A partir de dezembro a Autoridade Nacional Palestina, dirigida por Mahmoud Abbas, iniciou uma das campanhas mais reacionárias de sua história. A AP lançou um enorme cerco na cidade de Jenin para atacar a resistência palestina, principalmente a Brigada de Jenin. Não é a primeira vez que o pseudo governo da Palestina atua apenas como uma força de repressão do Estado de “Israel”, mas é a mais agressiva das ações da AP contra a luta do povo palestino.
Apesar do ataque violento, a resistência mantém sua luta contra o cerco. Os confrontos entre as Forças de Segurança da Autoridade Palestina e os combatentes da Brigada de Jenin já resultaram na morte de 14 palestinos, incluindo seis membros das PASF, um combatente da Brigada de Jenin e sete civis, entre eles crianças e um jornalista.
O porta-voz da AP anunciou que “247 foras da lei foram presos durante uma operação de proteção da pátria no campo de Jenin. 245 dispositivos explosivos e 17 carros-bomba foram desarmados durante uma operação de proteção da pátria”. Além do número ser absurdo, 247 pessoas sequestradas a mando dos sionistas. O vocabulário utilizado também é ultra reacionário. A resistência está sendo considerada como um bando de criminosos, como ferramentas do Irã. A AP está exatamente com a mesma política que “Israel”.
O portal Mondoweiss recolheu relatos dos palestinos: “estamos vivendo há um mês sem eletricidade. As pessoas se reúnem à noite em torno de fogões a lenha, enquanto alguns jovens tentam estender cabos de eletricidade de postes fora do campo. Os confrontos começam de repente e depois se acalmam, mas as pessoas preferem ficar em casa para evitar balas perdidas e não sobem aos telhados depois que um homem e seu filho foram baleados no telhado de uma casa”.
Ele segue: “muitas pessoas deixaram completamente o campo, e só aqueles que não têm parentes fora do campo permanecem. Eu mesmo fui para a casa da minha tia na cidade, e quando voltei ao campo para verificar a casa, as forças de segurança da AP inspecionaram meu documento de identidade e o retiveram antes de me deixar entrar, devolvendo-o quando saí novamente. A vida dentro do campo está paralisada, tudo está fechado, e quem pode sair está saindo”.
Segundo o comitê de serviços populares do campo de Jenin, cerca de 3.000 dos 15.000 moradores do campo fugiram devido ao ataque da AP. Essas migrações em massa já aconteceram durante operações similares, de curta duração, realizadas pelo exército israelense, que frequentemente ataca Jenin e o campo de refugiados para atingir os combatentes da resistência. Mais uma demonstração de que a AP se torna cada vez mais exatamente o mesmo que a ocupação sionista.
A AP insiste que sua operação tem como objetivo “retomar o campo de Jenin de elementos fora da lei” e “impedir que a Cisjordânia se transforme em Gaza“. O porta-voz das PASF, Anuar Rajab, também afirmou que “os fora da lei em Jenin querem enfraquecer a AP para cumprir agendas regionais e destruir o projeto nacional palestino”.
A AP também ordenou o fechamento do escritório da Al Jazeera em Ramalá e proibiu suas atividades nos territórios sob seu controle. Após a proibição, que segue a censura realizada por “Israel” em 2024, os provedores palestinos bloquearam a transmissão do canal em cumprimento à ordem da AP. A Al Jazeera e diversos outros portais de imprensa e organizações de jornalistas condenou duramente a repressão à emissora. O motivo é claro, a Al Jazeera estava cobrindo os crimes da AP contra os palestinos.
O ataque da AP gerou uma crise política que levou a formação de uma coalizão de partidos políticos palestinos, organizações da sociedade civil, sindicatos e figuras públicas, incluindo membros do Fatá, partido governante da AP. Ela lançou uma “iniciativa social” para encerrar a crise em Jenin, apelando a ambas as partes para que mostrem moderação e recorram ao diálogo. A iniciativa propôs um “diálogo nacional holístico” para conter a crise e impedir sua expansão a outras partes do território palestino.
Mas a questão não são os dois lados mas sim a AP. A resistência se mostra muito paciente com os ataques absurdos realizados pelo aparato de repressão. A política da resistência é evitar a guerra civil com a AP e focar no inimigo sionista. Mas isso se torna cada vez mais difícil diante da brutalidade dos ataques.
Na segunda-feira (6), as Brigadas dos Mártires de al-Aqsa e as Brigads al-Qassam (braço armado do Hamas) emitiram um comunicado: “a Autoridade Palestina ultrapassou as linhas vermelhas e matou pessoas inocentes de forma intencional e sistemática, e impediu que tudo chegasse ao campo, incluindo água, eletricidade e educação. Exigimos que cada oficial no país assuma suas responsabilidades e ponha fim à injustiça que está sendo imposta ao campo. Nossa paciência está se esgotando, então não nos forcem a chegar ao ponto de não retorno, que terá consequências graves. Chegar ao ponto sem retorno serve aos interesses dos nossos inimigos, e estamos empenhados em manter nossas armas contra a ocupação israelense”.