Nesta terça-feira, aniversário de dois anos da heroica Operação Dilúvio de Al-Aqsa, ato organizado pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelo Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) reuniu centenas de pessoas na capital paulista.
Muitos dos manifestantes, reunidos no Auditório da APEOESP, no centro de São Paulo, vieram de outros estados, como Paraná e Rio de Janeiro, por meio de caravanas. Além disso, representantes de outras organizações, como do Partido dos Trabalhadores (PT), da Frente Nacional de Luta (FNL) e do Partido Operário Revolucionário (POR), também estiveram presentes.

O ato começou com um show do coral Palestinando, que apresentou três músicas relativas à luta do povo palestino. O grupo é recente, tendo sido formado há poucos meses, mas já conta com um repertório que emocionou todos os presentes.

A mesa que dirigiu as intervenções foi composta por Breno Altman, militante do PT e editor-chefe do Opera Mundi; André Constantine, do Movimento Revolucionário Carlos Marighella; Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO; Antônio Carlos, da Executiva Nacional do PCO e dirigente da APEOESP; Ahmed Shehada, presidente do Ibraspal; Izadora Dias, coordenadora do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo; e Charles Gentil, da Secretaria de Finanças do PT e ex-presidente do Diretório Zonal PT do Centro.

Ahmed Shehada iniciou sua fala relembrando e honrando os mártires que foram assassinados por “Israel” desde 7 de outubro de 2023:
“Não posso deixar de lembrar nossos mártires, que tombaram neste genocídio e nesta luta de resistência. Especialmente os líderes, como Ismail Hanié, e o líder do Dilúvio de Al-Aqsa, Iahia Al-Sinuar. O grande mártir Hassan Nasseralá, líder do Hesbolá. E todos os outros grandes mártires, aqueles cujos nomes sabemos e aqueles cujos nomes não sabemos; todos são grandes heróis”, afirmou o presidente do Ibraspal.

Ele também destacou a importância em apoiar a luta do povo palestino não só no sentido político, mas humanitário do problema:
“O que acontece hoje na Palestina não é apenas um conflito distante. É um teste para a consciência humana. A pergunta que nos desafia é: o que fazemos quando a dignidade humana é destruída diante de nossos olhos? Se ficamos calados, tornamo-nos cúmplices. Mas se nos levantamos, se falamos, se resistimos, então a Palestina não está sozinha.
Por isso, repetimos com fé e convicção: a Palestina viverá, a Palestina vencerá.”
Breno Altman, por sua vez, iniciou sua fala parabenizando a iniciativa do PCO:
“Antes de mais nada, gostaria de parabenizar o PCO pela coragem de organizar o ato desta noite. A organização deste evento é fundamental para que aprendamos a reivindicar o direito dos povos de se rebelar contra as forças coloniais e imperialistas”, afirmou o jornalista.
Ele também destacou a importância do 7 de outubro como um marco na luta dos povos oprimidos de todo o mundo, não só do povo palestino:
“O povo palestino dá uma demonstração de heroísmo. E esse heroísmo ganhou outra repercussão com o 7 de outubro de 2023. Essa data constitui um contra-ataque à dominação colonial sionista, justificado tanto do ponto de vista legal quanto moral. Além disso, foi uma ação capaz de mudar a correlação de forças na opinião pública do planeta”, disse.
Representando a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), João Jorge Pimenta relembrou a tentativa do sionismo de impedir a realização da manifestação:
“Companheiros, esta manifestação de hoje teve incontáveis pedidos judiciais para ser proibida. Tivemos vereador, deputado federal, vice-governador, deputado estadual, senador, todo tipo de gente exigindo que a polícia entrasse aqui e impedisse a realização desta manifestação. Se vocês querem uma prova de que o que está acontecendo com os palestinos, que aquilo que Israel está fazendo é uma monstruosidade, esta é a prova. Porque eles querem proibir que vocês critiquem e falem a verdade”, pontuou.

