Na sexta-feira (24), em meio ao cerco brutal imposto pelo exército sionista e as forças de repressão da Autoridade Palestina (AP) contra a cidade de Jenin, um acontecimento grotesco foi divulgado nas redes sociais: jovens palestinos foram sequestrados e torturados pela AP. Nas imagens, eles estão deitados no chão, com as mãos amarradas. Alguns estão com o corpo coberto de hematomas. Mais uma das traições da AP, que atua cada vez mais como uma força auxiliar da ocupação israelense.
O vice-líder do Hamas na Cisjordânia, Abdel Haquim Hanini, condenou a AP afirmando que essas “cenas que ofendem a dignidade humana levarão os combatentes e suas famílias a se vingarem da autoridade. Gostaríamos de ver as forças de segurança da autoridade enfrentando os colonos, e não torturando nossos filhos”. O Hamas, em notas anteriores, afirmou que a AP traiu o povo palestino em suas ações em Jenin. Já a Jiade Islâmica afirmou que a situação está chegando ao ponto sem retorno, ou seja, que a resistência em breve estará em guerra com a AP.
O cerco israelense em Jenin começou na terça-feira (21), com uma operação chamada “Muro de Ferro”. Anteriormente, a própria AP realizou um cerco de 40 dias contra a cidade desde o início de dezembro de 2024. Na mesma terça-feira, ficou claro que o exército de “Israel” estava agindo em conjunto com a AP. Um jovem palestino foi, inclusive, assassinado com um tiro na cabeça disparado pelas tropas da AP.
A Quds News Network, que está cobrindo o ataque a Jenin, coletou importantes relatos:
“Após os combatentes da resistência concordarem com a AP em permitir que suas forças de segurança entrassem no campo por um período específico, os combatentes da resistência decidiram se retirar e se espalhar por diferentes áreas de Jenin, temendo a traição da Autoridade e a perseguição dentro do campo, além de evitar o derramamento de sangue e impedir confrontos sangrentos caso a Autoridade tentasse prender um dos combatentes da resistência”, disse uma fonte.
“A liderança de segurança da AP iludiu seus elementos, fazendo-os acreditar que um acordo havia sido alcançado com os combatentes da resistência e procurou impedir que elementos da AP vazassem informações para a resistência. No entanto, com o início da operação militar pelo exército de ocupação, foram tomadas decisões de que a AP deveria monitorar as aldeias e cidades de Jenin, incluindo centros médicos, arredores das aldeias, casas abandonadas, mesquitas e as casas de prisioneiros libertos”, completou.
Ou seja, o acordo traçado entre a AP e a resistência anteriormente à invasão israelense, na verdade, era um golpe contra a resistência. As forças de segurança deveriam entrar em Jenin num regime de cessar-fogo. No entanto, ao entrarem no campo, reiniciaram a guerra contra a resistência em conjunto com o Estado de “Israel”. É uma traição gigantesca ao povo palestino.
O cerco israelense em Jenin
No quarto dia de cerco à cidade, as forças israelenses bloquearam quatro entradas principais de Jenin e de seu campo de refugiados. Mansour Saadi, vice-governador de Jenin, afirmou que “Israel” “bloqueou todas as quatro principais entradas da cidade e do campo de refugiados com montes de terra, impedindo a entrada e saída”. Além disso, os sionistas lançaram drones com alto-falantes no campo de refugiados e impuseram um toque de recolher de quinta-feira (23) à noite até sexta-feira (24) de manhã. Os israelenses incendiaram casas no campo de refugiados e bloquearam as equipes da Defesa Civil de chegarem à área para apagar as chamas.
Na sexta-feira, a situação no hospital governamental de Jenin estava “crítica”, segundo Saadi, com a equipe médica lutando para fornecer cuidados aos pacientes em meio a quedas de energia e escassez de combustível causadas pelo cerco. A correspondente da Al Jazeera, Hamdah Salhut, relatou: “em seus milhares, palestinos foram forçados a deixar suas casas no campo de refugiados de Jenin”, disse Salhut. “Pessoas lá dizem que as forças israelenses querem destruir essas cidades palestinas até o chão, assim como fizeram em Gaza”.
A Al Jazeera está proibida de cobrir os acontecimentos de Jenin por ordens da Autoridade Palestina, ela, na verdade, foi banida em toda a Cisjordânia. Um jornalista da emissora foi preso pelas tropas da AP mesmo respeitando a proibição. A sua família afirmou: “responsabilizamos completamente as autoridades de segurança palestinas pela segurança de Mohammad e exigimos sua liberação imediata e incondicional. Convocamos organizações locais e internacionais de direitos humanos e de imprensa a tomar medidas urgentes para garantir a liberdade de Mohammad. Os serviços de segurança palestinos prenderam Mohammad devido ao seu trabalho jornalístico, e ele não cometeu nenhum crime, além de exercer sua profissão e transmitir sua voz livre“.
O prefeito de Jenin, Mohammad Jarar, afirmou que: “o cenário de demolição realizado pelas forças de ocupação faz parte de um plano bem estudado e sistemático. A natureza das operações de demolição e incêndio indica a intenção da ocupação de transformar o campo em um ambiente inabitável”. Além das demolições, o Estado sionista está incendiando muitas casas de palestinos.
Jenin resiste ao cerco nazissionista
A resistência, por sua vez, não para os combates. As Brigadas de al-Quds – Batalhão de Jenin anunciaram que atingiram uma retroescavadeira militar israelense com uma bomba guiada. A imprensa israelense informou que vários soldados ficaram feridos no bairro de Al-Damij, no campo de refugiados de Jenin. Já as Brigadas al-Qassam (Hamas) relataram uma emboscada de uma força sionista no bairro de Al-Damj, no campo de refugiados de Jenin, confirmando baixas sionistas. A imprensa israelense informou que os feridos do exército nos confrontos foram evacuados para o Hospital Rambam em Haifa.
Em Cabatié, ao sul de Jenin, as operações foram ainda mais intensas. As Brigadas de Jenin noticiaram que seus combatentes estão envolvidos em “batalhas ferozes com as forças inimigas ao redor da casa sitiada, despejando pesados disparos de balas e dispositivos explosivos sobre as forças inimigas e veículos militares, alcançando baixas confirmadas”. E também que os combatentes conseguiram “detonar um dispositivo explosivo terrestre KJ37 em um veículo militar no eixo de Jerusalém, alcançando feridos confirmados”.
Ainda declararam que “após o restabelecimento de contato com uma de nossas formações de combate no campo, eles confirmaram que, juntamente com as Brigadas al-Qassam e a Juventude da Vingança e Libertação, conseguiram travar batalhas ferozes com as forças inimigas durante as horas da noite e da manhã de hoje em várias frentes no campo. Eles despejaram fogo direto sobre as forças inimigas. Nossos heróis também conseguiram detonar uma série de bombas antipessoais nas forças de infantaria, alcançando baixas confirmadas”.
A região de Jenin se torna o epicentro da Resistência Palestina contra o Estado de “Israel”. Nada indica que os sionistas têm a capacidade de destruir a resistência. A longo prazo, o único resultado desse cerco tende a ser o fortalecimento da resistência e a desmoralização total da Autoridade Palestina.