de quem defende “civilidade”. Finalmente, o STF se destacou ao longo dos últimos anos como o principal órgão da criminalização de opiniões.

O protagonismo do Supremo, deve-se lembrar, coincide com a campanha de histeria impulsionada pelo identitarismo, que encontrou no órgão máximo do Judiciário brasileiro um parceiro para implementar o programa de censura e repressão desejado, impossível de ser apoiado no Congresso, onde a necessidade de apoio popular para seus membros atua como uma contenção política até mesmo para a direita.

Os termos pomposos ditos por Barroso não passam de uma camuflagem para encobrir o real objetivo do encontro: reforçar a ditadura imperialista sobre o Brasil e consolidar a subordinação do País aos interesses das grandes potências. Sob o pretexto de “combater o populismo autoritário”, Barroso defendeu um regime político que usa “democracia” como fachada para impor medidas impopulares e antinacionais.

Além disso, sua defesa de uma suposta “integridade” também é contraditória, vinda de um tribunal que promove perseguições políticas enquanto protege os interesses dos banqueiros e grandes monopolistas. Ao afirmar que “honestidade não é virtude, mas pressuposto”, Barroso nada mais faz do que expor sua hipocrisia.

Como pode falar em honestidade quando participa de um evento promovido por João Doria, um dos grandes expoentes do PSDB, partido historicamente ligado às privatizações e ao entreguismo? A verdadeira “virtude” aqui é a submissão aos interesses neoliberais e imperialistas, e o silêncio forçado do resto do País.

O alinhamento ao imperialismo é reforçado quando Barroso aborda as supostas mudanças climáticas, classificando-as como “a questão definidora do nosso tempo” e enfatizando a necessidade de preservar a Amazônia. Concretamente, o que o ministro defende é a política da ministra Marina Silva, a submissão dos interesses estrangeiros na exploração dos recursos naturais brasileiros, o que é apresentado como uma defesa do meio-ambiente, mas, como no caso da “democracia” dos banqueiros, não passa de um verniz voltado a impedir o desenvolvimento nacional.

Barroso tampouco criticou as grandes multinacionais que são as maiores responsáveis pela destruição ambiental. É a velha prática de transferir a culpa para os países periféricos enquanto os verdadeiros poluidores continuam lucrando.

Ao citar o “desprestígio da democracia”, Barroso novamente recorre ao discurso de combater o “populismo autoritário”. Esse termo, amplamente utilizado pelos serviços de propaganda imperialista, visa atacar governos que resistem à dominação estrangeira. Para Barroso, qualquer tentativa de soberania nacional é uma ameaça à “democracia”, que para ele parece significar apenas a imposição de políticas neoliberais e antipopulares.

Confortável no papel de analista político em um verdadeiro puleiro de tucanos, Barroso também afirmou que o Brasil voltou à “plena normalidade”, mas defendeu os julgamentos políticos dos bolsonaristas envolvidos nos protestos de 8 de janeiro, insistindo na criminalização de qualquer oposição sob o pretexto de proteger as instituições. Trata-se de uma clara tentativa de intimidar movimentos populares e consolidar o controle autoritário sob o rótulo de “defesa da democracia”.

Barroso criticou o sistema eleitoral brasileiro como “caríssimo e de baixa representatividade”, mas não apresentou soluções reais. Nem pode.

Sua proposta de “melhorar a conexão entre eleitores e eleitos” é tão vaga” quanto demagoga, podendo ainda ser um alerta de que campanhas como “ministra negra do STF” se intensificarão. Ainda, a política de cotas pela qual o Estado interfere na vida política dos partidos pode ensejar mais ataques às liberdades democráticas.

Encerrando sua participação, Barroso exaltou o Brasil como um dos melhores destinos para investimentos internacionais. Sua visão de “futuro promissor” está limitada aos interesses dos patrões, enquanto ignora a situação de miséria e exploração enfrentada pela maioria da população. A “civilidade, integridade e idealismo” pregados por Barroso não passam de palavras vazias para mascarar sua colaboração com a agenda imperialista.

A participação do ministro em um evento promovido por João Doria Jr. apenas reforça sua verdadeira função, de cão de guarda dos interesses imperialistas. Ao mesmo tempo, deixa claro que sua preocupação não está em garantir a soberania nacional ou melhorar a vida dos brasileiros, mas em consolidar um sistema que beneficia poucos às custas da maioria. A “democracia” defendida por Barroso mais se assemelha a uma “democradura” dos banqueiros, é o oposto do que o Brasil precisa para se libertar do jugo imperialista e construir um futuro verdadeiramente soberano.

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