Ele também destacou a importância da luta do povo palestino para o avanço da compreensão política dos trabalhadores em todo o mundo:
“As gerações futuras terão uma vida muito mais fácil para entender a política do que nós, e isso graças aos palestinos. Quando tivermos que explicar por que a senhora Dilma Rousseff pegou em armas para enfrentar a ditadura militar brasileira, as pessoas olharão e dirão: ‘veja o caso da Palestina’. Quando precisarmos explicar por que os cubanos enfrentam um brutal bloqueio dos Estados Unidos, só precisaremos apontar e dizer: ‘vejam o que está acontecendo na Palestina’. Quando tivermos que explicar que é preciso defender o governo do companheiro Nicolás Maduro contra as agressões dos Estados Unidos, bastará dizer: ‘é a mesma coisa que está acontecendo na Palestina’.”

Sionismo tentou impedir ato
Alvo de uma série de ataques por parte do lobby sionista no Brasil, a manifestação estava prevista para ocorrer, inicialmente, a Academia Paulista de Letras (APL). No entanto, organizações que representam o Estado nazista de “Israel” pressionaram a APL, que cedeu e cancelou a reserva feita pelo Partido para o dia 7 de outubro.

Em seguida, o ato foi marcado para o auditório do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), o maior sindicato da América Latina. O sionismo também pressionou o sindicato a impedir a realização do ato no local. A organização popular, no entanto, não capitulou, limitando-se a emitir uma nota sobre o evento:
“A respeito da atividade prevista para se realizar na noite desta terça-feira no auditório da sede de nosso sindicato, a APEOESP esclarece:
1 – O evento não é de responsabilidade da APEOESP.
2 – Cedemos regularmente nosso auditório para atividades de entidades e movimentos e até mesmo órgãos públicos.
3 – O espaço foi solicitado pela corrente Educadores em Luta, formada por professores que atuam no nosso sindicato.
4 – A APEOESP não apoia a violência como método de ação política e não compactua com a exaltação de ações violentas.
5 – Reiteramos nosso apoio ao povo palestino e exigimos o fim do genocídio que vem sendo praticado na Faixa de Gaza e as ações militares e agressões ilegais que vêm ocorrendo em outras áreas do território palestino.
6 – Reiteramos nossa posição de concordância com os posicionamentos do presidente Lula, que estão de acordo com as posições históricas da diplomacia brasileira em favor da paz, que passa pela solução dos dois Estados.
São Paulo, 7 de outubro de 2025
Diretoria da APEOESP”

Durante sua intervenção, Antônio Carlos Silva rebateu a pressão contra o sindicato, destacando que “não há educação de verdade que não seja para a liberdade”.
“Para encerrar, quero citar um dos artigos que atacou este ato. Foi de uma jornalista, e o título do artigo na Folha de S.Paulo era: “Radicalismo não combina com educação”. Quero aproveitar que estamos no sindicato dos professores — eu, que sou diretor da APEOESP, além de ser da direção do Partido da Causa Operária — para dizer o seguinte: não há educação que não seja para a liberdade.
Educar para ser escravo… não precisamos disso. Quem educa para a escravidão não é um educador, é um capacho. E digo aos muitos professores que estão aqui e aos que estão nos assistindo: o que precisamos é educar para a liberdade, educar para a luta. Se construímos sindicatos e escolas, não é para educar nossos filhos e netos a aceitarem e dizerem “amém” diante do sofrimento e do massacre de seus irmãos e companheiros. Essa educação tem que ser jogada na lata do lixo. É a educação do Tarcísio, do Feder. É essa educação que não presta, que vem destruindo o futuro dos nossos jovens, que vem ensinando as pessoas a serem o oposto do que é ser humano”, afirmou.
Apesar da manutenção do novo local do ato, a direita ainda tentou impedir sua realização. Horas antes do início da manifestação, membros do Movimento Brasil Livre (MBL) foram até o Auditório da APEOESP provocar os manifestantes, que responderam com gritos de guerra em defesa da Palestina. Os lacaios do sionismo ainda contaram com a proteção da Polícia Militar paulista, convocada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ajudá-los. Isso, no entanto, também não foi o suficiente para cancelar o evento.

Acompanhe o Diário Causa Operária (DCO) e a transmissão feita pela Causa Operária TV (COTV) para mais informações sobre a manifestação:





