Após três rodadas de negociações entre Rússia e Estados Unidos ocorridas neste ano, nenhuma delas resultou em um cessar-fogo. Donald Trump, que foi eleito presidente dos Estados Unidos com o discurso de que acabaria com o conflito em suas primeiras 24 horas de mandato, parece não estar conseguindo avançar em sua proposta junto ao governo russo.
Na semana passada, em sua rede social, a plataforma Truth Social, Trump informou que estaria reposicionando dois submarinos nucleares em “regiões apropriadas” em relação à Rússia. O anúncio foi feito após uma série de declarações entre o presidente norte-americano e o ex-presidente russo Dmitry Medvedev.
“Ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas regiões apropriadas, apenas no caso de essas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que apenas isso”, escreveu Trump.
Medvedev publicou uma mensagem nas redes sociais descrevendo a ameaça de Trump como “um passo em direção à guerra”. Ele escreveu que Trump estava “jogando o jogo do ultimato com a Rússia”. Em uma publicação no Truth Social, Trump respondeu: “Palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”.
“Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com o próprio país. Não sigam o caminho do Joe Sonolento!”, dissera Medvedev.
Em uma postagem no Telegram, na quinta-feira, Medvedev escreveu que Trump deveria “revisitar seus filmes favoritos sobre mortos-vivos e relembrar o quão perigosa a mítica ‘Mão Morta’ pode ser”. O “sistema Mão Morta” da Rússia é um mecanismo automático de retaliação nuclear da era da Guerra Fria.
Falando a repórteres após sua publicação sobre os submarinos nucleares, Trump disse na sexta-feira: “Simplesmente precisamos ter cuidado. Uma ameaça foi feita e não achamos apropriado, então preciso ter muito cuidado”. E acrescentou: “Um ex-presidente da Rússia fez uma ameaça e vamos proteger nosso povo”.
O governo russo pediu cautela ao se fazer declarações públicas envolvendo armas nucleares. Comentando a decisão, o porta-voz do Crêmlin (sede do governo russo), Dmitry Peskov, minimizou a importância da medida, afirmando que “neste caso, é óbvio que submarinos norte-americanos já estão em patrulha de combate. Este é um processo constante”.
Peskov acrescentou que “somos muito cuidadosos com quaisquer declarações relacionadas a questões nucleares”, disse o porta-voz, enfatizando que “a Rússia assume uma posição responsável” e está “muito atento ao tema da não proliferação nuclear”.
Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, Trump defendeu sua ordem de envio de submarinos, afirmando que os EUA “tinham que fazer isso” e deveriam estar sempre “totalmente preparados” para qualquer possível confronto. Nada mais foi dito pela Casa Branca (sede do governo norte-americano) sobre os submarinos, e a localização de ambos permanece sigilosa.
Trump antecipou um prazo para que a Rússia chegue a um acordo de paz, ameaçando a Rússia com tarifas severas sobre seu petróleo e outras exportações caso um cessar-fogo não seja firmado até sexta-feira, 8 de agosto. Outro país citado por Trump foi a Índia: ele disse que aumentaria “substancialmente” as tarifas dos Estados Unidos sobre produtos indianos devido às compras de petróleo russo.


