Entre os dias 12 e 16 de novembro realizou-se, em Belém do Pará, na UFPA (Universidade Federal do Pará), a Cúpula dos Povos, cujo objetivo foi compor uma Declaração da Cúpula rumo à COP 30.
Segundo os organizadores do evento, a Cúpula “reuniu mais de 70.000 pessoas que compõem movimentos locais, nacionais e internacionais de povos originários e tradicionais, camponeses, indígenas, quilombolas, pescadores, extrativistas, marisqueiras, trabalhadores da cidade, sindicalistas, população em situação de rua, quebradeiras de coco babaçu, povos de terreiro, mulheres, comunidades LGBTQUIAPN+, jovens, afrodescendentes, pessoas idosas, dos povos da floresta, do campo, das periferias, dos mares, rios, lagos e mangues” (Declaração final da Cúpula dos Povos).
Dentre as resoluções que fazem parte do documento final, vale ressaltar o ponto positivo no que diz respeito ao apoio ao povo palestino, com a saudação à resistência e a solidarização da Cúpula a “todos os povos que estão sendo cruelmente atacados e ameaçados pelas forças do império estadunidense, Israel e seus aliados da Europa” e, na questão da Venezuela: “ao mesmo tempo, no mar do Caribe, os Estados Unidos intensificam sua presença imperial. Fazem-no expandindo operações conjuntas, acordos e bases militares, em conluio com a extrema direita, sob o pretexto de combate ao narcotráfico e ao terrorismo, como com a operação recém-anunciada ‘Lança do Sul’. O imperialismo segue ameaçando a soberania dos povos, criminalizando movimentos sociais e legitimando intervenções que historicamente serviram aos interesses privados na região. Nos solidarizamos à resistência da Venezuela, Cuba, Haiti, Equador, Panamá, Colômbia, El Salvador, República Democrática do Congo, Moçambique, Nigéria, Sudão e com os projetos de emancipação dos povos do Sahel, Nepal e de todo o mundo”. (ibidem)
E o ponto negativo: quando exigem o fim da exploração de combustíveis fósseis e “apelam aos governos para que desenvolvam mecanismos para garantir a não proliferação de combustíveis fósseis, visando uma transição energética justa, popular e inclusiva com soberania, proteção e reparação aos territórios. Em particular na Amazônia e demais regiões sensíveis e essenciais para a vida no planeta”. (ibidem)
Tal reivindicação é feita justamente no momento em que o IBAMA autoriza a exploração de petróleo pela Petrobrás na Margem Equatorial e depois em que a própria Petrobrás descobre um novo poço de petróleo na Bacia de Campos. Explorações essas que, logicamente, trarão um enorme benefício para as suas respectivas regiões. Populações essas que, conforme em Belém do Pará, vivem numa pobreza extrema em que falta tudo: hospitais, escolas, saneamento básico etc.
A Corrente Nacional Sindical Causa Operária, Bancários em Luta, esteve representada na Cúpula através da delegação da FETEC/CN (Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro Centro-Norte), com cerca de 46 membros de diversos estados das regiões Centro-Oeste e Norte do país, que ficaram alojados no Sindicato dos Bancários do Pará.
A participação de Bancários em Luta na Cúpula dos Povos se deu exclusivamente no espaço da CUT na UFPA, entre os dias 12 e 14, em que foram realizadas várias plenárias ao longo dos dias em que ocorreu o evento, com a participação, principalmente, de representantes sindicais dos diversos países que estavam representados na Cúpula.
No dia 15 de novembro, foi a vez da Marcha dos Povos, que contou com uma expressiva participação, ocupando toda a Avenida Perimetral que, segundo os organizadores, contou com a presença de mais de 70 mil pessoas.
O que chamou a atenção foi a participação na marcha dos setores ditos da esquerda “revolucionária” (PSTU, UP, PCBR, PCB, dentre outras) que, além de ter nas suas faixas palavras de ordem contra o governo Lula, reivindicavam o “fim da exploração do petróleo”, sendo que a CSP-Conlutas é dirigente de uma federação de petroleiros e, como disse um representante da FUP (Federação Única dos Petroleiros), filiada à CUT, na categoria deles esses não têm coragem de defender tal reivindicação.
O último dia, 16 de novembro, foi de aprovação das resoluções da Cúpula dos Povos, que resultou na Declaração da Cúpula dos Povos rumo à COP 30.




