No último domingo (16), os bolsonaristas realizaram uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro. Participaram da manifestação, além do próprio Bolsonaro e sua esposa Michele, o atual governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, Jorginho Mello, governador de Santa Catarina e Mauro Mendes, do Mato Grosso, o presidente do partido PL, Valdemar da Costa Neto, outras personalidades da extrema-direita, como Nikolas Ferreira, Jorginho Melo, governador de Santa Catarina, Mauro Mendes, governador do Mato Grosso do Sul e Silas Malafaia, entre outros.
Prevalecia entre os presentes o pedido de anistia aos manifestantes do dia 8 de janeiro de 2023, o apoio à candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível pelo TSE e indiciado pelo STF, em 2026, e algumas falas sobre a liberdade de expressão política.
A manifestação gerou algumas interpretações e no que diz respeito ao quantitativo de presentes, com divergência entre os cálculos dos especialistas de sempre, apresentados pela imprensa e a Polícia Militar. A PM do Rio de Janeiro afirmou que o ato contou com mais de 400 mil pessoas, “sem registro de ocorrências”. Já o grupo de pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Monitor do Debate Político, coordenado por pesquisadores da USP e pela ONG More in Common, estimou 18,3 mil pessoas. Eles usaram como comparação a manifestação de 7 de setembro de 2022, também na praia de Copacabana, “quando calculamos 64,6 mil manifestantes”, afirmou o Monitor do Debate Político.
É fato que não havia as 400 mil pessoas alegadas pela Polícia Militar e que foi divulgado na propaganda bolsonaristas, mas também não se pode considerar um fracasso completo de público, como alegam alguns setores da esquerda.
Malabarismo
O jornal Esquerda Diário, por exemplo, publicou artigo de análise da atual etapa do bolsonarismo onde considera decrescente a mobilização bolsonarista. O esforço em diminuir as forças do bolsonarismo para além da realidade acaba com uma aparente iniciativa, em enxergar a ocasião como “oportunidade” para a esquerda se mobilizar. “A debilidade da extrema-direita em demonstrar força ativa nos atos públicos deveria ser uma oportunidade para a esquerda”. Um malabarismo para, no fim, propor ainda uma oposição ao governo Lula. “No entanto, a postura de setores da esquerda, como o PSOL, e das grandes centrais sindicais, que têm atuado como “guarda-costas” do governo de Frente Ampla, vão no sentido contrário dessa necessidade”, afirma o artigo.
Falta de senso
Embora reconheça que o bolsonarismo não está fora da jogada, a consideração de que é decrescente a mobilização bolsonarista sem levar em consideração o outro lado da balança revela uma falta de senso de proporção desses setores. Seria importante considerar o quanto a esquerda tem conseguido mobilizar e, principalmente, reconhecer que Bolsonaro apela para o que realmente importa, a mobilização popular.
Além disso, ainda não é possível afirmar que a posse de Donald Trump nos EUA não se refletiu em reforços para o bolsonarismo no Brasil.
O Esquerda Diário exalta ainda, este sim, fraco movimento contra a ditadura de Milei na Argentina, como exemplo. Até o momento a esquerda na Argentina foi incapaz de levantar a palavra de ordem de “Fora Milei”. As mobilizações esporádicas e dias de paralisações não abalaram minimamente a ditadura e a reação dos Aposentados reforçada com a participação das torcidas organizadas deu lugar à ampliação da ditadura no país vizinho.
A esquerda, o movimento sindical e popular, não pode contar com a perseguição judicial contra o bolsonarismo para se organizar e lutar contra a extrema-direita que da sua maneira tem se apresentado mais anti sistema, e por isso mesmo consegue mais popularidade que diversos setores da esquerda.