Na semana passada, foi realizada, na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília, uma plenária de ativistas sindicais para discutir a situação da categoria bancária no âmbito da regional de Brasília.
A discussão se deu com base nos dados apresentados pelas pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB), Dra. Fernanda Sousa Duarte e Dra. Ana Magnólia Mendes, a partir do Relatório de Atividades do Observatório de Saúde do Trabalhador Bancário, do Instituto de Pesquisa e Estudos sobre Trabalho: “Este relatório apresenta as atividades realizadas no Observatório de Saúde do Trabalhador Bancário. Estabelecido em setembro de 2023, como ampliação do projeto Clínica do Trabalho (2013-2023), este projeto de pesquisa, pioneiro na vigilância e atenção à saúde do trabalhador bancário, tem como objetivo investigar as relações entre trabalho e saúde mental, a fim de subsidiar o desenvolvimento de ações políticas de melhoria das condições, organização e gestão do trabalho. A implantação do Observatório tem contribuído para caracterizar, de modo mais qualificado, os comportamentos violentos praticados por meio dos discursos e práticas de gestão dos bancos.” (Relatório de Atividades IBRACT 2023/2024)
A pesquisa realizada pelo Observatório foi estruturada em três eixos:
- Protocolo de Análise Clínica do Trabalho;
- Clínica do Trabalho; e
- Formação e Assessoria Sindical.
Os indicadores quantitativos dessas atividades apontam para o aumento do alcance do projeto em relação aos anos anteriores: nos eixos 1 e 2, mais bancários interagiram com o serviço, e mais sessões foram realizadas no período de 12 meses; no eixo 3, 12 atividades de formação foram demandadas, em vez das 3 inicialmente previstas, totalizando 22 horas. Os dois primeiros eixos contêm atividades clínicas e de pesquisa quantitativa e qualitativa, contando com a participação de 130 bancários e bancárias e a realização de 600 sessões individuais. Os resultados das atividades de pesquisa indicam que, para a maioria dos respondentes, o trabalho bancário é caracterizado por sobrecarga, pressão, metas abusivas e hostilidade por parte das chefias; dificuldade de obter promoção; falta de autonomia e de acesso às informações necessárias para realizar as tarefas; ser contestado sistematicamente; ser criticado de forma injusta; sofrer cobranças excessivas e ameaçadoras; deslegitimação de problemas de saúde e desencorajamento para buscar direitos.” (Ibidem)
A pesquisa revela, mais uma vez, que a categoria bancária é uma das mais atingidas pelas doenças desenvolvidas no trabalho, e os dados são uma prova irrefutável disso. Dos bancários que participaram da pesquisa, 56% afirmam sofrer sobrecarga de trabalho; 50,7% estão insatisfeitos com o trabalho; 38,7% disseram ter problemas com a chefia — sendo que esse mesmo percentual declarou sofrer repetidas vezes condutas abusivas por parte do banco — e somente 24% se declarou não experienciar nenhuma dificuldade no trabalho. Além disso, 64% dos bancários pesquisados afirmam ter vivenciado assédio moral, e 69,3% já testemunharam situações de assédio moral.
A maior parte dos entrevistados afirmou ter experiências negativas no trabalho, acarretando sintomas físicos e mentais (72,2%) ou agravando sintomas existentes (69,6%), impactando negativamente seu estado geral de saúde.
Os dados comprovam que, ao contrário do discurso dos banqueiros de “criar melhores condições de trabalho” para seus funcionários, a categoria está, a cada dia, sofrendo com a política reacionária dos patrões.
É preciso dar um basta à ofensiva dos banqueiros, que vêm atacando sistematicamente os trabalhadores e piorando, sobremaneira, as condições de vida dos bancários. Para isso, é necessário que os sindicatos de luta da categoria organizem imediatamente uma gigantesca mobilização — plenárias, congressos, encontros nacionais — no sentido de dar uma resposta de força contra os banqueiros.